A mulher garrida assemelha-se a um pássaro engaiolado que pelo canto, atrai as outras aves para junto de si. Ela atrai os homens cujos corações se dilaceram contra as grades que a prendem. Podemos lamentar mais a ela do que aos homens que ela atrai, pois ela está reduzida a um tipo de cativeiro pela estreiteza de ideais e pela aridez do seu coração. Sapateia na obscuridade de sua consciência, sem jamais ver luzir o sol do amor, que só irradia para as almas generosas e dedicadas. Pelo contrário, ela é inimiga do amor, ela mata ou o que é pior, o amesquinha. É mais difícil para ela sentir o amor do que inspirá-lo. Todos os homens se inquietam e perscrutam o coração desejado, mas têm que primeiro examinar se esse coração possui o tesouro desejado, a pureza do amor e não simplesmente uma ocasião de usufruir do prazer sexual.
Prestemos bem atenção, o amor não é a sensualidade do amor próprio que a mulher garrida pode oferecer. A garridice não é sedução para uma alma elevada. Quando percebermos que isso está acontecendo, devemos censurar e cercar de dificuldades essas frágeis ligações amparadas no egoísmo, vergonhosa permuta de vaidades, de ganancias, avareza, misérias de toda sorte.
O amor fica alheio a essas coisas. Pode até contribuir enquanto não perceba a garridice, quando ainda imagina que o ato de amor que o homem pode oferecer não está sendo captado pela garridice da mulher. Da mesma forma que o raio não fica maculado pelas imundícies que ilumina, o amor não fica maculado pela garridice de quem o atrai.
Insensatas são as mulheres que não compreendem que sua beleza e sua virtude representam o amor na sua essência, no esquecimento dos interesses pessoais e na transmigração da alma que se entrega fraternalmente ao ser amado.
Deus abençoa a mulher que carrega o jugo do amor e repele aquela que fez desse precioso sentimento um troféu à sua vaidade, uma distração à sua ociosidade, um recurso para sua necessidade ou uma chama carnal que permite consumir o corpo deixando vazio o coração.