Continuemos o estudo interpretativo da obra de Humberto de Campos / Chico Xavier... “Brasil coração do mundo, pátria do Evangelho”, continuando no capítulo “O coração do mundo”, onde o Mestre estava descendo das esferas superiores, conversando com Hilel.
— Todavia — replicou o emissário solícito, como se desejasse desfazer a impressão dolorosa e amarga do Mestre (Leonardo Marmo Moreira faz a seguinte crítica: Helil está tentando consolar Jesus? O texto dá a entender que Helil está tentando despertar uma visão mais positiva para o Mestre. Pode-se alegar, que Jesus está apenas “dando a oportunidade de Helil elaborar a discussão, o que, ele mesmo Jesus poderia fazer. É uma hipótese razoável. De qualquer maneira, vamos prosseguir para colher mais dados para nossa análise).
— Esses movimentos, Senhor, intensificaram as relações dos povos da Terra, aproximando o Oriente e o Ocidente, para aprenderem a lição da solidariedade nessas experiências penosas; novas utilidades da vida foram descobertas; o comércio progrediu além de todas as fronteiras, reunindo as pátrias do orbe. (Novamente Leonardo faz a crítica: Helil estava tentando explicar e justificar as Cruzadas para Jesus).
Sobretudo, devemos considerar que os príncipes cristãos, empreendendo as iniciativas daquela natureza, guardavam a nobre intenção de velar pela paisagem deliciosa dos Lugares Santos. (Leonardo volta à crítica: Em primeiro lugar, “Lugares santos” constitui expressão atípica ao Espiritismo. Entretanto, é difícil crer que os responsáveis pelas Cruzadas “...guardavam a nobre intenção...”. Como pode ser nobre uma intenção de matar um número incontável de pessoas por vários séculos para ter o controle de um local físico, ou porque queriam “...velar pela paisagem deliciosa dos lugares santos”?).
— Mas — retornou tristemente a voz compassiva do Cordeiro — qual o lugar da Terra que não é santo? Em todas as partes do mundo, por mais recônditas que sejam, paira a bênção de Deus, convertida na luz e no pão de todas as criaturas. Era preferível que Saladino guardasse, para sempre, todos os poderes temporais na Palestina, a que caísse um só dos fios de cabelo de um soldado, numa guerra incompreensível por minha causa, que, em todos os tempos, deve ser a do amor e da fraternidade universal.
Reconheço que qualquer pessoa possa fazer uma crítica sobre qualquer texto, colocando suas razões e tentando elucidar a verdade, se a pessoa age com honestidade, como acredito ser o caso de Leonardo Marmo. Porém, vejo que a descrição dos fatos espirituais feito pela pena de Humberto de Campos, um autor reconhecido por sua forma poética de se expressar, pode gerar desconfianças de sua veracidade. Aqui entra outro aspecto importante para se verificar a evolução do pensamento humano: a crença. Tenho a crença que gera a convicção que todos os autores, encarnados e desencarnados envolvidos na produção deste livro, são de uma confiança inquestionável. Portanto, não são figuras de linguagem que irá distorcer o foco do que está sendo proposto passar para a humanidade encarnada.