Continuemos o estudo interpretativo da obra de Humberto de Campos / Chico Xavier... “Brasil coração do mundo, pátria do Evangelho”, continuando no segundo capítulo “A pátria do Evangelho”, discorrendo sobre o trabalho de Hilel/Henrique de Sagres.
Henrique de Sagres, o antigo mensageiro do Divino Mestre, rejubila-se com as bênçãos recebidas do céu. Mas, de alma alarmada pelas emoções mais carinhosas e mais doces, confia ao Senhor as suas vacilações e os seus receios:
— Mestre — diz ele — graças ao vosso coração misericordioso, a terra do Evangelho florescerá agora para o mundo inteiro. (Vejamos a crítica de Leonardo Marmo: Dizer que o Brasil é a terra do Evangelho faz parecer que o Espírito Helil está menosprezando o resto do mundo. Mesmo que se possa interpretar isso como sendo uma referência a uma “missão” especial do nosso país, Helil poderia ter dito “... a terra onde esperamos seu Evangelho florescerá e servirá de exemplo para o mundo inteiro...”). Dai-nos a vossa bênção para que possamos velar pela sua tranquilidade, no seio da pirataria de todos os séculos. Temo, Senhor, que as nações ambiciosas matem as nossas esperanças, invalidando as suas possibilidades e destruindo os seus tesouros...
Jesus, porém, confiante, por sua vez, na proteção de seu Pai, não hesita em dizer com a certeza e a alegria que traz em si:
— Helil, afasta essas preocupações e receios inúteis. A região do Cruzeiro, onde se realizará a epopéia do meu Evangelho, estará, antes de tudo, ligada eternamente ao meu coração. (Mais uma vez, a crítica de Leonardo Marmo: Em primeiro lugar, “a epopeia do Evangelho de Jesus” deveria ser realizada em toda a Terra. Jesus diz no Evangelho: “Ide e pregai a todas as Criaturas...” e também “...tenho ovelhas que não são desse redil...”. Em segundo lugar, todos os rincões do planeta são carinhosamente cuidados por nosso Mestre Jesus. Alguns leitores e/ou confrades poderiam alegar que Humberto de Campos escreve de acordo com “as tradições do mundo espiritual”, conforme o próprio autor espiritual assevera na Introdução do livro “Brasil, coração...”. Essa alegação, por si só, já faz com que devamos ter um cuidado ainda maior na leitura da respectiva obra e nas inevitáveis inferências. Entretanto, somente esse argumento não explica, e muito menos justifica, os problemas da obra. E isso fica claro se compararmos o livro “Brasil, coração...” com “Crônicas de Além-Túmulo” [Campos, 1998] e “Boa Nova” [Campos, 2004], nos quais Humberto também utiliza de algumas informações obtidas das chamadas “tradições do mundo espiritual”, mas sem cometer os vários lapsos presentes em “Brasil, coração...”). As injunções políticas terão nela atividades secundárias, porque, acima de todas as coisas, em seu solo santificado e exuberante estará o sinal da fraternidade universal, unindo todos os espíritos. Sobre a sua volumosa extensão pairará constantemente o signo da minha assistência compassiva e a mão prestigiosa e potentíssima de Deus pousará sobre a terra de minha cruz, com infinita misericórdia. As potências imperialistas da Terra esbarrarão sempre nas suas claridades divinas e nas suas ciclópicas realizações. Antes de o estar ao dos homens, é ao meu coração que ela se encontra ligada para sempre.
Nos céus imensos, havia clarões estranhos de uma bênção divina. No seu sólio de estrelas e de flores, o Supremo Senhor sancionara, por certo, as bondosas promessas de seu Filho.
E foi assim que o minúsculo Portugal, através de três longos séculos, embora preocupado com as fabulosas riquezas das índias, pôde conservar, contra flamengos e ingleses, franceses e espanhóis, a unidade territorial de uma pátria com oito milhões e meio de quilômetros quadrados e com oito mil quilômetros de costa marítima. Nunca houve exemplo como esse em toda a história do mundo. As possessões espanholas se fragmentaram, formando cerca de vinte repúblicas diversas. Os Estados americanos do Norte devem sua posição territorial às anexações e às lutas de conquista. A Louisiana, o Novo México, o Alasca, a Califórnia, o Texas, o Oregon, surgiram depois da emancipação das colônias inglesas. Só o Brasil conseguiu manter-se uno e indivisível na América, entre os embates políticos de todos os tempos. Ê que a mão do Senhor se alça sobre a sua longa extensão e sobre as suas prodigiosas riquezas. O coração geográfico do orbe não se podia fracionar.
Leonardo Marmo procura colocar uma lupa crítica no conteúdo do livro. Tenho uma forma diferente de ver. Vejo que o texto não agride a lógica do que já adquiri de conhecimento do mundo espiritual, aceito todo o texto sem fazer reparos, pelo contrário, consigo encaixar fatos da atualidade dentro dessa missão do Brasil e a proteção divina para que isso se viabilize. É o caso da eleição de Bolsonaro como presidente, contra todas as previsões, contra todas formas de eleição existentes no Brasil e no mundo, com o objetivo de sanar a onda de corrupção que estava ameaçando a missão há tanto tempo planejada e posta em execução.