O Bom Pastor dá a vida por suas ovelhas. Esta é a marca forte do Bom Pastor, conforme ensinava o Cristo, que dando o exemplo, sacrificou a própria vida para que pudéssemos ter um bom roteiro de salvação.
O Mau Pastor, certamente não terá essa característica. Mas, mereceria o nome de Pastor? Pastor não seria um termo que obrigaria ao seu portador ter característica de Bom? Sim, parece coerente a obrigação do Pastor ser bom, então, ao classificar alguém de Bom Pastor, estaremos cometendo uma redundância.
O termo Pastor também pode ser ampliado para outras circunstâncias: o médico pode ser o pastor de seus pacientes; o professor ser o pastor de seus alunos; o advogado ser o pastor de seus clientes... e assim por diante. Cada ação profissional que praticamos no mundo, que envolve o cuidado com outras pessoas, pode receber por trás do trás do termo profissional, o conceito do pastoreio.
Alguém que coloca os seus interesses individuais acima dos cuidados que deve ter com o próximo que precisa de sua ajuda, no campo profissional e principalmente no religioso, está sendo um Mau Pastor. No campo profissional isso pode ser contornado pela meta comum que cada um tem de evoluir materialmente. Daí os diversos Conselhos Profissionais elaborarem em seus Códigos de Ética, artigos para coibir abusos nessa área de relacionamentos profissional-cliente.
No campo espiritual é diferente, pois acima do indivíduo e de qualquer Código de Ética existe a figura de Deus do qual concordamos em fazer a Sua vontade. Mesmo que isso leve a pessoa ao sacrifício pessoal, como aconteceu com Jesus e com tantos mártires em nome da fé.
Jesus, o grande instrutor de como ser um Bom Pastor, também ensinava que devemos amar ao próximo como a nós mesmo. Isso não coloca o cuidado pessoal acima do cuidado que devemos ter com o outro? Podemos dizer que Jesus fez errado quando deixou se levar ao sacrifício pessoal para nos ensinar a importante lição do Amor Incondicional? Se ele não tivesse aceito o “cálice” que o Pai lhe ordenou, estaria sendo mais coerente com as lições que ensinou?
Parece que encontramos uma dubiedade no Evangelho que não podemos escapar: fazer ao próximo o bem da mesma forma que queremos para nós, ou fazer o sacrifício pessoal para atender a vontade do Pai. Mas, as lições que Jesus nos deixou sempre teve o aval do Pai. Então, seria uma incoerência do próprio Pai? Claro que não, o Pai é a inteligência suprema e nunca cometerá erro. O que deve estar errada é a nossa capacidade de interpretação. Podemos fazer um esforço intelectual para compreender melhor.
A vontade do Pai é o comando que devemos obedecer. Os comandos biológicos, instintivos que Ele colocou dentro de nós no processo da criação, são os quais que devem ser inibidos para o cumprimento da sua vontade. Mesmo que essa vontade dEle vá de encontro a nossa sobrevivência material, como aconteceu com Jesus.
A lição de “fazer ao próximo o que queremos para nós”, colocando o nosso bem-estar em destaque, é uma conduta que deve ser a prática comum dentro da família universal, que está na base do Reino de Deus. É uma condição na qual não há mais necessidade de sacrifícios pessoais em nome do Pai, uma condição que ainda não alcançamos, e que precisa de voluntários para essas ações: o Bom Pastor.