Continuemos o estudo interpretativo da obra de Humberto de Campos / Chico Xavier... “Brasil coração do mundo, pátria do Evangelho”, continuando no terceiro capítulo “Os degredados”.
OS DEGREDADOS
Todos os espíritos edificados nas lições sublimes do Senhor se reuniram, logo após o descobrimento da nova terra, celebrando o acontecimento nos espaços do Infinito. Grandes multidões donairosas e aéreas formavam imensos hífens de luz, entre a terra e o céu. Uma torrente impetuosa de perfumes se elevava da paisagem verde e florida, em busca do firmamento, de onde voltava à superfície do solo, saturada de energias divinas. Nos ninhos quentes das árvores, pousavam as vibrações renovadoras das esperanças santificantes, e, no Além, ouviam-se as melodias evocadoras da Galiléia, ubertosa e agreste antes das lutas arrasadoras das Cruzadas, que lhe talaram todos os campos, transformando-a num montão de ruínas. Afigurava-se que a região dos pescadores humildes, que conheceu, bastante assinalados, os passos do Divino Mestre, se havia transplantado igualmente para o continente novo, dilatada em seus suaves contornos.
Uma alegria paradisíaca reinava em todas as almas que comemoravam o advento da Pátria do Evangelho, quando se fez presente, na assembléia augusta, a figura misericordiosa do Cordeiro.
Complacente sorriso lhe bailava nos lábios angélicos e suas mãos liriais empunhavam largo estandarte branco, como se um fragmento de sua alma radiosa estivesse ali dentro, transubstanciado naquela bandeira de luz, que era o mais encantador dos símbolos de perdão e de concórdia.
Dirigindo-se a um dos seus elevados mensageiros na face do orbe terrestre, em meio do divino silêncio da multidão espiritual, sua voz ressoou com doçura:
— Ismael, manda o meu coração que doravante sejas o zelador dos patrimônios imortais que constituem a Terra do Cruzeiro. Recebe-a nos teus braços de trabalhador devotado da minha seara, como a recebi no coração, obedecendo a sagradas inspirações do Nosso Pai. Reúnem as incansáveis falanges do Infinito, que cooperam nos ideais sacrossantos de minha doutrina, e inicia, desde já, a construção da pátria do meu ensinamento. Para aí transplantei a árvore da minha misericórdia e espero que a cultives com a tua abnegação e com o teu sublimado heroísmo. Ela será a doce paisagem dilatada do Tiberíades, que os homens aniquilaram na sua voracidade de carnificina. Guarda este símbolo da paz e inscreve na sua imaculada pureza o lema da tua coragem e do teu propósito de bem servir à causa de Deus e, sobretudo, lembra-te sempre de que estarei contigo no cumprimento dos teus deveres, com os quais abrirás para a humanidade dos séculos futuros um caminho novo, mediante a sagrada revivescência do Cristianismo.
No site https://casadocaminho-pae.org.br/temas-doutrinarios/perfil-quem-e-ismael, em 17-09-2020, foi retirada a seguinte informação sobre o anjo Gabriel. A primeira referência sobre Ismael consta no livro Gêneses, da Bíblia, em seu capítulo 16, que conta a história de Saraí, esposa de Abraão, que por conta da idade, seria estéril. Saraí pediu então que sua escrava Hagar concebesse um filho para o marido e nasceu Ismael. Muitos anos mais tarde, Saraí inesperadamente também concebe um filho, Isaac, o que deixa a relação entre as duas mulheres conturbada. Saraí pediu que Abraão dispensasse Hagar e Ismael de seu convívio, porém o homem se compadece, afinal, era seu filho. Por isso, Abraão vai conversar com Deus, que o tranquiliza, afirmando que Ismael seria o líder de uma grande nação e que ele poderia mandá-lo para fora junto com sua mãe sem se afligir. Ismael, mais tarde é referenciado como a origem dos povos árabes. O Ismael bíblico é considerado por estudiosos espíritas no assunto como o mesmo descrito pelo Espírito Humberto de Campos no livro “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”. Hoje, com própria passagem do tempo, Ismael também passou pelo processo de evolução, não tendo os mesmos caracteres psicológicos e morais de milênios atrás, ou seja, progrediu, como é a destinação natural do espírito. Humberto Campos relata que ele é, atualmente, um dos mais comprometidos trabalhadores do Cristo, mais consciente do seu papel, que na verdade se iniciara desde sua última encarnação no plano terrestre. Na obra, Humberto de Campos registra que a missão específica de Ismael para com o Brasil, assinalada por Jesus, seria implantar em nosso país o seu Evangelho e espalhá-lo daqui para o mundo. Ismael, assim, esteve na liderança espiritual de nossa nação desde o descobrimento, zelando pelo povo brasileiro em todos os acontecimentos, mesmo os mais conturbados (afinal, ainda estamos num mundo de provas e expiações). A própria formação do nosso povo, inicialmente pelos indígenas (que eram os mais simples de coração) e depois com os africanos (aqueles sedentos da justiça divina, a expressão dos humildes e dos aflitos) e europeus (que trouxeram os avanços do campo da ciência e outros conhecimentos), ainda que por caminhos tortuosos, seria um passo importante para formação da alma coletiva do nosso povo e a concretização do caminho espiritual planejado para o Brasil. A chegada em solo brasileiro de grupos de homeopatas, grupos de estudos de fenômenos espirituais (mesmo antes de Hydesville), dentre outros, também foi um trabalho atribuído aos esforços de Ismael e sua equipe, o que por fim culminou com o enraizamento da recém revelada Doutrina Espírita em nossas terras.
Interessante que Deus afirmava a Abraão que Ismael seria o líder de uma grande nação, que hoje é reconhecida como o povo árabe. Mas Jesus também convoca Ismael para ser novamente líder de uma grande nação, desta vez o Brasil, local estratégico para difusão do Evangelho por todo o planeta.