Meu Diário
28/03/2020 00h27
APROXIMA-SE O REINO

            Encontrei um texto na Revista Espírita, ano VIII, de 1865, num artigo com o título Instruções dos Espíritos (Sociedade Espírita de Antuérpia) que faz uma boa conexão com o tema que estamos desenvolvendo nestes últimos dias. Vejamos: 

            Aproxima-se o reino do Cristo; os precursores o anunciam; as guerras surdas aumentam; os Espíritos encarnados se agitam ao sopro impuro do príncipe das trevas: o demônio do orgulho, que lança seu fogo, semelhante a cratera de um vulcão em atividade. O mundo invisível levanta-se ante a cruz; toda a hierarquia celeste está em marcha para o combate divino. Espíritas, erguei-vos; dai a mão aos vossos irmãos, os apóstolos da fé, a fim de que sejais fortes perante o exército tenebroso que vos quer engolir. Curvai-vos diante da cruz: é a vossa salvaguarda no perigo, o penhor da vitória. A luta está recheada de perigos, não vo-lo escondemos; mas os combates são necessários para tornar mais retumbante e mais sólido o triunfo da fé, e para que se cumpram estas palavras do Cristo: as portas do inferno não prevalecerão contra ela.

            O homem só é bastante forte quando sente a sua fraqueza; tudo pode empreender sob o olhar de Deus. Sua força moral cresce em razão de sua confiança, porque sente necessidade de dirigir-se ao Criador para por sua fraqueza ao abrigo das quedas a que a imperfeição humana o pode arrastar. Aquele que põe sua vontade na de Deus pode enfrentar impunemente o Espírito do mal, sem se julgar temerário. Se o Ser Supremo permite a luta entre o anjo e o demônio, é para dar a criatura oportunidade para triunfar e sacrificar-se nos combates. Quando São Paulo sentiu vibrar em si a voz de Deus, exclamou: “Tudo posso naquele que me fortalece”. E o maior pecador tornou-se o mais zeloso apóstolo da fé. Abandonado á fraqueza de sua natureza ardente e apaixonada, Santo Agostinho sucumbe; torna-se forte aos olhos de Deus, que sempre dá forças a quem pede para resistir ao mal. Mas, em sua cegueira, o homem julga-se poderoso por si mesmo e, deixando de recorrer a Deus, cai no abismo cavado pelo amor-próprio. Coragem, pois, porquanto, por mais forte que seja o Espírito que barra o caminho, apoiado na cruz nada tendes a temer; ao contrário, tereis tudo a ganhar para a vossa alma, que crescerá sob o raio divino da fé. Deixai-vos conduzir através das tempestades e chegareis ao termo de vossa marcha, onde Jesus vos espera.  

            Essa mensagem traz um certo alívio á minha consciência, pois percebo a minha fraqueza na condução de um projeto espiritual. O exemplo se Santo Agostinho, de só se tornar forte aos olhos de Deus quando reconhece em si a sua fraqueza, parece com a minha condição. Só que ele colocou o pé na estrada e cumpriu a missão que podia realizar. Enquanto eu, fico aqui, a conversar, teorizar, e a missão que posso realizar não sai do papel... até quando?


Publicado por Sióstio de Lapa em 28/03/2020 às 00h27


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr