Consenso se entende como concordância ou uniformidade de opiniões, pensamentos, sentimentos, crenças, da maioria ou da totalidade de membros de uma coletividade. Esse consenso pode ter uma falsa premissa que leve prejuízo á comunidade, mas como os membros não conhecem, correm o risco. A ciência é a instituição capacitada para descobrir a verdade no meio da ignorância e corrigir os consensos perigosos. Mas existe uma tendência de ser ouvida a ciência para se liberar ações entendidas como benéficas, que não trazem prejuízos e sim benefícios, mas como a ciência ainda não se manifestou, alguns gestores ficam intimidados em aceitar tais procedimentos como benéficos e de uso permitido. Vejamos o que acontece nesta pandemia que assola o Brasil, segundo o jornal virtual Brasilsemmedo (BSM), num documento redigido pelo professor Marcos Eberlin (PhD) e coassinado por 30 cientistas de diversas áreas em defesa do uso da hidroxicloroquina em pacientes não-graves de Covid-19. Os signatários da carta, todos ligados ao movimento Docentes Pela Liberdade (DPL), somam mais de 60 mil citações em publicações científicas internacionais. Vejamos o texto:
O Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, desaconselha o uso da (hidroxi)cloroquina ou sua associação com azitromicina (HCQ + AZT) para doentes não-graves, e justifica sua decisão pela “falta de consenso científico”. “Ciência, ciência, ciência, seguimos a ciência!”, proclama o Senhor Ministro, soando, para muitos, como culto e prudente. Porém, ele está equivocado!
Pois o que seria essa ciência que o Ministro afirma seguir? E haveria tempo suficiente para esperar por uma resposta, definitiva e consensual, de uma comunidade científica? E quem falaria, de fato, em nome dessa ciência consensual, para anunciar o seu veredito?
Sou um cientista, químico e bioquímico, e já atuei em várias áreas da medicina e de análises clínicas. Meu grupo desenvolveu um método inovador e rápido de diagnóstico de zika. Minha filha — Lívia Eberlin — desenvolveu uma caneta para diagnóstico seguro de câncer e, juntos, trabalhamos em um método rápido de diagnóstico para o coronavírus. São dados obtidos nesta semana, e, se tais dados forem confirmados, teremos algo muito inovador a oferecer pela ciência. Atuo em ciência há mais de 40 anos, coordenei um grupo de pesquisas com mais de 55 doutores e pós-doutores, já orientei mais de 200 deles, e publiquei mais de 1.000 artigos científicos com quase 25 mil citações. Desculpe a falta de modéstia, mas se ciência é a questão aqui, tenho que dizer que sou um dos cientistas brasileiros mais produtivos da ciência brasileira contemporânea. Atuo, também, em uma área da ciência que estuda nossas origens, na qual uma teoria é apresentada como pleno consenso científico; entretanto, mesmo em meio a este “consenso”, ainda reinam mais dúvidas do que certezas. No fundo, nós cientistas só sabemos que quase nada sabemos! Mas se um pouco sabemos, que usemos este conhecimento já, aqui e agora!
Com a autoridade científica que meus feitos me outorgam, não tenho dúvidas em declarar que o Senhor Ministro da Saúde, Henrique Mandetta, se equivoca tremendamente ao clamar por consenso científico nas atuais circunstâncias.
Consenso, não raro, diz respeito a políticos. Mas como afirma Richard Feynman, um dos maiores físicos e filósofos da atualidade: “A ciência é a cultura da dúvida”. Jamais teremos certeza consensual em ciência! É evidente que o acúmulo de muitos dados ao longo de vários anos de pesquisas pode certificar algumas hipóteses e derrubar outras, provisoriamente. Mas a dúvida sempre persistirá. E é preciso que persista a fim de que a própria ciência avance e se aperfeiçoe.
Portanto, exigir consenso científico e que cientistas em suas sociedades científicas se reúnam e cheguem em uma posição consensual, em meio a uma pandemia, é revelar temor em agir num momento premente como o que vivemos. Para a cloroquina no tratamento do Covid-19, pedir consenso de seres por natureza céticos e questionadores é solicitar o impossível, para justificar uma omissão. É ignorar as evidências que já temos em nome de muitas evidências que até poderão surgir, porém, tarde demais; quem sabe depois da morte de muitos. É se negar a desviar o Titanic, enquanto se espera um consenso sobre se a mancha no radar é mesmo um iceberg à frente.
