Podemos viver sem escolhas? Acredito que não. Tudo que fazemos na vida implica em uma escolha, de fazer ou não fazer. Esta é a engenharia comportamental que Deus deixa para escolhermos nos diversos caminhos que Ele nos oferece. Quando amadurecemos a percepção do bom e do ruim, do bem e do mal
Na fase da infância não temos condições de fazer escolhas racionais, elas são geralmente instintivas, com base no aparato genético que ganhamos dos nossos pais. Com o tempo iremos precisar da educação tanto da escola quanto da família, para direcionar nossas escolhas. A falha nessa educação pode deixar a pessoa mantida nas escolhas instintivas o que leva a prejuízos para terceiros, coletividade e para si próprio.
Outro problema que podemos observar com as escolhas é que cada um tem o direito de escolher o melhor para si, como será sua forma de caminhar na vida, desde que não interfira com as escolhas de outras pessoas. Posso dar um exemplo pessoal neste aspecto.
Passei a infância e adolescência com o projeto de escolher uma mulher para casar construir a família e viver com ela até o fim de nossas vidas. Fiz tudo isso, casei e tive filhos, todas minhas escolhas obedeciam esse paradigma do amor exclusivo à família nuclear, que devia ser fiel ao amor condicionado aos meus entes queridos e consanguíneos.
Quando refleti sobre o Amor Incondicional como a maior força do universo, essência do Criador e principal lição que Jesus veio nos ensinar, mudei meus paradigmas e consequentemente as minhas escolhas. Porém a minha esposa não havia mudado seus paradigmas, continuava com o mesmo estilo de suas escolhas. Isso naturalmente levou ao conflito em nosso relacionamento, não havia mais sintonia. Que fazer? Deixar de fazer o que eu entendia agora como correto e continuar fazendo o que eu entendia agora como errado? Não podia. Conversei com ela a verdade do que acontecia, pois isso é um atributo do Amor Incondicional e ela tentou seguir o estilo de minhas escolhas, mas sem considerar a mudança de paradigmas. Chegou a um ponto que não foi mais possível tolerar a consequências das minhas escolhas, como eu tolerava a consequências das suas escolhas, e “pediu” para eu sair da sua convivência.
Foi a partir daí uma constante em minha vida, tentar um relacionamento com uma mulher que tem paradigmas diferentes dos meus e aceitam as minhas escolhas, primeiro, por não encontrarem desvios éticos, e segundo, por sentirem amor e até paixão.
Nesse contexto, continuo vivendo com meus paradigmas e escolhas sintonizadas, mas sem encontrar ninguém que tenha ou desenvolva paradigmas semelhantes ou mesmo parecidos. Mantenho um relacionamento saudável com todas, pois é baseada na verdade, e convivendo com quem apresenta um nível suficiente de tolerância para suportar as escolhas sem sintonia com o que elas pensam ser corretas.
Mas, talvez seja assim que todos vivamos, procurando tolerar uns aos outros as escolhas que não sintonizam com o que pensamos.