Sim, Pai, mais uma vez estou aqui ao seu colo, ao seu ouvido, colocando minhas queixas e lamentações, neste mês de agosto, considerado o mês do desgosto. Desgosto comigo mesmo, desgosto que cobre a minha alma...
O Mestre que Tu me enviou e a todos os meus irmãos, Jesus, aquele que conseguiu alcançar o nível de Cristo, está decepcionado comigo. Ele me observa com olhar compassivo, mostrando suas mãos perfuradas pela nossa brutalidade e ignorância e o seu coração inflamado, em fogueira radiante, onde todo o egoísmo do seu corpo está sendo consumido pelas labaredas da fé e sintonia conTigo.
Enquanto eu, Pai, pobre de mim. Por mais que estude, que tente manter o padrão que o Cristo ensina, que seja até admirado por quem não me conhece na profundidade, a consciência me acusa de fraco, de covarde, de preguiçoso...
Sei o que Ele espera de mim, Pai, assim como Tú. Que eu siga o padrão que Ele ensinou. Sei que Ele está de braços abertos, de mãos estendidas, de coração transparente, me olhando, compreensivelmente, como talvez tivesse olhado há dois mil anos o moço rico, que perdeu a oportunidade de segui-Lo.
Sei que o Cristo se aproximou tanto de Ti, Pai, que se confunde com a Tua figura, com a Tua essência. Sei que todos nós fomos criados para aprender a entrar neste redil da divina existência. Mas por que alguns avançam tanto, enquanto outros como eu, patino neste charco de ilusões materiais que nada acrescenta as necessidades do meu espírito.
Sou ainda fustigado pela ignorância, pela preguiça, pela covardia de mudar meu padrão comportamental... ainda me arrasto pelo chão da matéria como um verme, sem condições de manter a cabeça no alto. A consciência me aponta o caminho do amor incondicional, mas a vontade não obedece ao meu livre arbítrio em todos os sentidos, com fé suficiente para fazer uma fogueira no meu coração com os desejos egoísticos que são uma constante. Termino enveredado emocionalmente pelos caminhos largos do mundo material. Por mais que eu ore diariamente pedindo sabedoria, coragem e inteligência rápida, vejo o tempo passar sem alcançar essa graça.