Meu Diário
23/09/2020 00h19
CAMINHOS E PROVAS DE DEUS

            Deus está sempre conosco, principalmente daqueles que procuram ficar mais sintonizados com Ele. Apesar de eu não ser um filho bom comunicador com Ele, não encontro as palavras nem os momentos para ficar mais perto dEle, confesso que estou sempre perto (que paradoxal, não é?... mas não vejo outra forma de expressar esse sentimento de ausência/presença), pois quando surge algo diferente vem logo à minha mente que Ele está agindo de alguma forma.

            Assim aconteceu hoje (dia 18-09-2020) quando fui tirado de forma radical da minha rotina. Meu filho Eric tinha se submetido a uma cirurgia simples para corrigir uma fístula/abcesso em região não vital. Acompanhei ele no hospital, falei com a cirurgiã do caso, e deixei ele e a mãe em casa em condições de fazer os curativos. De repente surge uma hemorragia não controlável em casa e ele foi com a mãe de urgência para o pronto socorro. A cirurgiã foi avisada e foi até a urgência fazer a correção do vaso que extravasava o sangue. Eu havia cochilado num apartamento longe deles, antes da viagem que faria para Caicó as 2h30 do dia seguinte. Foi quando despertei percebi o recado deles, angustiados, e a mãe até desesperada, pedindo e exigindo a minha presença, que eu não deveria ir para Caicó, deixando o filho nessa condição. Por meu conhecimento técnico, sabia que nada disso poderia levar ao desenlace fatal, não havia nenhum órgão vital envolvido, a região não era de risco para a funcionalidade orgânica. Meus pacientes do interior, que se deslocam de uma cidade a outra para terem a consulta comigo, iriam se ressentir da minha ausência, um fato que nunca aconteceu durante os mais de 10 anos que trabalho nessa cidade e região, distante cerca de 240 km da capital, onde resido. Pelo meu raciocínio técnico, não justificaria a minha falta, mas entrou o raciocínio lógico que assume uma dimensão mais ampla, circunstancial, relacional... algo que eu acabara de criticar na cirurgiã que usando o raciocínio técnico não havia dado os dias de licença necessários para a mãe acompanhar o filho e servir de enfermeira nos curativos e demais ações, já que moram sozinhos. Eu não poderia fazer a mesma coisa que ela fez, agir somente pelo raciocínio técnico. 

            Nesse momento senti a presença de Deus sondando meu coração, mente e livre arbítrio. Foi quando tomei a decisão de ficar perto do meu filho e sua mãe e iria informar a todos o que estava acontecendo para atenuar os efeitos de minha falta. Senti a solidariedade de todos a quem comunicava e percebi que a dinâmica relacional dos envolvidos direta ou indiretamente, era de exercer a fraternidade com a pessoa em dificuldade, mesmo que isso trouxesse algum tipo de “prejuízo”. Era a semente de Deus plantada em cada criatura que iluminava a razão. 

            Conversei com o Pai, pedi o que geralmente estou pedindo, sabedoria, coragem e inteligência rápida para fazer a vontade dEle e não a minha. Pedi a proteção para Eric que é o alvo do que está acontecendo e para a sua mãe que é o pivô de todas as ações em busca do benefício do filho. O Pai não pediu, mas senti que deveria fazer um agrado, como fazemos com o pai biológico quando queremos alguma coisa dele. Disse ao Pai que queria a Sua proteção para Eric e a mãe, mesmo que nesse momento eles não tivessem merecimento pela lei de causa e efeito, mas que eu estava disposto a pagar algum preço em forma de intercessão. Ficaria sem colocar alimento nenhum no meu corpo durante três dias como forma de ficar mais próximo de Si e dos meus irmãos espirituais que também estão engajados na realização de Sua vontade.

            Eis um caminho diferente que o Pai de repente coloca à minha frente. Até o momento estou me sentindo em sintonia com Ele, trazendo harmonia em todos os espaços e circunstâncias, materiais e relacionais, mesmo que isso tenha trazido algum atropelo para outras pessoas, mas todas com capacidade de usar o dom da solidariedade e da fraternidade, para se ajustarem sem ressentimentos. 

            Também é uma prova, o Pai está observando por onde estou dirigindo meu livre arbítrio, se isso é harmônico com sua vontade, se consigo controlar os impulsos egoístas de autopreservação, por isso ofereci a prova do jejum por três dias, pois esta é uma das maiores forças que dominam a minha mente, associada ao erro da gula e levando ao prejuízo da obesidade. Este vai ser o ponto focal da minha provação, mas sei que durante esses três dias de maior aproximação com o mundo espiritual, outros eventos irão ocorrer, daí eu necessitar da inteligência rápida para decidir, sabedoria para considerar todo o contexto envolvido e coragem para colocar em prática o que a consciência decide como o correto.


Publicado por Sióstio de Lapa em 23/09/2020 às 00h19


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr