Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
05/12/2019 07h13
INOCENTES ÚTEIS

            Ao assistir o episódio 4 da terceira temporada da série Star Trek (jornada nas Estrelas), com o título Ciranda do Poder, onde a Enterprise (nave dos protagonistas) chega a uma colônia da Federação, onde os adultos todos mataram uns aos outros, mas as criança brincam sem cuidado e indiferente ao que está acontecendo, notei algumas falas interessantes que podem ser aplicadas a nossa realidade atual. Vejamos.

            - Cientista que deixou uma fita gravada com o que lhes aconteceram no planeta Triacus - Estou sendo influenciado a fazer coisas sem sentido. Cheguei a ponto de chamar o Comando da Frota Estelar para pedir uma nave para ser usada como transporte. Foi só quando não consegui dizer a eles o que queria transportar que comecei a perceber que minha mente estava sendo comandada. Decidi mandar um comunicado à Frota Estelar avisando-os. Que Deus nos perdoe. Devemos destruir a nós mesmos. O alienígena em nós. O inimigo interior. O inimigo!

            - Spock, 1º oficial – Ele não completou o registro e o comunicado nunca foi enviado. Exceto cenas em família, jogos e piqueniques com as crianças. Este é o registro completo. Seja lá o que os tenham dominados, deve tê-lo feito incrivelmente rápido. Do contrário o professor teria dado detalhes da experiência. Ele era um excelente cientista, incansável em busca da verdade.

            - Kirk, Capitão da Enterprise – Talvez isso o tenha destruído.

            - Spock – É possível, Capitão. O Mal tenta manter o poder escondendo a verdade.

            - Magro, Capitão Médico da Enterprise – Ou enganando os inocentes.

            - Kirk – Enganando os inocentes? Será que?...

            - Magro – Quer dizer que as crianças podem estar envolvidas?

            - Kirk – Sim, Doutor. Spock, o que sabemos da raça que viveu lá? -

            As crianças dominam a nave com o poder mental transferido pelo alienígena. Forçam o curso para Marcos XII onde de lá tentarão dominar e se expandir pelo universo. O Capitão Kirk resiste a hipnose reproduzida pelas crianças e ao lado de Spock fazem o enfrentamento das crianças tentando mostrar a verdade que eles não conseguem ver, com o embotamento afetivo que sintoniza apenas com o alienígena. Vejamos as últimas cenas.

            - Kirk – A Enterprise jamais vai chegar a Marcos XII. Não serão deixados lá.

            - Criança – A tripulação o fará. Eles acreditam.

            - Kirk – A tripulação não entende. Quando fizermos com que entendam como eu, eles não os levarão a Marcos XII.

            - Crianças, em uníssono – Eles vão! Eles vão! Eles vão!... Vamos seguir nosso amigo. Eles levarão!

            - Kirk – Seu amigo? Onde está seu amigo? Onde está o clandestino? Onde ele se esconde? Por que se esconde?

            - Criança – Ele virá se nós o chamarmos. O que não faremos. Não precisa. Não temos medo de você.

            - Kirk – Bom. Que bom que não têm medo de mim. Mas seu líder tem medo. De que ele tem medo?

            - Criança – Ele não tem medo de ninguém. Ele não tem medo de nada.

            - Kirk – Ele tem medo de ser visto e quando a tripulação vir e ouvir eles entenderão que ele não é um amigo e não o seguirão.

            - Criança – Ele é nosso amigo.

            - Kirk – Então, faça com que apareça. Tragam-no. Deixe-o provar que é meu amigo e eu o seguirei até Marcos XII e aos confins do universo.

            - Criança – Não!

            - Kirk – Sr. Spock, toque o cântico que as crianças cantaram para chamar o Gorgan.

            O 1º Oficial Spock coloca uma fita de áudio num aparelho de som da nave:

            “Salve, salve, fogo e neve. Chamem o anjo, aí vamos nós. Bem distante, os olhos não veem. Anjo amigo, venha para mim. Salve, salve, fogo e neve. Chamem o anjo, aí vamos nós. Bem distante, os olhos não veem. Anjo amigo, venha para mim.”

            Uma figura em trajes vistosos, de realeza, se torna visível. Kirk se aproxima.

            - Kirk – Chegou a hora de vermos as coisas como elas são. Venha.

            - Gorgan – Quem me chamou?

            - Kirk – Eu, Gorgan. Meu monstro, minha hipnose se foi. Perdeu sua força sob a luz da realidade. Estou de volta ao comando e ordenei que viesse.

