Jesus pouco falou sobre o sexo, mas certamente, por seus princípios, ele não endossava o adultério ou a promiscuidade. Adultério no sentido de fugir aos compromissos conjugais assumidos por ocasião do casamento, na base do engano, traição do companheiro(a). Essa é a essência da condenação feita por Jesus, entendida dentro da racionalidade e coerência: seria o engano e a traição. Com a promiscuidade, a essência da condenação de Jesus seria um sexo indiscriminado sem respeito ou cuidado com o(a) parceiro(a). Mas será que o sexo fora do casamento, ou ter vários(as) parceiros(as) poderia passar positivamente pelo crivo de Jesus? Acredito que sim, e defenderei minha opinião.
Se o homem casa com a mulher, e ambos aceitam a possiblidade de existir sexo fora do casamento, tanto para um quanto para o outro, então se perde a essência da condenação sobre o engano ou traição. Da mesma forma, se a pessoa consente em ter vários(as) parceiros(as), embasados na aceitação mútua do livre arbítrio, na sensibilidade afetiva que ambos possuem para a realização do ato íntimo, e no prazer construtivo tanto para um quanto para o outro, dentro do respeito e cuidado com o(a) amante, mais uma vez a essência pela qual Jesus condenava essa atitude, se perde: a falta de respeito ou de cuidado com o(a) outro(a).
Dessa forma, justificado o sexo fora do casamento e sexo com vários parceiros(as) sem a essência da condenação divina, veremos que dar o mesmo nome, adultério e promiscuidade não se aplica mais.
A origem da palavra adultério vem da expressão latina “ad alterum torum” que significa “na cama de outro(a)”. O termo adultério pode ser usado tanto para definir a infidelidade em um relacionamento entre dois indivíduos quanto, em sua forma verbal ou adjetiva, para se referir a algo que foi “fraudado” ou “falsificado” (adulterar/ adulterado). Se os dois indivíduos casados, os cônjuges, combinam a possibilidade de estar na cama com outro(a), o termo perde a significação de infidelidade, de fraude, falsificação, engano ou traição. Portanto, merece ser substituído.
A promiscuidade é entendida como uma mistura desordenada, confusa entre as pessoas que se relacionam sexualmente, como libertinos ou indistintos, que se destaca pela imoralidade, pela prática de maus costumes sejam eles na vida particular ou na vida pública. A promiscuidade sexual é caracterizada pela constante troca de parceiros, com pessoas diversas com esse perfil. Caso mude o perfil, os parceiros podem ser diversos, mas agora com base na afetividade, no respeito mútuo, na segurança, na discrição, sem afetar a moral pública, então, acredito, que devamos procurar outro nome para designar esse comportamento. Isso hoje está bem definido nos relacionamentos abertos onde duas pessoas estão envolvidas, mas abertas para outros relacionamentos paralelos em sintonia com o Amor Incondicional. Acredito que esta seja uma forma de diminuir a força do egoísmo dentro da família nuclear, ampliando os afetos em busca da família universal e da construção social do Reino de Deus entre nós.
Eis o que penso sobre essa questão, que certamente irá desencadear muitas críticas dos moralistas de plantão, com todo o respeito. Espero estar pronto para rebatê-las com argumentos lógicos sem fugir dos princípios cristãos.