Interessante procurar saber como o mal pode se desenvolver e ameaçar todos os países do mundo. O que se passou na Alemanha Nazista sob o comando de Hitler e seus asseclas, abordado pela Netflix em uma série sob o título “Hitler’s circle of evil” serve como um bom campo para nossas reflexões.
XXIII
Nos primeiros anos de formação da SS, Himmler investe muito tempo na escolha a dedo dos novos membros da organização. Ele acredita piamente que a aparência física é um reflexo de seu valor racial.
Analisando as fotografias, ele elimina candidatos que não tem o estereótipo ariano. Mesmo assim para ser considerado, o candidato precisava traçar sua ascendência alemã até o século 18.
A visão de Himmler sobre a SS evolui lentamente nos anos 20. Ele é atraído pela ideia quase mística de cavaleiros do movimento, homens que serão os nacional-socialistas mais puros.
Embora, tecnicamente, a SS ainda faça parte da AS, Himmler garante que seus homens se destacarão. Uma força de elite de cavaleiros nazistas. Himmler veste sua elite ariana com uniformes característicos, feitos pelo designer de roupas Hugo Boss, membro do Partido Nazista. Era preciso usar botas e calças pretas. E tinham um emblema de caveira e ossos cruzados. O totenkopf. Simbolizando força, propósito, lealdade e compromisso até a morte, é um visual marcante.
Pode-se comparar a SS a uma guarda imperial da Roma antiga. Os cavaleiros de Himmler se dedicarão a proteger e servir um homem: Adolf Hitler.
Ele percebe que a melhor forma de avançar era demonstrar a lealdade da SS ao Führer, permanecer leal e ficar ao lado dele sempre que houvesse alguma disputa dentro do partido, e defender as decisões do Führer sempre que possível.
Lentamente, as bases do círculo íntimo de Hitler são posicionadas. Hess cuida das decisões diárias e das regras do partido. Goebbels é o porta-voz do partido. E Himmler e sua SS são a força policial.
Por enquanto, há pouca animosidade entre os dois maiorais do partido: Himmler e Goebbels. A essa altura, eles ainda são jovens. Têm cerca de 25 anos. Então, ainda são figuras juniores, mas com muita ambição. Um tem conhecimento do outro. Um reconhece os talentos do outro. Eles se respeitavam. Um via no outro competência, eficiência, dedicação, rigor, coisas que admiravam muito.
Trabalhando em esferas diferentes, esses dois jovens empreendedores investem energia e esforço no sucesso do partido.
Em 1927, termina a proibição de discursos de Hitler, e o Partido Nazista pode usar sua arma mais poderosa com o público alemão. Sua mensagem: a Alemanha deve retomar controle de suas finanças quanto aos vitoriosos da Primeira Guerra. Quando ele volta a discursar, fala de algo que vira uma grande questão. A Alemanha em recuperação não pode ser controlada por forças financeira externas.
Hitler avançou de forma bem eficaz, tornando-se proeminente ao tratar dos interesses da Alemanha.
Os discursos populistas de Hitler fascinam as massas alemãs, mas os nazistas também precisam do apoio dos poderosos da Alemanha. No passado, Hermann Göring tinha sido essa conexão. Mas ele está exilado, inimigo do Estado, e nos últimos quatro anos sofre com a dor e o vício em morfina.
Finalmente, uma porta se abre para Göring. Para celebrar os 80 anos do presidente Hindenburg, o Parlamento oferece anistia aos exilados políticos. Göring aproveita a chance. Em 1927, ele volta, achando que será recebido de braços abertos pelo nazismo, e que Hitler dirá: “Volte, Hermann, somos velhos amigos.” Mas em vez disso, ele tem uma recepção meio fria.
Mas Hitler percebe que os talentos de Göring seriam de grande valor. O trunfo que Göring tem ao voltar é o fato de ele ser uma personalidade, sociável, ter contatos. Com seu status de herói e suas habilidades sociais, ele se apresenta como embaixador do partido. Ele logo vira a ligação entre os nazistas e o poder conservador da Alemanha. Eles não o veem como um perigoso terrorista político. Não é como Himmler e Goebbels. Ele será muito útil ao partido para construir ligações com as forças conservadoras.
Com o círculo íntimo junto novamente, precisam apostar tudo e arriscar nas eleições nacionais de 1928. Discurso público, panfletagem, astutas manobras de bastidores. Todos têm um papel. É hora da recompensa após anos de reconstrução. Para Hitler, é um teste. Ele está confiante de que 1928 será o ano da virada. Isso se o caminho legal ao poder gerar mesmo votos e assentos.
Mas enquanto a máquina nazista funciona bem, a mensagem deles de crise iminente não condiz com o ânimo geral. A eleição de 1928 para o Partido Nazista foi um total desastre. Era a chance de eles mostrarem que era um partido legítimo, que a visão nacionalista e socialista para a Alemanha era o modo de avançar. As pessoas não acreditaram nas politicas de Hitler.
Conseguindo apenas 2,6% dos votos nacionais totais, tiveram 100 mil votos a menos que na eleição de 1924. Após quatro anos de tanta campanha, é catastrófico.
Mesmo em Berlim, onde Goebbels fez campanhas incessantemente e provocou todo tipo de problema para conseguir notoriedade e publicidade para seu pequeno movimento, eles conseguiram mais apoio, mas estava longe de ser o partido majoritário.
Enquanto a Alemanha estiver próspera, ninguém quer ouvir histórias pessimistas, apocalípticas de Hitler. Partidos marginais nos extremos do espectro político precisam de uma crise para chegar ao poder. Em 1928, os alemães se sentiam confortáveis e não precisavam ser tirados da zona de conforto por Adolf Hitler.
Os nazistas ganham apenas 12 dos 500 assentos do Reichstag. Do séquito de Hitler, apenas Goebbels e Göring são eleitos membros do Parlamento. É pouco consolo.
No fim de 1928, fica claro que o partido está em crise. Para onde vai? Não está conseguindo votos. O número de membros cresce lentamente. Está claro que eles precisam de uma crise. O partido só se tornaria politicamente importante se houvesse uma crise.
Com suas previsões de catástrofe financeira sendo ignoradas, o Partido Nazista está à beira de desaparecer como força política. Eles precisam de um milagre e o conseguem.
Em 29 de outubro de 1929, há uma quebra da Bolsa de Valores em Wall Street, e os financistas americanos cobram seus empréstimos à Alemanha. Da noite para o dia, o país volta à anarquia do desemprego e da falência. Apenas um homem previu isso: Adolf Hitler. Imediatamente, ele passa de político sem importância a profeta.
Enquanto o país mergulha em caos, os ambiciosos homens ao redor de Hitler recebem uma oportunidade de ouro que agarram com as duas mãos.
Sempre a ambição está em volta daquele que pode atender seus desejos, não importa que método use para isso, quer seja a violência como na Alemanha, quer seja com a corrupção como no Brasil. Sempre a crise é a temperatura certa para esses ovos de serpente vingar. Por isso as pessoas com essas más intenções, torcem ou geram as crises para poderem surgir como o salvador dos inocentes.
Chega o momento em que as lições do Cristo devam superar essa gestão de crises e organizem a sociedade com harmonia e justiça, liberdade e solidariedade, para que caminhemos em direção ao Reino de Deus.