Interessante procurar saber como o mal pode se desenvolver e ameaçar todos os países do mundo. O que se passou na Alemanha Nazista sob o comando de Hitler e seus asseclas, abordado pela Netflix em uma série sob o título “Hitler’s circle of evil” serve como um bom campo para nossas reflexões.
XXXVI
Para mudar a vontade do povo, era preciso de mais ferramentas poderosas de propaganda. Goebbels visa a estatização de toda a mídia alemã sob seu controle. Jornais, a recente indústria do cinema e as rádios. Além de ajudar a manipular o povo alemão, ele criará seu próprio império da mídia. Ele quer sua propaganda em todas as casas da Alemanha e sendo transmitida nas ruas. Seu primeiro passo é tomar o controle de todas as estações do país. Mas há um problema: Hermann Göring.
Em 1933, dois membros do círculo íntimo entram em conflito interno destrutivo. São Goebbels e Göring.
Cada estado da Alemanha controlava suas próprias estações de rádio, mas agora Goebbels assume o controle em todos os estados. Exceto um. O estado da Prússia. É o maior estado e o qual Göring controla diretamente como ministro do interior da Prússia.
Göring quer ter seu próprio império, e no centro dele está a Prússia. Goebbels argumenta com fervor para controlar a mídia prussiana. Ele é a favor de centralizar os pequenos estados alemães e juntá-los em um Reich alemão unificado. Mas Göring mantém-se firme, ver isso como uma tomada de território por Goebbels e tenta se contrapor, e Goebbels escreve em seu diário que está chocado com Göring. Esse é mais um exemplo da briga constante entre esses dois homens.
Goebbels considera levar o assunto a Hitler, mas vê que, com Göring, é sensato esperar a hora certa. Por enquanto, Göring ganhou.
O mal tem uma face única que pode se maquiar da forma que considere, mas eficiente. Mas por dentro da estrutura do mal, as suas diversas alavancas de força podem ter características bem distintas, mas sempre no sentido de capitalizar o potencial de força central. Era assim com Göring e Goebbels. O primeiro queria ser poderoso a partir de sua gerência na Prússia; o segundo queria ser poderoso através de sua gerência na Propaganda do Estado. Claro, a intercessão teria que acontecer e um dos dois teria que se sair vitorioso. Cada um sabia esgrimir bem as armas do mal, e neste primeiro embate Goebbels se saiu vitorioso, chegando perto da raiz do mal e induzindo maledicências para alcançar seu objetivo, como de fato acontecerá.
Tivemos a sorte que, no Brasil, as entranhas do poder maligno foram de alguma forma contidas em sua virulência com o papel da justiça que ainda tinha reflexos de dignidade e respeito aos seus deveres éticos. Principais figuras políticas e empresariais, mancomunadas com o mal foram parar na prisão, causando motivos para a população despertar e encher as ruas de todo país, exigindo a saída da quadrilha dos postos de poder.