Nossa origem está sempre impregnada de dúvidas. A Bíblia traz uma boa explicação para isso e lendo o livro de Severino Celestino, ˜Jesus, o Messias das Nações”, fiquei inspirado em fazer este texto.
No prólogo do Evangelho de João, foi escrito: No princípio já existia o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo estava em comunhão com Deus.
Dito desta forma, as nossas origens têm principio com Deus e com o Verbo. Compreendendo o Verbo ser o Cristo, não entra no mérito da criação do Verbo. É como se o Verbo já existisse com Deus desde o princípio, quer dizer, ambos foram incriados, que têm as características da eternidade.
Essa compreensão vai de encontro aos ensinamentos dos Espíritos, que dizem ser todos os espíritos criados por Deus, simples e ignorantes, inclusive Jesus que se tornaria o Cristo.
Então, onde está a verdade? Com João ou com os Espíritos? Sabemos que João escreveu seu Evangelho inspirado por Deus, pelo Cristo; sabemos que Kardec escreveu “O Livro dos Espíritos” como as respostas dos próprios Espíritos às suas perguntas dirigidas a diversos médiuns. Onde está a maior fidedignidade? Não é que estejamos a encontrar mentiras de um lado ou de outro, mas sim onde se encontra o maior poder de coerência dentro da racionalidade que podemos evocar.
Por mais que João seja honesto e quisesse escrever o que recebia como intuição divina, ele era uma só pessoa, com suas próprias convicções e entendimentos e que isso poderia desviar a intuição divina para as suas convicções pessoais. Dessa forma, observamos uma série de aberrações escritas na Bíblia por várias pessoas intuídas por Deus, como se fosse a vontade de Deus, o Que Deus realmente teria escrito se Ele mesmo pegasse o lápis e escrevesse.
O Livro dos Espíritos, por outro lado, não é uma intuição de Kardec. Pelo contrário, ele usou de toda a racionalidade para fazer perguntas pertinentes a diversos espíritos através de diversos médiuns e só aproveitou aquilo que mostrava coerência. Dessa forma, o texto que mais se aproxima da verdade, pela força da coerência, é aquele decorrente das respostas dos Espíritos, por não está alicerçada numa única pessoa e ser passada pelo crivo da crítica a cada momento.
Entendendo dessa forma, teríamos que fazer um corretivo das palavras de João, da seguinte forma: No princípio existia Deus, o Criador de tudo e de todos. Criou os espíritos simples e ignorantes com potencial de desenvolvimento moral e chegar ao máximo de comunhão com Ele, com capacidade plena de co-criação, como o Cristo que se tornou Verbo de Deus, filho unigênito em nosso universo.
Dessa forma compreenderíamos melhor a distinção de Deus e do Verbo que João queria explicar, mas sem deixar o entendimento de que Deus e o Verbo existia de todo o sempre. Apesar de toda a comunhão que o Verbo possa ter com Deus, ele não deixa de ser mais uma de Suas criações. Abre também a perspectiva que todos nós, espíritos encarnados e desencarnados, estamos numa trajetória evolutiva semelhante aquela experimentada pelo Cristo até chegar na comunhão plena com Deus, capaz de criar novos universos e assim ad infinitum (que não tem fim ou limite).