Foi tão forte a influência do Estado sobre a Igreja que justificou o conceito de Cesaropapismo. O chefe de Estado, o César, tinha a competência de regular a doutrina, a disciplina e a organização da sociedade cristã, que deveria ser papel do Papa. Exercia as funções imperiais e pontificiais que é o traço característico do Cesaropapismo, a subordinação da Igreja ao Estado.
A ideologia do cesaropapismo assenta-se na ideia imperial política bizantina de querer usurpar a autoridade conciliar e o poder papal sobre a Igreja, na qual a política secular e religião são entidades indissolúveis em que o sagrado é parte do temporal, de que o Imperador ("chefe de Estado") é chefe da Igreja.
O cesaropapismo tem suas origens na concepção romana do poder imperial. Desde Augusto (27 a.C. - 14 d.C.), o imperador era o chefe da religião romana. O culto imperial unia a comunidade dos habitantes do Império Romano em torno de orações pelo imperador, o que incluía cerimônias de sacrifícios. A lealdade política e a fé religiosa estavam ligadas, de modo que aqueles que recusam o culto imperial, como os cristãos, eram vistos como inimigos de Roma.
Paulo de Tarso, por meio da Epístola aos Romanos, determinou que as comunidades cristãs respeitassem as autoridades. Desse modo, os fiéis passaram a orar pelo imperador, considerado um instrumento da vontade divina. Mas os cristãos se recusam a adorar os imperadores, vivos ou mortos.
Em 313, o imperador Constantino decretou o Édito de Milão, que concedeu liberdade de culto ao cristianismo. Esse fenômeno levou Eusébio de Cesareia a descrever Constantino como protegido, amado e amigo de Deus, dotado de piedade e virtudes e que, como servo, fora usado para salvação geral ao ganhar os troféus da vitória sobre os ímpios.
A partir da conversão de Constantino, a Igreja passou a ser favorecida, mas foi colocada em situação de sujeição. Constantino passou a intervir em todos os assuntos da Igreja, convocando e presidindo conselhos, e ditando fórmulas de fé. As decisões conciliares passaram a ser apoiadas por leis imperiais. Constantino afirmava que a providência divina atuava em conjunto com ele, razão pela qual, como representante de Deus na terra, suas decisões seriam sagradas. Como resultado, para ele as decisões religiosas estariam sob sua autoridade. Por outro lado, esse entendimento foi regularmente contestado por dissidentes religiosos e por aqueles que questionam a fé pessoal do Imperador.
Nesse contexto, Constantino convocou o Primeiro Concílio de Niceia, em 325, para solucionar a questão do arianismo. Esse processo de confusão entre o poder temporal e espiritual se acentuou, como consequência, qualquer ataque à Igreja passou a ser equivalente a uma traição a Roma, o que gerou perseguições contra os judeus, praticantes de outras religiões e cristãos dissidentes. A heresia passou a ser um crime passível de ser julgado pelos tribunais civis do Império.
Em 27 de fevereiro de 380, o cristianismo se tornou a religião oficial do Império Bizantino, por meio de Decreto do Imperador Teodósio I (Igreja estatal do Império Romano). A Queda do Império Romano do Ocidente interrompeu o processo de controle da Igreja pelo Estado no ocidente.
O imperador fazia valer seu poder sobre a Igreja emanando normas, sancionando decretos dos concílios ecumênicos, convocando os tribunais eclesiásticos e determinando sua competência, cuidando da exata aplicação das leis canônicas, controlando a correta administração dos bens da Igreja, nomeando os titulares dos ofícios eclesiásticos (patriarca, arcebispos, bispos, abades). No Ocidente, a Igreja tinha a obrigação de informar ao imperador ou a seu representante na Itália, o exarca (autoridade bizantina representante do imperador) de Ravena, o nome do papa eleito (quase sempre gregos ou sírios de nascimento), além de pagar um tributo correspondente.
No período compreendido entre a fim do Império Romano do Ocidente (476) até o século VIII, os imperadores bizantinos nomeavam os patriarcas dentre uma lista tríplice ou por sua livre vontade. A eles cabia julgar os titulares de cargos eclesiásticos podendo depô-los se assim quisesse (vários papas e patriarcas foram depostos pelo imperador).
Desta forma o Cristianismo foi impregnado dos valores mundanos, do poder temporal, formando sua hierarquia e mantida até hoje. Saber quais são os ensinamentos de Jesus e aplica-los, é um desafio para o cristão que está dentro desta sociedade religiosa.