Meu Diário
10/01/2020 00h34
TRABALHO DIFÍCIL

A série “Messiah” que passa na Netflix, traz em seu 7º episódio, temporada 1, um diálogo interessante que se passa no apartamento de um hotel onde Al-Masih, o pretenso Messias, se encontra monitorado pelas forças de segurança. O diálogo é entre uma jovem, Eliana, que se aproxima sorrateiramente com a desculpa que está doente e precisa ser curada. Entra no tema da sexualidade com importância para nossa reflexão.

            E – Oi. Desculpe, não queria incomodá-lo tão tarde. Ouvi falar que ajudou uma menina hoje. Que você a curou. Estou doente. Muito doente.

            Al-Masih abre passagem para ela entra no seu apartamento.

            E – Aqui é bem legal.

            M – Você não é daqui.

            E – Da capital? Washington? Alguém é daqui? Curou mesmo aquela garotinha?

            M – Acredita que sim?

            E – Sim. Eu estava lá. No Mall. Vi o que você fez. Quando estava olhando para você, senti algo dentro de mim. Aqui, como... um calor. Acho que muita gente sentiu. Você nos tocou a todos nós. Senti que me tocava. Fiquei nervosa vindo aqui, mas agora que estou aqui, é como se a sala estivesse cheia de você, do seu poder.

            Ela se aproxima da cadeira onde ele está sentado e beija sua mão.

            E – Você é cheiroso.

            M – o que acha que vai acontecer agora?

            E – Quero que me cure.

            M – Como?

            E – Isso não é com você?

            M – Acha que vamos transar?

            E – Eu quero. Sim.

            M – E como isso vai curá-la?

            E – Só quero estar perto de você.

            M – Você não sabe como estar perto.

            E – Achei que estávamos bem.

            M – Há tanta vergonha em você.

            E – O que?

            M – Você tem um trabalho difícil. Carregar o fardo dos homens, guardar seus segredos, dizendo o que querem ouvir, enquanto os deixa tocá-la. Você diz a si mesma que não importa, mas sua alma se rebaixa a cada dia. Todo dia você morre um pouco mais.

            E – O que faço com meu corpo é problema meu. Não é decisão de ninguém. Com certeza não sua.

            M – Vir aqui foi decisão sua? Então, vamos parar de fingir. Você veio aqui hoje porque alguém pagou. Mas você poderia ter recusado o dinheiro. Não foi só por isso que veio. Foi? Pronto. Aí está você. Agora eu vejo você. Como pode ser a pessoa que Deus planejou se não é honesta sobre quem é? Diga o seu nome. Seu nome verdadeiro.

            E – Eliana.

            M – Eu amo você. Eu amo você, Eliana. Eu amo o que é eterno em você.

            E – Eles me pagaram.

            M – Eu sei.

            E – Desculpe. Eu não quis...

            M – Eu sei. Acho que alguém está nos observando agora.

            E – Desculpe. Tenho que ir embora.

            M – Deus ama você.

            O policial que estava na escuta retira os fones de ouvido, admirado. Ele alcançou o conteúdo da mensagem e ficou impactado. Como uma pessoa administra tão bem os impulsos sexuais que possuem tão grande força e em nenhum momento ele tenta provar os desejos da carne que estão ali à sua disposição? Como agir com tanto carinho com uma pessoa que estava ali para lhe enganar? Como procurar entender a alma dessa pessoa e procurar dizer as palavras de conforto e orientação quanto o seu trabalho e o benefício que presta aos homens? Como não procurar saber a fonte do mal que queria lhe prejudicar?

            São todas essas questões que permaneciam na mente do policial e permanecem na nossa agora, sem uma resposta acadêmica, racional. Somente uma força vinda do campo espiritual, ligada a divindade, pode dar essa energia a quem se capacita para recebe-la de devolvê-la entre as pessoas que considera como irmãos.


Publicado por Sióstio de Lapa em 10/01/2020 às 00h34


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr