Da mesma forma que Constantino esqueceu seu compromisso reencarnatório e procurou envolver as lições do Evangelho nos seus projetos pessoais de manutenção do poder, a quase totalidade da massa humana em qualquer agrupamento social, iremos ver essas mesma características individualistas ao nosso redor, em qualquer localidade, até mesmo dentro do clero.
Vejamos o que dizia o senado por ocasião da vitória e sua entrada triunfal em Roma:
Inscrição na parte sul do Arco de Constantino
Constantino recebia de presente em memória à sua vitória um Arco triunfal dedicado pelo senado que fora oficialmente aberto em 25 de julho de 315, com cerimônias que envolveram sacrifícios a Apolo, Diana, Hércules, etc. Localizava-se entre o Palatino e o Célio, sobre a chamada Via Triunfal. Ele estava cuidadosamente posicionado de modo a alinhá-lo com a estátua colossal do Sol construída por Nero (r. 54–68) e situada no Coliseu. Dentre os relevos contidos no monumento há imagens representando a deusa Vitória, ao mesmo tempo que não há quaisquer elementos da imagética cristã, embora isso possa ser um ato deliberado do senado, que era pagão. Nele ainda há uma inscrição, exposta nos lados norte e sul, na qual associa-se a vitória à intervenção divina:
imp · caes · fl · constantino · maximo · p · f · avgusto · s · p · q · r · qvod · instinctv · divinitatis · mentis · magnitvdine · cvm · exercitv · svo · tam · de · tyranno · qvam · de · omni · eivs · factione · vno · tempore · ivstis · rempvblicam · vltvs · est · armis · arcvm · trivmphis · insignem · dicavit
Ao imperador César Flávio Constantino, o maior, pio, [e] afortunado, o Senado e povo de Roma, por inspiração [de uma] divindade e sua própria grande mente com seus justos exércitos [derrotou] o tirano e sua facção numa batalha legítima [e] vingou a república, dedicou este arco como um memorial para sua vitória militar.
Observamos que há todo um clima de respeito e aceitação pela vitória, inclusive com uma participação divina, mas ligadas aos deuses pagãos, muito longe do cristianismo. Constantino coloca o cristianismo em destaque visando o fortalecimento do seu poder, desde a batalha realizada e vitoriosa. O compromisso reencarnatório de melhorar a situação dos cristãos e a divulgação do Evangelho, foi feita de forma distorcida cujos efeitos se estendem até os dias de hoje.
Por outro lado, Constantino ao voltar ao mundo espiritual, cheio de erros de conduta, inclusive como autor da morte do filho e da esposa, justamente pelo extremo apego ao poder que desenvolveu. Este foi o “calcanhar de Aquiles” de Constantino, o Poder.
Essa é a nossa problemática reencarnatória. Mesmo saindo do mundo espiritual para o material, com programa a ser cumprido e disso tendo bastante consciência, uma vez dentro do corpo biológico, esquecido dos compromissos espirituais, passa a prevalecer os valores materiais bem caracterizados pelos sete pecados capitais (ira, luxúria, preguiça, gula, inveja, vaidade, orgulho). No caso de Constantino, foi desviado pelo orgulho e vaidade, associados do poder. No meu caso, a preguiça em primeiro lugar, a gula em segundo. Meu espírito tenta combater esses dois gigantes na arena mental, mas, confesso, as derrotas são mais constantes que as vitórias. Não posso criticar Constantino, pois não estou muito distante dele, no sentido de desvio dos compromissos espirituais. No meu caso talvez o caso seja mais grave, pois eu tenho a consciência espiritual que ele não tinha.