Em Portugal, por exemplo, médicos do Ministério da Saúde adotaram o HCQ + AZT para tratar o Covid-19, tomando essa decisão com pouco mas expressivo embasamento científico, frente aos resultados do primeiro estudo do professor Didier Raoult e seu numeroso grupo de pesquisadores e de especialistas do Instituto Ricardo Jorge (onde há pesquisadores com elevada produção científica que estudam a malária e outras doenças tropicais), e do Instituto de Medicina e Higiene Tropical da Universidade Nova de Lisboa.
Os portugueses esperaram por consenso científico? De duas sociedades científicas? Pediram estudos clínicos multicêntricos com duplo cego envolvendo um número de casos cientificamente válido? Evidentemente que não! Seria um contrassenso imenso insistir em exigir coisas assim numa hora como esta! Pois estudos desta natureza seriam demorados demais (pelo menos 12 meses), e o vírus que enfrentamos não tem clemência por temerosos e retardatários. Pior, estudos com esta metodologia são difíceis de serem aplicados em doenças infecciosas, pois colocariam em risco a vida dos participantes nos grupos de controle e/ ou de placebo. Na verdade, nem sequer seriam aprovados em muitos Comitês Científicos de Ética.
Os portugueses, caro Ministro Mandetta, foram bravos, corajosos e plenamente científicos. Usaram as evidências empírico-científicas de que dispunham e não hesitaram: agiram, rapidamente, pois era hora. Siga esse protocolo de sucesso!
Descartar um tratamento com baixo risco e com potencial para salvar muitas vidas, mesmo que possa até não funcionar, dar empate, é uma atitude moralmente inadmissível! E, por que não, cruel.
Argumentos sobre a não cientificidade do uso de HCQ + AZT, ou, que devemos usá-las somente após ser declarado esse um consenso científico ignoram o que é ciência, como se constroem consensos científicos, sua efetividade em muitos casos, é verdade, mas, outrossim, suas inegáveis limitações, em outros.
Seria muito bom conhecer mais, se tempo tivéssemos, mas os dados disponíveis atualmente clamam com veemência pelo uso da cloroquina, e já!
E quais seriam estes dados?
A favor da HCQ + AZT temos:
1. A cloroquina já é usada há décadas, conhecemos as dosagens, as suas contraindicações.
2. Africanos a tomam todos os dias, e missionários na África são aconselhados a tomar doses diárias. Muitas vidas na África talvez sejam salvas por essa “feliz coincidência”.
3. Não há relatos científicos de muitas mortes ou sérios efeitos colaterais pelo uso da HCT.
4. Vários estudos fervilham no Brasil e no mundo mostrando sua eficácia. A Prevent os tem aplicado preventivamente em centenas de seus pacientes idosos, com muito sucesso. Uma pesquisa na literatura científica (sciFinder e outros) sobre a HCT retorna muitos registros de seu efeito antiviral, inclusive no tratamento de zika.
5. Um dos maiores especialistas em epidemias no Brasil, entre eles um pesquisador sênior e altamente produtivo e respeitado, o Dr. Paolo Zanotto, aconselha fortemente seu uso.
6. O pior efeito colateral é a morte, e este efeito colateral ronda milhares no Brasil pelo não uso da HCQ+ AZT!
7. Vários médicos têm feito uso próprio da HCQ + AZT, em casos “brandos”, inclusive o coordenador da equipe de Governador Dória em SP, o Dr. David Uip. Por que para ele pode, e para o povo, não pode? Um amigo meu, biólogo e cientista, consultou seu médico, tomou e sarou, em poucos dias.
Contra temos:
1. A falta de consenso científico.
Ou seja: é uma goleada cientifica de 7 a 1 a favor da cloroquina ou da dupla HCQ+ AZT.
Caro Ministro, ciência é o pesar das evidências que temos, aqui e agora. É agir hoje, com coragem e esperança.
Errar é humano, mas errar por esperar consenso científico é isenção hedionda, pois o inimigo já derrubou as nossas muralhas e está a ceifar as vidas de nossas mulheres e filhos.
