Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
13/05/2020 00h12
OS AGÊNERES NA REVISTA ESPÍRITA

            Existe muitas dúvidas quanto a realidade dos agêneres, até mesmo dentro do movimento espírita kardecista, oficializado. Observamos que livros como este que estudamos, A Marca da Besta, não são comercializados nas livrarias da Federação Espírita Brasileira. No entanto, no mesmo livro é colocado um apêndice, que reproduzimos, escrito na Revista Espírita (ano II, 1859), produzida pelo próprio Allan Kardec, codificador do Espiritismo. Vejamos como está escrito:

            Se um Espírito tem o poder de tornar visível e palpável uma parte qualquer de seu corpo etéreo, não há razão para que não o possa fazer com os outros órgãos.

            Se, para certos Espíritos, é limitada a duração da aparência corporal, podemos dizer que, em princípio ela é variável, podendo persistir mais ou menos tempo; pode produzir-se a qualquer tempo e a toda hora. Um Espírito cujo corpo fosse assim visível e palpável teria, para nós, toda a aparência de um ser humano; poderia conversar conosco e sentar-se em nosso lar qual se fora uma pessoa qualquer, pois o tomaríamos como um dos nossos semelhantes. (...)

            Pedimos ao Espírito São Luiz que nos esclarecesse sobre esses diferentes pontos, dignando-se responder nossas perguntas. (...)

            2. Isto depende de sua vontade?

            - Não exatamente. O poder dos Espíritos é limitado, só fazem o que lhes é permitido fazer.

            3. O que aconteceria se ele se apresentasse a uma pessoa desconhecida?

            - Teria sido tomado por uma criança comum. Dir-vos-ei,  porém, uma coisa: por vezes existem Espíritos na Terra que revestiram essa aparência, e que são tomados por homens.

            4. Esses seres pertencem a classe dos Espíritos inferiores ou superiores?

            - Podem pertencer ás duas; são fatos raros. Deles tendes exemplos na Bíblia. (...)

            6. Eles têm paixões? 

            - Sim, como Espíritos têm as paixões dos Espíritos, conforme sua inferioridade. Se algumas vezes tomam um corpo aparente é para fruir as paixões humanas; se são elevados, é com um fim útil que o fazem.

            7. Podem procriar?

            - Deus não o permitiria. Seria contrário ás leis que estabeleceu na Terra e elas não podem ser derrogadas.

            8. Se um ser semelhante se nos apresentasse, haveria um meio de o reconhecer?

            - Não, a não ser que o seu desaparecimento se fizesse de modo inesperado. Seria mesmo que o transporte de móveis de um para outro andar (...).

            9. Qual o objetivo que pode levar certos Espíritos a tomar esse estado corporal? É antes o mal do que o bem?

            - Frequentemente o mal; os Espíritos bons têm a seu favor a inspiração; agem pela alma e pelo coração. Como o sabeis, as manifestações físicas são produzidas por Espíritos inferiores, e aquelas são desse número. Entretanto, como disse, os Espíritos bons podem igualmente tomar essa aparência corporal com um fim útil. Falei de maneira geral.

            10. Nesse estado podem eles tornar-se visíveis ou invisíveis á vontade?

            - Sim, pois podem desaparecer quando bem entenderem.

            11. Têm eles um poder oculto superior ao dos demais homens?

            - Só tem o poder que lhes faculta a sua posição como Espírito.

            12. Tem necessidade real de alimento?

            - Não, o corpo não é real.

            13. Entretanto, embora não tivesse um corpo real, o jovem de Londres almoçava com seus amigos e apertou-lhes a mão. Em que teria se transformado o alimento absorvido?

            - Antes de apertar a mão, onde estavam os dedos que apertavam? Compreendeis que o corpo desapareça? Por que não quereis compreender que a matéria também desapareça? O corpo do rapaz de Londres (...) Era, pois, uma aparência; o mesmo ocorre com a nutrição que ele parecia absorver.

            14. Se tivéssemos entre nós um ser semelhante, seria um bem ou um mal?

            - Seria antes um mal. Aliás, não se pode adquirir grandes conhecimentos com esses seres. (...)  

            Essas informações são muito fortes e exige muito desempenho da lógica. Tem a favor o senso crítico do codificador do Espiritismo, Sr. Allan Kardec. Certamente a sua inteligência supera a minha e não achou necessário fazer as observações que faço aqui.

            Compreendo que o Espírito possa, encontrando circunstâncias favoráveis e sendo bem treinado, materializar partes do corpo e em consequência o corpo todo, pelo período que for necessário e permitido pelas leis naturais as quais deve ser submetido. Agora, na questão da alimentação, vejo uma incoerência, na minha forma de raciocinar. É justificado que o Agênere aparece e desaparece porque é uma aparência, não tem a substância material. Mas o alimento que o rapaz de Londres ingeriu tinha substância material. Como poderia desaparecer junto com o Agênere, este sim, sem substância material? Então, a aparência pode ingerir, incluir uma realidade, o alimento, e faze-la tornar-se aparência também? Isso não vai de encontro a lei da Natureza?

            Bem, são minhas dúvidas. Não quero dizer com isso que estou negando a existência dos Agêneres, mas que precisamos estudar com mais profundidade esses seres para saber até onde vai o limite do fenômeno.  

Publicado por Sióstio de Lapa
em 13/05/2020 às 00h12