Como o rio nasce dos seus afluentes e corre pela terra, crescendo e fertilizando, assim também são as energias da libido. Quando chega a época da puberdade, que os hormônios geram a necessidade da reprodução, forças energéticas biológicas comandadas pelos instintos, começam a fertilizar cada célula do organismo, com reprodução a nível mental na forma de desejo sexual.
Esses afluentes biológicos são disparados automaticamente, e parece ter duas origens: uma delas, a mais potente, se origina das instâncias mais antigas do sistema nervoso central, certamente à nível do Tronco Encefálico, nas imediações dos núcleos automáticos que fazem a manutenção da vida, que funcionam sem a nossa participação racional, voluntária. Essa energia instintiva não tem preocupação ética, ela procura sentir o prazer orgástico em situações as mais impróprias ou bizarras, incluindo a pornografia. A pessoa deve demandar grande esforço para conter essas energias libidinosas ancestrais, com os recursos das áreas mais recentes do cérebro, principalmente à nível de região pré-frontal. É nesta região que se origina as energias correspondentes ao superego, identificado e desenvolvido por Freud. O duelo que se realiza na mente, no espaço egóico, onde as forças instintivas do Id fortalecem os desejos libidinosos que se manifestam no Ego, devem sofrer o freio representado pelo Superego. Observamos que na maioria das pessoas, as forças egóicas potencializadas pelo Id, vencem o bloqueio do Superego e a pessoa passa a dar realidade aos seus desejos, por mais impróprios que sejam. Exemplo disso é o pai que abusa da filha, um sacerdote que viola uma criança e a tão comum infidelidade conjugal.
Além desse primeiro e mais forte afluente para as correntes libidinosas no corpo e na mente, temos um segundo afluente. Este é menos potente, mas traz uma forte gratificação ética e emocional. É aquela energia libidinosa que surge das regiões corticais associadas as áreas do Sistema Límbico. Não é tão rápida quanto os afluentes que vêm das regiões instintivas. Nas regiões corticais onde estão situadas as críticas, deliberações, julgamentos prós ou contras, nascem as simpatias que geram amizades e que chega até o amor, com desejo sexual, viável ou inviável. Nesta região, o córtex cerebral faz o devido armazenamento dos argumentos sociais que representam o Superego, ao mesmo tempo que faz conexões com o Sistema Límbico, a sede das emoções, e que, por sua vez, também tem suas conexões com o Id, a porção instintiva do cérebro.
Os afluentes libidinosos que se originam do córtex cerebral e sistema límbico, vem com a túnica do amor romântico. Existe maior grau de respeito na relação, no cuidado de um com o outro parceiro. Mesmo que a relação sexual sempre seja o objetivo final da relação, não é obrigatório que ele sempre exista. Tem ocasiões onde um dos parceiros percebe o prejuízo ético que a relação sexual pode trazer, podendo prejudicar um dos parceiros, e dessa forma a relação sexual fica impedido, o que dificilmente ocorreria com as energias que se originassem das forças instintivas.
O caminho evolutivo que estamos seguindo é o de fortalecer cada vez mais as forças éticas do superego e conduzirem os diversos níveis de relacionamento onde as forças libidinosas são predominantes.