Na Bíblia, livro de Jó, tem uma informação interessante. Que Deus que nos criou, fez junto algo parecido com um boi, chamado de Behemoth, que tem a força nos seus lombos e poder nos músculos do ventre. Que a sua calda se move como um cedro e os nervos das suas coxas estão entretecidos. Os seus ossos são fortes como tubo de bronze e os seus membros como barras de ferro. Ele á a obra prima dos caminhos de Deus, que o fez e proveu de sua espada. (Jó: 40, 15-19)
Fiquemos a refletir: por que Deus fez conosco, no momento da criação, algo tão imponente? Tão poderoso? E que é a obra prima dos Seus caminhos? E ainda, está provido da Sua espada?
Sabemos que os livros que compõem a Bíblia foram escritos por intuição divina, mesmo que em muitos existam exageros que não está coerente com a essência de Deus. Será que este Behemoth é um desses exageros? Não existe esse ser dentro de nós? Pois fazemos dissecação do nosso organismo e só encontramos células. Células que formam tecidos; tecidos que formam órgãos; órgãos que formam sistemas; e que todos juntos formam o organismo.
Não encontramos o Behemoth!
Mas, do ponto de vista especulativo, alguns achados científicos podem justificar tal monstro. A biologia mostra que a vida se desenvolve na Terra há milhões de anos. A nossa criação feita por Deus não foi feita de forma imediata, gastou todos esses anos para se completar a partir de um processo evolutivo que inclui todos os seres vivos.
A filogenia a relação evolutiva entre grupos de organismos, espécies, populações, que é descoberto por meio de sequenciamento de dados moleculares e matrizes de dados morfológicos. Assim é formada a árvore da vida, mostrando a história evolutiva dos grupos, desde os seres unicelulares, protozoários, até os mamíferos, entres eles, nós, os humanos.
A embriogênese mostra que essa evolução que é observada pela filogenia nos corpos biológicos, existentes ou extintos, também é processada na formação dos nossos corpos individuais, como se houvesse um resgate histórico à nível da duplicação das células promovida pelo gerenciamento genético.
Mas, devemos focar nossa atenção no órgão responsável por nosso comportamento: o cérebro. Ele também sofre, como todo o organismo, os efeitos da filogenia e da embriologia. A anatomia e fisiologia mostram os locais bem específicos para cada ação comportamental e percepção ambiental. Em termos mais genéricos, temos a composição de três regiões funcionais, como defende a teoria de Paul McLean: Neocórtex, onde estão as funções intelectuais superiores; Sistema Límbico, mamífero, a camada intermediária, responsável pelo emocional; e o Cérebro Reptiliano, situado na base do cérebro, responsável pelas ações instintivas, ligadas à sobrevivência.
Com todos esses conhecimentos acumulados cientificamente, e com a observação do comportamento humano ter aspectos próximos a animalidade, podemos inferir que o monstro, o animal citado na Bíblia como o Behemoth, tem existência em nosso psiquismo, com suas energias, mesmo que não seja encontrado anatomicamente. E o local mais conveniente à sua localização é na base do cérebro, com afinidade ao passado reptiliano, com a força instintiva da sobrevivência. É esta força que pode ser identificada como a espada de Deus, garantindo a vida do organismo pela lei do mais forte.
No ambiente de relações, onde o cérebro sofisticado do homem consegue racionalizar a existência, de ser uma criatura de Deus assim como todo resto da criação, e portanto todos são irmãos, a energia do Behemoth deve ser contida para não prejudicar a terceiros e fazer a vontade do Criador, a evolução harmônica de todos os seres, no mundo material e no mundo espiritual, que é nossa referência de vida.
Assim, compreendemos a energia do Behemoth à nível da mente e que se depara com a consciência espiritual. Existem sete aspectos comportamentais que denunciam o excesso da influência do Behemoth em nosso espectro comportamental, que são identificados como os sete pecados capitais: soberba, gula, luxúria, ira, vaidade, avareza e inveja. São formas disfuncionais de comportamentos que são executados para suprir nossas necessidades de sobrevivência gerando o egoísmo, prejudicial ao próximo.
Como vivíamos mergulhados nessas diversas formas de egoísmo, o Pai sempre enviou no tempo e no espaço avatares, que é a descida de um ser divino à Terra na forma materializada para ajudar na domesticação do Behemoth. Foi o caso de Buda, Krisna e o maior de todos e mais próximo a Deus foi Jesus de Nazaré. Veio ensinar sobre a prática do Amor Incondicional e na construção do Reino de Deus através da reforma íntima. Isso implica na domesticação do Behemoth, pois não podemos destruí-lo, ele tem uma função importante dada por Deus. Ele pode se tornar um aliado na nossa missão espiritual.
Durante os três anos de sua missão, Jesus convocou 12 pessoas para ficarem perto dEle e observarem as ações de conteúdo moral e milagroso. Mesmo que não conseguissem entender toda a verdade que o Cristo trazia, e portanto muitos ensinamentos foram feitos na forma de parábolas, foi o suficiente para eles absorverem e escreverem os Evangelhos para disseminar a mensagem através do tempo e do espaço.
A convocação feita pelo Cristo há 2.000 anos continua sendo realizada pelas pessoas que incorporam e praticam os seus ensinamentos, na construção da família universal que leva a formação coletiva do Reino de Deus, a partir da reforma íntima, da domesticação do Behemoth de cada pessoa.
Mesmo que vivamos num meio tempestuoso, cheio de sombras da ignorância que deixa o Behemoth agindo com sofreguidão e que gera tanto mal, temos condições de portar a luz e por onde andarmos dissipar as trevas.