Interessante procurar saber como o mal pode se desenvolver e ameaçar todos os países do mundo. O que se passou na Alemanha Nazista sob o comando de Hitler e seus asseclas, abordado pela Netflix em uma série sob o título “Hitler’s circle of evil” serve como um bom campo para nossas reflexões.
XXV
A eleição de 1930 é um momento decisivo, e agora eles podem pensar na possibilidade de um dia chegar ao poder, ter cargos ministeriais e responsabilidades políticas.
Pela primeira vez em seis anos, o plano deles de chegar ao poder por meios legais parece ser uma possibilidade real. Mas para um membro do círculo intimo, o ambicioso ex-herói de guerra Hermann Göring, o resultado significa mais que ganho político.
A eleição proporciona uma restauração fundamental a Göring. Ele estava no Parlamento desde 1928, mas agora tem um assento seguro e pode começar a encher os bolsos. Ele é um industrialista, tem suas próprias empresas, e pode usar a promessa de ação dos nazistas para incentivar o apoio ao nazismo de figuras importantes da indústria. Mas no círculo íntimo de Hitler, é melhor não tirar os olhos dos rivais.
O Partido Nazista está avançando com sucesso. Mas, apesar dos ganhos políticos, há um problema persistente de seus dias de violência e revolução. Os camisas pardas da SA, os músculos do partido, estão se tornando um constrangimento. A SA parede a ralé que realmente é. Sim, usam uniformes, mas são um bando de arruaceiros. Causam problemas e, agora, se sentem encorajados porque o nazismo se tornou uma grande força política.
Na pré-eleição, houve vezes que abandonaram seus deveres e, em alguns casos, atacaram membros do Partido Nazista. No começo dos anos 30, a SA era um problema para Hitler. Eles chegaram a entrar em conflito com membros do partido. Eles precisam de um líder que os controle. Com seu histórico militar, Hermann Göring é escolha óbvia.
Göring comandava a SA antes do golpe de 1923. Há uma percepção de que é um trabalho que ele pode fazer. Mas Göring ficará decepcionado. Heinrich Himmler tem outros planos. Ele não quer lidera a SA pessoalmente, mas vê a ameaça deles como chance de alavancar sua própria posição. Sua bem treinada SS é uma alternativa inspiradora a Hitler, moldada por Himmler com seus ideais de cavalaria de seus míticos ancestrais arianos.
Himmler quer que a SS seja a representação de um ideal. Não quer um bando de brutamontes, quer que seja altamente disciplinada e politizada, uma força de elite.
Mas a SA, em competição direta com a SS é um obstáculo para seus planos. Quem assumir a SA precisa simpatizar com sua visão, e ele sabe quem seria ideal. Um membro do círculo íntimo há tempos esquecido: Ernest Röhm.
Cinco anos antes, esse veterano da Primeira Guerra e beligerante calejado liderava a SA, antes de se desentender com Hitler sobre o papel da milícia e ser excluído do partido. Logo depois, ele se mudou para a Bolívia.
Durante esses anos de exílio praticamente auto imposto, um nazista manteve contato com Röhm: o atento e astuto Heinrich Himmler.
Röhm recrutou Himmler ao nazismo. E agora ele o vê como uma alternativa viável a Göring. Agindo nos bastidores, Himmler ameniza a desavença entre Hitler e seu velho amigo Röhm. E dá certo.
Em 1930, Hitler pediu a Röhm para voltar da Bolívia e assumir o comando. Hitler nunca confiou 100% em Röhm, mas sabia que suas habilidades eram úteis ao movimento.
Röhm está de volta.
A vitória nas eleições começa a produzir dinheiro para os cofres do partido e dos seus integrantes. Mais uma vez, mesmo num país de primeiro mundo, altamente sofisticado, a corrupção prevalece, mesmo que não seja tão escancarada como aconteceu no Brasil. Pessoas como Röhm que podem assumir tarefas partidárias, sem escrúpulos, e fortalecer aqueles que o favorecem, logo são lembrados para a composição do que aqui no Brasil chamamos de quadrilha, e lá está identificado como o circulo do mal, que não deixa de ser a mesma coisa.