Encontrado, fortuitamente, um site que oportunizava a leitura do Evangelho ao acaso, cliquei para ver se nele estava alguma orientação do Pai para mim. Vejamos...
A beneficência (V)
Meus caros amigos, todos os dias ouço entre vós dizerem: “Sou pobre, não posso fazer a caridade”, e todos os dias vejo que faltais com a indulgência aos vossos semelhantes. Nada lhes perdoais e vos arvorais em juízes muitas vezes severos, sem quererdes saber se ficaríeis satisfeitos que do mesmo modo procedessem convosco. Não é também caridade a indulgência? Vós, que apenas podeis fazer a caridade praticando a indulgência, fazei-a assim, mas fazei-a largamente. Pelo que toca à caridade material, vou contar-vos uma história do outro mundo.
Dois homens acabavam de morrer. Dissera Deus: Enquanto esses dois homens viverem, deitar-se-ão em sacos diferentes as boas ações de cada um deles, para que por ocasião de sua morte sejam pesadas. Quando ambos chegaram aos últimos momentos, mandou Deus que lhe trouxessem os dois sacos. Um estava cheio, volumoso, atochado, e nele ressoava o metal que o enchia; o outro era pequenino e tão vazio que se podiam contar as moedas que continha. Este o meu, disse um, reconheço-o; fui rico e dei muito. Este o meu, disse o outro, sempre fui pobre, oh! quase nada tinha para repartir. Mas, oh! surpresa! postos na balança os dois sacos, o mais volumoso se revelou leve, mostrando-se pesado o outro, tanto que fez se elevasse muito o primeiro no prato da balança. Deus, então, disse ao rico: destes muito, é certo, mas destes por ostentação e para que o teu nome figurasse em todos os templos do orgulho e, ao demais, dando, de nada te privaste. Vai para a esquerda e fica satisfeito com o te serem as tuas esmolas, contadas por qualquer coisa. Depois, disse ao pobre: Tu deste pouco, meu amigo; mas, cada uma das moedas que estão nesta balança representa uma privação que te impuseste; não destes esmolas, entretanto, praticaste a caridade, e, o que vale muito mais, fizeste a caridade naturalmente, sem cogitar de que te fosse levada em conta; foste indulgente; não te constituíste juiz do teu semelhante; ao contrário, todas as suas ações lhe relevaste: passa à direita e vai receber a tua recompensa. — Um Espírito protetor. (Lião, 1861.) - (Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIII, item 15.)
Sim, serve de lição para mim. Há muito sei da importância da indulgência, de não me arvorar como juiz do próximo, mas sempre está acontecendo isso comigo, nos semáforos principalmente, onde mãos se estendem e sempre estou tentando ser justiceiro, de quem merece ou não aquela ajuda... minha mente racional diz que estou certo, eu devo ser prudente para não estar alimentando alguma maldade disfarçada naquela mão estendida. No entanto, vejo bem, aqui está uma mensagem do Pai que me diz o contrário. Não posso ser o juiz de ninguém, devo ser indulgente. Minha mente quer anular essa informação, mas minha lógica diz que se eu fizer assim devo anular todas as demais mensagens que recebo do Pai. Então, a lógica impede que a razão, da forma que surge na minha consciência, se materialize. Deve prevalecer a indulgência, a benevolência, mesmo que as minhas moedas assim distribuídas não tenham o peso daquele saco do pobre.
Mas pode ser o primeiro passo nessa minha dificuldade de tanto tempo e que talvez isso me afaste do Pai, como um filho desobediente.