            - Gorgan – Não, Capitão, eu comando. Meus seguidores são fortes e fiéis e obedientes. Por isso levamos o que é nosso onde quer que vamos.

            - Spock – Você tira vantagem de quem não o conhece.

            - Kirk – Mas nós o conhecemos.

            - Gorgan – Então sabe que devo vencer, Capitão.

            - Kirk – Não se nos juntarmos para combate-lo.

            - Gorgan – Tolice. Serão destruídos. Pediria que se juntasse a mim, mas é gentil e essa é uma fraqueza grave.

            - Kirk – Nós também somos fortes.

            - Gorgan – Mas sua força é anulada por sua gentileza. São cheios de bondade. Pessoas como você não podem ser mudadas. São como os pais. Devem ser eliminados.

            Kirk se afasta da imagem nebulosa de Gorgan e se aproxima das crianças.

            - Kirk – Crianças, tenho imagens de alguns de vocês em Triacus. Quero mostra-las. Querem vê-las? Sr. Spock, as imagens.

            - Gorgan – Eu o proíbo.

            - Spock – Por que deveria teme-las?

            - Gorgan – Não temo nada.

            - Kirk – Foi o que nos disseram. Spock, as imagens. As crianças estão esperando.

            Spock reproduz as imagens que encontrou no planeta Triacus, onde os pais brincavam com os filhos. As crianças veem as suas imagens com os pais e se mostram sorridentes, alegres. Deixam de fitar hipnoticamente a imagem de Gorgan. Logo depois surge a imagem dos pais mortos, suas sepulturas, as crianças choram.

            - Gorgan – Eles não nos ajudariam a seguir viagem. Eles estavam contra nós. Eles tiveram de ser eliminados.

            - Spock – O pai de Tommy o teria destruído, mas ele o reconheceu tarde demais.

            - Gorgan – E vocês também. Os bondosos sempre estão atrasados.

            - Kirk – Nem sempre, Gorgan. Não desta vez. Não pode esconder isso. Eles o veem como nós o vemos. Eles sabem o que você é. Mesmo as crianças aprendem.

            - Gorgan – Vocês serão meus generais do futuro. Juntos recrutaremos exércitos de seguidores. Vão para os seus postos. As primeiras grandes vitórias estão chegando. Vocês verão. Temos milhões de amigos em Marcos XII. Vamos exterminar todos que se opuserem a nós. Nossa pureza de intenções não pode ser contaminada por quem não concorda, não vai cooperar ou não entende. Eles devem ser aniquilados.

            - Kirk – Não tenham medo. Olhem ara ele. Sem vocês, crianças, ele não é nada. O Mal permanece dentro dele.

            Enquanto a imagem de Gorgan se deteriora, cai aos pedaços como feridas pútridas no rosto, e a voz arrogante e agressiva ainda se faz ouvir.

            - Gorgan – Eu os ordeno! Eu os comando!  Aos seus postos! Cumpram seus deveres ou eu os destruirei. Vocês serão colocados de lado, aniquilados para darem espaço para os fortes.

            - Kirk – Olhem como ele é feio. Olhem para ele e não tenham medo.

            - Gorgan – Morte, morte a todos vocês. Morte para todos. Morte para todos...

            A imagem se desvanece dentro da nave e a hipnose coletiva termina, todos os tripulantes olham a realidade como ela é. As crianças choram e o médico de bordo surgem e fica contente com o que ver...

            - Magro – Eles estão chorando, Kirk. Não sei como aconteceu, mas é bom ver isso. Agora está tudo bem. Podemos ajudar.

            - Navegador – Marcos XII bem à frente, Senhor.

            - Kirk – Inverter curso, Sr. Sulu.

            - Sulu – Sim, senhor.

            Não pude deixar de fazer comparação da nave Enterprise com o nosso país, o Brasil. Também fomos tomados por uma inteligência maligna que nos hipnotizou e tomou conta da nossa administração nacional, manipulando consciências infantis, cooptando aquelas que aceitavam suas iniquidades e eliminando a quem mostrasse oposição. Felizmente, também tínhamos entre nós um Capitão que resistiu ao encantamento, mostrou a realidade aos inocentes úteis, como era a verdadeira natureza do mal, terminando com o controle mental sobre a maioria da população que o elegeu e mudando enfim, a rota do nosso país.

            Convido a todos para assistirem esse episódio e confirmarem a estranha coincidência de um roteiro ter sido feito em 1968, 51 anos, representar tão bem a situação política do nosso país, inclusive com a idade da série também se aplicando a um dos hábitos de nossa estranha criatura que hipnotizou a nação.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 05/12/2019 às 07h13