Nomes são apenas nomes ou têm por trás algum significado? Acredito que um nome é simplesmente um nome, mas o seu portador pode dar um significado maior ou menor, uma carga positiva ou negativa. Comparemos os nomes Jesus e Hitler. Ambos têm uma forte carga que deixaram seus nomes marcados, um positivo e outro negativamente. Os nomes marcados negativamente tendem a não se reproduzir na pia batismal, os marcados positivamente, sim.
Vejamos o nome Francisco. Era um nome comum até que, em Assis, cidade da Itália, o seu portador se destacou tanto no campo espiritual, em seguir os passos do Cristo, as suas marcas comportamentais, e chegou até a exibir as marcas físicas, os estigmas da crucificação. Seu comportamento influenciou o papa da época que permitiu que ele desenvolvesse o ministério franciscano, dando um novo alento à igreja católica, tão envolvida com os bens materiais, com o poder temporal, com o luxo e a ostentação.
Seu exemplo de caridade atravessou os séculos, motivando tantas pessoas a colocarem o mesmo nome em seus filhos. Assim aconteceu no século 20 com uma família do interior de Minas Gerais que colocou o nome do seu filho de Francisco Cândido Xavier, conhecido entre nós por Chico Xavier. Um dos maiores médiuns que o mundo já viu. Viveu com simplicidade e humildade, praticando a caridade, até o fim dos seus dias.
Outro exemplo que sei bem os motivos, também a família colocou o nome de Francisco em seu filho. Era o primeiro a nascer, e por esse motivo entre outros, o parto sendo feito em casa e a passagem pelo canal do parto muito difícil, que resistia a todos esforços da parteira, não se via outra saída para salvar a vida de ambos, mãe e filho, a não ser um milagre. Era o dia 20 de outubro, mês do nascimento do santo de Assis, Francisco, reconhecido também por proporcionar milagres em nome de Jesus. Então, foi feito uma negociação com o santo em forma de promessa. Se a mãe conseguisse se salvar e o filho nascesse com vida, este seria oferecido ao santo, teria o nome de Francisco. Assim aconteceu, ambos foram salvos e a promessa foi cumprida.
Na atualidade, este Francisco salvo pelo milagre, conheceu a história do que se passou e ficou agradecido pelo que aconteceu. Conheceu a vida, a história e o trabalho daquele Francisco de Minas Gerais e aprendeu com ele a realidade do mundo espiritual, da importância de Jesus como médium de Deus e governador do nosso planeta. Conhecendo essa realidade, não tinha como fugir da responsabilidade, de fazer a vontade de Deus, o nosso Pai, o Criador.
Para concluir estas reflexões surge um novo Francisco. Dessa vez o nome foi escolhido por ele mesmo e não por seus pais. O cardeal da Argentina, Jorge Bergoglio, integrante das hostes franciscanas, ao ser eleito papa escolheu o nome de Francisco para conduzir a nação católica em todo o mundo.
Aqui estou eu, depositário dos favores de Francisco de Assis, agradecido a Francisco Xavier por ter me passado tantos conhecimentos do mundo espiritual, me tirando da ignorância dessa realidade, e sob o carisma do Francisco sentado no Vaticano.
Que faço eu, comparado a tão importantes personalidades, eu que tomei o nome como pagamento de um favor? Devo respeito e obediência primeiro a Deus, o senhor da vida, o Criador; segundo a Francisco de Assis, que tornou a vida possível neste mundo material; a Francisco Xavier pela vida exemplar e tanto trabalho de ensino e cura sem alimentar o egoísmo; finalmente o papa Francisco, renunciando a pompa e riqueza da igreja para mostrar ao mundo o exemplo da humildade, tolerância e compaixão.
Fico envergonhado por não ter o que mostrar. Mas talvez seja este o caminho que o Pai queira que eu siga, mostrar aos irmãos a dificuldade, mas não a impossibilidade de seguir esses passos espirituais, reconhecendo o baixo nível em que ainda nos encontramos. Talvez seja este o meu papel: uma cobaia espiritual.