Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
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29/07/2020 00h27
SER OU NÃO SER

            Esta frase, “ser ou não ser, eis a questão” foi escrita por William Shakespeare, na tragédia de Hamlet, príncipe da Dinamarca, Ato III, Cena I. tem uma profunda filosofia, sendo uma das mais famosas frases da literatura mundial.

            Ser ou não ser é exatamente isso: existir ou não existir, viver ou morrer. “Será mais nobre sofrer as intempéries da vida sem contestações ou insurgir-nos contra o mar de provocações e em luta pôr lhes um fim? Morrer, dormir”.

            A vida é cheia de tormentos e sofrimentos, e a dúvida de Hamlet consiste em aceitar a existência com sua dor inerente ou acabar com a vida. Se a vida é um constante sofrimento, a morte parece ser a solução, porém a incerteza da morte supera os sofrimentos da vida. A consciência da existência é o que acovarda o pensamento suicida, pois diante dela se detém o medo do que possa existir após a morte. O dilema de Hamlet é agravado pela possibilidade de sofrer eternas punições por ser um suicida.

            "Ser ou não ser" é sobre agir, tomar a ação e se posicionar ou não diante dos acontecimentos. No filme “Hamlet – Laurence Olivier (1948)” encontrado no Youtube, encontramos um trecho bem significativo:

            Ocorre muitas vezes que certos homens, por um vício peculiar à sua natureza, por algum excesso do seu caráter, que derruba os limites e muros da razão ou por algum hábito arraigado em excesso, que esses homens que arrastam, como digo, o estigma de um defeito, mesmo as suas virtudes, puras como a graça, se corrompem perante os olhos do mundo por esse único defeito. Esta é a tragédia de um homem que foi incapaz de tomar uma decisão.    

            Porém, verificando a existência do mundo espiritual que a Tragédia de Shakespeare traz, o não ser é o único jeito de ser. Quando conseguimos eliminar o ego nos tornamos vastos e podemos experimentar a vida plena sem as exigências materiais.

            O problema é que somos condicionados a obedecer aos interesses do ego que se projeta no campo mental, uma coisa minúscula, um pequeno microcomputador dos interesses corporais. Assim, nos tornamos por demais apegados ao corpo, identificados excessivamente com ele. É correto reconhecer a importância do ego como um biocomputador, um mecanismo sutil e delicado, mas não identificado com ele. É como se um motorista fosse identificado com o seu carro. Claro que ele está no carro, dentro do carro, mas não é o carro. É isto que fazemos, nos identificamos com o mecanismo do ego no qual vivemos. Passamos a ser o corpo, identificados com suas características: branco, preto, rico, pobre, etc.

            Importante ficar sempre lembrando que somos na essência a consciência, o Espírito, uma percepção, uma testemunha na qual o ego se dissolve. Isso é a maior das revoluções. De repente somos transportados de um mundo pequeno e feio no qual vive Hamlet, para o vasto e eterno mundo espiritual, que fazemos a sua beleza com nossos atos morais dentro da materialidade. Saímos da morte do “ser”, do ego, para a imortalidade do “não ser”, do espírito. 

Publicado por Sióstio de Lapa
em 29/07/2020 às 00h27