Pai, como posso me classificar junto a Ti? Um filho obediente, falso, hipócrita, ocioso, dependente, lamurioso... de todos esses o que tenho certeza que sou, assim como todos, dependente, pois todos somos suas criaturas e dependemos da natureza por Ti criada para a sobrevivência.
Mesmo não querendo aceitar, chego perto de cada conceito negativo que elaborei acima. Obediente? Não posso me encaixar totalmente dentro desse conceito, pois sei a Tua vontade quanto ao que devo fazer e não cumpro com fidelidade. Prevalece os desejos desse amontoado de carne que tenho que administrar. Bem que sei, tenho companhias bastante dignas ao meu lado, como Paulo de Tarso, tão obediente e tão incapaz de fazer sempre o que os valores espirituais que desejava. Dizia que queria fazer o bem, mas terminava por fazer os desejos da carne.
Falso? Sim, me aproximo, Pai, deste conceito. Digo a Ti que quero fazer a Tua vontade, mas na maioria das vezes nem penso em Ti, e faço a minha vontade. Quando volto a falar contigo, volto a prometer, e volto a esquecer. Isso não seria falsidade. Bem que coloco a desculpa de que sou fraco, de que sou ignorante, peço sabedoria, inteligência, coragem... mas não teria que ser conquista minha? Mas Jesus não disse para pedir, que Tu sempre nos daria? É meu atenuante.
Hipócrita? Digo uma coisa e faço outra? Sim, também tenho aproximação a este conceito. Pois não digo que quero fazer a Tua vontade e na maioria das vezes faço a minha vontade? O meu atenuante neste caso é que não digo isso para os outros, o que eu digo procuro cumprir, dentro dos meus inter-relacionamentos. Mas contigo, Pai...
Ocioso? Sim, mesmo que as testemunhas ao meu lado digam o contrário, que trabalho bastante, mas minha consciência me acusa. Tem ocasiões que eu deveria estar trabalhando na Tua vontade, e fico perdendo tempo com futilidades que procuro justificar racionalmente com o apoio dos circunstantes que dizem que devo descansar, que não devo exigir tanto do corpo. Como atenuante, sinto que existe um tanto de verdade nessas opiniões de terceiros.
Lamurioso? Ninguém diria isso de mim, procuro ser resiliente frente as diversas frustrações, obstáculos que a vida traz. Mas quando estou perto de Ti, me transformo. Sempre fico a pedir aquilo que tenho deficiente e que não tenho coragem de conquistar, com esforço, trabalho dedicação. Meu atenuante? Reconhecer que de fato sou fraco.
Eis Pai, um pouco do meu pensamento quando faço tal autocrítica. Sei que Tu és bondoso, misericordioso, sempre está a perdoar nossas faltas, ofensas, mas devo estar arrependido dos males que causei devido a essas deficiências. Que preciso me esforçar para conquistar o direito de realmente me aproximar de Ti, no processo evolutivo que todos temos que passar obrigatoriamente, como uma de Tuas leis.
Como pedir qualquer coisa a Ti, Pai, agora, depois de tantas declarações negativas? Talvez o melhor que possa fazer agora, Pai, é pedir o Teu perdão.