Continuemos o estudo interpretativo da obra de Humberto de Campos / Chico Xavier... “Brasil coração do mundo, pátria do Evangelho”, continuando no capítulo “O coração do mundo”, onde o Mestre estava descendo das esferas superiores, conversando com Hilel e chegando à descoberta espiritual do Brasil.
E, como se a sua vista devassasse todos os mistérios do porvir, continuou:
— Infelizmente, não vejo senão o caminho do sofrimento para modificar tão desoladora situação. Aos feudos de agora, seguir-se-ão as coroas poderosas e, depois dessa concentração de autoridade e de poder, serão os embates da ambição e a carnificina da inveja e da felonia, pelo predomínio do mais forte.
A amargura divina empolgara toda a formosa assembléia de querubins e arcanjos. Foi quando Helil, para renovar a impressão ambiente, dirigiu-se a Jesus com brandura e humildade:
— Senhor, se esses povos infelizes, que procuram na grandeza material uma felicidade impossível, marcham irremediavelmente para os grandes infortúnios coletivos, visitemos os continentes ignorados, onde espíritos jovens e simples aguardam a semente de uma vida nova. Nessas terras, para além dos grandes oceanos, poderíeis instalar o pensamento cristão, dentro das doutrinas do amor e da liberdade.
E a caravana fulgurante, deixando um rastro de luz na imensidade dos espaços, encaminhou-se ao continente que seria, mais tarde, o mundo americano.
O Senhor abençoou aquelas matas virgens e misteriosas. Enquanto as aves lhe homenageavam a inefável presença com seus cantares harmoniosos, as flores se inclinavam nas árvores ciclópicas, aromatizando-lhe as eterizadas sendas. O perfume do mar casava-se ao oxigênio agreste da selva bravia, impregnando todas as coisas de um elemento de força desconhecida. No solo, eram os silvícolas humildes e simples, aguardando uma era nova, com o seu largo potencial de energia e bondade.
Cheio de esperanças, emocionasse o coração do Mestre, contemplando a beleza do sublimado espetáculo.
— Helil — pergunta ele — onde fica, nestas terras novas, o recanto planetário do qual se enxerga, no infinito, o símbolo da redenção humana? (Leonardo faz crítica: Jesus, segundo o texto, teria enfatizado que “o símbolo da redenção humana” é a cruz. Trata-se de comentário simbólico vazio e sem sentido para aquele que dois mil anos atrás combateu uma série de simbolismos e tradicionalismos religiosos. Já naquela época, Jesus achava que tínhamos condição de saber que “o Reino de Deus está dentro de vós”; “nem todos aqueles que dizem: “Senhor, senhor”, serão salvos! “. Além disso, Ele parece desconhecer a posição geográfica do Brasil. É claro que podemos considerar uma pergunta retórica).
— Esse lugar de doces encantos, Mestre, de onde se vêem, no mundo, as homenagens dos céus aos vossos martírios na Terra, fica mais para o sul.
E, quando no seio da paisagem repleta de aromas e de melodias, contemplavam as almas santificadas dos orbes felizes, na presença do Cordeiro, as maravilhas daquela terra nova, que seria mais tarde o Brasil, desenharam-se no firmamento, formado de estrelas rutilantes, no jardim das constelações de Deus, o mais imponente de todos os símbolos.
O Mestre faz perguntas no sentido de a pessoa colocar para fora o que sabe. É a técnica da maiêutica desenvolvida por Sócrates. Não é que ele seja ignorante na questão que coloca. Ele procura saber o quanto a pessoa sabe e de que forma naquilo que tem interesse. Como o Cristo participou da formação de todo o sistema solar, que guarda informações da evolução terrestre desde a sua formação, iria depender de alguém ara informar sobre a simples geografia? Esta é a minha forma de pensar que não afasta meu pensamento daquilo que se deseja transmitir, por meio de Humberto de Campos e respaldado por suas obras anteriores e pela disciplina férrea de Emmanuel que está sempre ao lado de Chico Xavier.