Sabemos que a mentira é a principal arma dos entes envolvidos nas sombras, que prejudicam o próximo em troca de algum benefício pessoal. Este é um conceito importante para caracterizar a malignidade da mentira. Necessário prejudicar o próximo e trazer benefícios iníquos ao seu emissor.
Nós, filhos de Deus que pretendemos fazer Sua vontade, seguindo as lições que o Mestre Jesus nos legou, não podemos usar a mentira. A verdade deve ser a nossa principal arma, em todas as circunstâncias... Opa! Em todas as circunstâncias? Mas o próprio Mestre não disse toda a verdade que sabia quando esteve entre nós. Falava por parábolas e dizia que muita coisa só iríamos entender quando estivéssemos mais adiantados espiritualmente. Quer dizer, não mentiu, mas omitiu a verdade naquele momento. Então podemos concluir que em determinados momentos podemos usar a omissão como forma de não causar confusão ou conflito na cabeça das pessoas ao nosso redor.
Dessa forma, o recurso da omissão é um recurso que me sinto autorizado a usar, sempre que a verdade pode trazer algum tipo de conflito. Mas devo ter cuidado. O Cristo usava a omissão quando achava necessário, e sempre para preservar a harmonia onde ele se encontrava, e todos sabiam como Ele pensava, de quem era filho, e qual era Sua missão entre nós. Mesmo ele omitindo algumas coisas, nunca ninguém se sentiu enganado, pois Ele não fugia daquilo que dizia ser.
Esse cuidado eu devo ter com muita atenção. Por eu ter desenvolvido um pensamento que foge muito da cultura onde estou inserido, qualquer pessoa que se relacione comigo de forma mais próxima, mais íntima, deve saber quais os paradigmas do meu pensamento. A pessoa deve saber isso para poder decidir com liberdade e sem enganação, se quer ou não ficar perto de pessoa que pensa e age de forma tão diferente. Decidindo ficar perto, não pode se sentir traída quando perceber que o meu comportamento vai de encontro ao que ela pensa e que isso a faz sofrer. Eis o momento da omissão. A pessoa não está preparada emocionalmente para saber do meu comportamento “anômalo”, a omissão tem espaço. Agora, se a pessoa faz pergunta direta sobre tal comportamento, e exige uma resposta, não a omissão, então fico entre a verdade e a mentira. Sei que esse é um momento difícil pois a verdade irá trazer sofrimento para a pessoa e também para mim. Mas não posso recuar, a verdade tem que ser dita. Isto eu procuro praticar, desta mesma forma.
Tem outra situação complicada, é com relação a morte. Tenho a compreensão que a morte significa apenas a passagem do espírito de uma dimensão, material, para outra, espiritual. Encaro isso com naturalidade e sem temor. Não procuro manter o corpo biológico funcionando apesar da falência cerebral que afasta o espírito da realidade material, mas continua preso ao corpo físico enquanto esse tiver alguma vitalidade. Muita gente pensa o contrário, faz todo o esforço para o corpo físico funcionar sem a consciência que ele está aprisionando o espírito que anseia pela libertação. Quando falo do meu pensamento com pessoas que pensam diferente e que tem um ente querido nessa situação, sou logo interpretado como se desejasse simplesmente que a pessoa morresse, que eu não tenho interesse em procurar os recursos para a pessoa “viver”. Torno-me uma pessoa antipática, desarmônica, para essas pessoas. Para não agredir a minha consciência e falar ou agir de forma contrária ao que penso, que seria uma hipocrisia, é melhor que me afaste da situação e deixar quem pense igual agir conforme pensam.
Sei que essa é uma situação delicada, pois as pessoas esperam que eu as ajude na sua forma de pensar. Não aceitam que eu tenho que ficar em paz com minha consciência e isso impede que eu fique junto. Talvez isso assuma uma postura radical da minha parte, mas toda minha vida não tem sido assim, assumindo posturas que todos consideram como radicais? Posso estar errado, mas não devo me divorciar da minha consciência, pois posso perder a minha identidade íntima.