O Cristo esteve fisicamente entre nós há 2.000 anos. Cumpriu a sua missão, nos ensinou sobre o Reino dos Céus e que bastava limpar o coração do egoísmo para nos tornar um cidadão desse Reino. Uma condição aparentemente fácil, mas que não conseguimos implementar até o momento. Parece o contrário, apesar do avanço científico e tecnológico, não alcançamos uma evolução moral capaz de nos tirar da condição animal.
Este evento que estamos iniciando hoje, nos leva à reflexão do porque, apesar de tanto avanço social, as forças espirituais não conseguem através de nós, que estamos engajados nos trabalhos espirituais, não conseguimos fazer isso, nem que fosse uma simples comunidade, em qualquer lugar do mundo.
O primeiro ponto a fazer aqui é tirar a trave do próprio olho e nos perguntar: que estou fazendo para burilar o meu coração do egoísmo? Isso serve como uma forma de ensinamento para quem nos assiste, um pouco diferente. Geralmente vamos ensinar, lembrar atos do Cristo que nos ensinava com suas palavras e exemplos. Acredito que todos aqui tenhamos suficiente informação sobre a vida do Mestre e seus ensinamentos. Vamos agora prestar contas: o que estamos fazendo para implementar o Reino de Deus, dentro do coração e dentro da sociedade?
Vou começar por mim. Uma forma de confissão pública. Que estou fazendo para cumprir minhas responsabilidades espirituais frente ao Cristo? Desenvolvo minhas responsabilidades materiais de forma coerente com o amor incondicional? Consigo evitar a força do Behemoth, do monstro interno citado na Bíblia, no livro de Jó, responsável por nossa sobrevivência física, e que pode induzir com sua força instintiva e nos fazer exagerar em nossas necessidades surgindo daí os sete pecados capitais? Gula, preguiça, avareza, soberba, ciúme, inveja e libido. Estamos conseguindo domesticar todas essas energias que surgem desse monstro criado por Deus junto conosco, ao longo das eras de evolução, que está morando energeticamente em nosso cérebro reptiliano, o andar mais baixo do cérebro, no tronco cerebral, onde comanda todos os núcleos neuronais automáticos para manter a glicose, a temperatura, a pressão arterial, os batimentos fisiológicos, todos dentro dos padrões de normalidade, sem precisar da nossa interferência racional. Por isso ele é tão importante, considerado na escrita intuída por Jó, a obra prima de Deus.
Agora, é nossa responsabilidade espiritual controlar essa energia de natureza egoísta, para que não prejudique ao próximo nem a nós mesmo. Pois o exagero na aquisição do prazer que essa energia nos traz, pode nos levar a obesidade, a dependência química, à corrupção, ao crime de várias ordens.
Esta é a primeira reflexão que faço intimamente e que cada um pode fazer de onde estiver. É o controle dessa condição que nos deixa capacitado para ser um cidadão do Reino de Deus, mesmo que convivamos em ambiente hostil e até depravado, por força das circunstâncias.
A segunda reflexão vai ser o motivo de nossas atividades neste evento, amanhã pela manhã. O que estamos fazendo no meio social, com o próximo que está perto de nós e que passa por dificuldades? Estamos nos engajando pessoalmente na resolução desses problemas como se essa pessoa fizesse parte da nossa família consanguínea? Um pai, uma mãe, um irmão, um tio, um sobrinho, etc.? Ao fazer isso, nós estaremos desviando recursos e tempo da família nuclear para aquela pessoa que não tem nenhuma ligação conosco, a não ser sua necessidade identificada. Aí estaremos amando a Deus através do amor dessa pessoa, assistindo ao Cristo nessa pessoa, e estamos pertencendo agora a família espiritual que o Cristo ressaltou: “Minha mãe e meus irmãos são todos aqueles que fazem a vontade do Pai”.
Sei que tudo isso que posso fazer é uma gotinha de amor no incêndio de egoísmo. Mas sigamos o exemplo do beija-flor e levemos nossa gotinha, pois assim é que se forma o mar. Este evento tem este sentido, cada gotinha aqui formada, incentivada, motivada, irá formar o rio de fraternidade que o Cristo nos ensinou que iria desembocar na família universal, no Reino de Deus.