João Batista tinha uma missão: ser o precursor de Jesus. Aquele que vinha do Pai com a missão de ensinar para nós a forma correta de amar, incondicionalmente, sem colocar dentro do Amor qualquer natureza mercadológica, de troca de favores. Esta seria a condição para que cada pessoa agindo assim, limpasse seu coração e se tornasse apto a ser um cidadão do Reino de Deus, iniciando pela formação da família universal, onde todos se considerassem verdadeiramente como irmãos. Sabemos que tanto João Batista como Jesus Cristo cumpriram a contento suas missões, dentro de uma sociedade mergulhada na barbárie do egoísmo, que não reconheceram suas missões divinas e ambos foram trucidados brutalmente.
O mundo continua dominado pelo egoísmo, mesmo que não tenha as características animalesca de antes. Hoje temos um pouco das tinturas do cristianismo a dar uma aparência mais humana dentro da sociedade. Mas continuamos com a necessidade de evoluir para a prática da família universal e a construção do Reino de Deus dentro da comunidade. A forma de amar incondicionalmente continua pouco entendida e pouquíssimo praticada por quem chega a compreender. Talvez, e parece uma certeza, que necessitamos mais uma vez de um precursor para criar uma maquete circunscrita da família universal para que Deus envie um novo filho mais evoluído, um novo ou o mesmo Cristo, para colocar em prática o amor incondicional em todo o planeta.
Como seria reconhecido esse novo precursor? Teria as mesmas características de João Batista? Seria dado à profundas meditações, sintonizado com a natureza, com os animais, amante da verdade e da justiça, com a mente mergulhada em profundos pensamentos da prática do amor? Terá a consciência de trazer para a humanidade a forma de trilhar o caminho já ensinado pelo Mestre?
Havia uma relação próxima de Jesus com seu precursor. Jesus sabia que toda preparação útil e generosa no mundo é preciosa e que ele já estava com Deus. Sabia que o Pai deseja de todos os seus filhos uma exemplificação que seja boa. Ele escolheu a melhor escola, pediu que José o admitisse na carpintaria para acompanhar seus trabalhos, como se quisesse ensinar que a melhor escola para Deus é o lar e o esforço próprio.
O conjunto Jesus-João é como se fosse a combinação Amor-Verdade para a conquista do mundo. João começou sua tarefa de preparação do caminho à Verdade, precedendo o trabalho divino do Amor realizado por Jesus. João era a Verdade, que na sua tarefa de aperfeiçoamento, dilacera e magoa, deixando-se levar aos sacrifícios extremos. É como se a Verdade recebesse um bloco de mármore puro e lhe trabalhasse as asperezas para que a obra do Amor surja em sua pureza divina.
João Batista foi a voz clamante no deserto, operário da primeira hora. Ele é o símbolo rude da Verdade que arranca as mais fortes raízes do mundo, para que o Reino de Deus prevaleça nos corações.
Devemos ter essa disciplina com a Verdade, desfazendo as sombras do caminho, para que surja a espontaneidade do Amor. Este é o primeiro sinal do cristão ativo, em guerra com as próprias imperfeições do seu mundo interior, a fim de estabelecer em si mesmo o santuário de sua realização com o Cristo.