Ser discípulo do Cristo, tanto hoje quanto nos primórdios do cristianismo, parece ser algo muito fora da cultura onde estamos inseridos. Para os judeus parecia um escândalo, como alguém de origem plebeia, um simples carpinteiro poderia ser o Messias prometido, o filho de Deus como ele dizia? Para os gregos e demais gentios, parecia uma loucura, pregar a divindade de uma pessoa que morreu crucificado no meio de dois ladrões e que teve o mistério de ressuscitar de entre os mortos.
A vida moderna, com suas realidades pragmáticas, termina fazendo algo paradoxal, criando comunidades religiosas do Cristianismo, pregando a grandeza dos princípios ensinados por Jesus nas próprias ações diárias da maioria dos indivíduos.
O homem que se internou pela oratória vibrante dos discursos, sem atos correspondentes à elevação da palavra, expõe-se, cada vez mais, ao ridículo e à negação.
Há muitos séculos prevalece o movimento de filosofias utilitaristas. E, ainda agora, não escasseiam orientadores que cogitam da construção de palácios egoísticos à base do magnetismo pessoal e psicólogos que ensinam publicamente a sutil exploração das massas.
É nesse quadro obscuro do desenvolvimento intelectual da Terra que os aprendizes do Cristo são expoentes da filosofia edificante da renúncia e da bondade, revelando em suas obras isoladas a experiência divina dAquele que preferiu a crucificação ao pacto com o mal.
Novos discípulos, por isso, vão surgindo, além do sacerdócio organizado. Irmãos dos sofredores, dos simples, dos necessitados, os espiritistas cristãos encontram obstáculos terríveis na cultura intoxicada do século e no espírito utilitário das ideias comodistas.
Há quase dois mil anos, Paulo de Tarso aludia ao escândalo que a atitude dos aprendizes espalhava entre os judeus e à falsa impressão de loucura que despertava nos ânimos dos gregos.
Os tempos de agora são aqueles mesmos que Jesus declarava chegados ao Planeta; e os judeus e gregos, atualizados hoje nos negocistas desonestos e nos intelectuais vaidosos, prosseguem na mesma posição do início. Entre eles surge o continuador do Mestre, transmitindo-lhe o ensinamento com o verbo santificado pelas ações testemunhais.
Aparecem dificuldades, sarcasmos e conflitos. O aprendiz fiel, porém, não se atemoriza. O comercialismo da avareza permanecerá com o escândalo e a instrução envenenada demorar-se-á com os desequilíbrios que lhe são inerentes. Ele, contudo, seguirá adiante, amando, exemplificando e educando com o Libertador imortal.
Mesmo que no mundo ainda encontremos a prevalência do mal sobre o bem, sabemos que o ritmo da evolução é no sentido do fortalecimento do bem, e nós, discípulos do Cristo, gingados como loucos pela massa egoísta, somos o sal da terra, o reflexo da luz que recebemos do Messias.