Há relatos de pobres morrendo clamando pela cloroquina! Pois os ricos e poderosos, como o Dr. Uip, estão sendo todos tratados por seus médicos particulares com HCQ + AZT, e, por um motivo qualquer que ainda me é obscuro, negando-se a revelar a receita da cura. Médicos não abandonam seus pacientes, e também não lhes negam a receita!
Mas ainda há tempo e esperança. E, Senhor Ministro, estou certo de que tomará a decisão correta.
Não corra o risco de ter sobre vossa consciência o peso da morte de centenas ou milhares de pessoas que poderão morrer sem sequer ter a chance de testar a terapia. Seja corajoso, seja científico! Autorize o uso da ciência que temos aqui e agora, a ciência de hoje!
Ministro: se errar, erre tentando, empatando! Mas se acertar, acerte ganhando, salvando vidas!
*******
Coassinam esta carta os seguintes cientistas:
NOME
Instituição
Marcelo Hermes Lima
Universidade de Brasília
Aguimon Alves da Costa
Universidade Cândido Mendes
Alexandre Barbosa Andrade
Universidade Federal de Ouro Preto
Amilcar Baiardi
Universidade Católica de Salvador
Bruno Lima Pessoa
Universidade Federal Fluminense
Carlos Adriano Ferraz
Universidade Federal de Pelotas
Carlos Prudêncio
Instituto Adolfo Lutz
Cesar Gordon
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Cláudio Antônio Sorodo Días
Universidade Federal da Grande Dourados
Eduardo Gonçalves Paterson Fox
sem filiação
Elvis Böes
Instituto Federal de Brasília
José Carlos Campos Torres
Universidade Estadual de Campinas
Laércio Fidelis Dias
Universidade Estadual Paulista
Leonardo Vizeu Figueiredo
Escola da Advocacia-Geral da União
Maira Regina Rodrigues Magini
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Marcio Magini
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Milton Gustavo Vasconcelos Barbosa
Universidade Estadual do Piauí
Ney Rômulo de Oliveira Paula
Universidade Federal do Piauí
Pablo Christiano Barboza Lollo
Universidade Federal da Grande Dourados
Pedro Jorge Zany P. M. Caldeira
Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Rodrigo Caiado de Lamare
PUC-RJ e University of York
Ronaldo Angelini
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Rosevaldo de Oliveira
Universidade Federal de Rondonópolis
Rui Seabra Ferreira Junior
Universidade Estadual Paulista
Luís Fabiano Farias Borges
CAPES
Jane Adriana Ramos Ottoni de Castro
Universidade de Brasília
Martinho Dinoá Medeiros Júnior
Universidades Federal de Pernambuco
Marcos N. Eberlin
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Marcus Vinicius Carvalho Guelpeli
Univ. Fed. dos Vales Jequitinhonha e Mucuri
José Roberto Gomes Rodrigues
Universidade do Estado da Bahia
Excelente atitude destes cientistas brasileiros, desmistificando uma auréola de poder da ciência sobre o consenso, a lógica, a coerência... não é que a ciência seja a culpada, ela é uma ferramenta para ser usada com lógica e coerência, mas os homens que a usam as vezes ficam hipnotizados por seu charme e esquecem de ver as experiências positivas da coletividade que não trazem o jargão científico.
O mesmo acontece com a auto-hemoterapia, um procedimentos usado por tanto tempo e por tantas pessoas com tantos benefícios, formando um consenso popular, mas como não tem o consenso científico, foi proibido pelos gestores da saúde publica brasileira. Agora, nós, sabedores do procedimento e da sua utilidade, temos que usar de forma clandestina, ate que esses interventores do consenso popular consigam construir um consenso científico. Esquecem todos esses gestores, que no campo da medicina, por mais que respeitemos a ciência, a nossa profissão é uma arte, onde uma simples caneta bic na garganta ou um choque elétrico na cabeça pode salvar vidas, sem a necessidade do consenso científico.
Afinal, na corrida contra a morte, nós médicos somos os técnicos que apontamos caminhos e oferecemos o que de melhor pode ajudar, dependente ou não de consensos, mas usando a consciência, com lógica e coerência, como árbitro.