Meu Diário
05/01/2021 00h04
CIRCULO DO MAL DE HITLER (43) – DESGRAÇA SOBRE DESGRAÇA

            Interessante procurar saber como o mal pode se desenvolver e ameaçar todos os países do mundo. O que se passou na Alemanha Nazista sob o comando de Hitler e seus asseclas, abordado pela Netflix em uma série sob o título “Hitler’s circle of evil” serve como um bom campo para nossas reflexões.

XLIII

            Se Goebbels queria demonstração pública de apoio à guerra contra os judeus, a Noite dos Cristais lhe deu isso. Mas a um preço alto. O nível de destruição é alarmante. Göring está chocado. Além de ter sido deixado de fora, está horrorizado pelos saques e pela destruição de bens valiosos.

            Göring era obcecado por bens materiais, então, ver tanta coisa destruída era detestável para ele. Houve 7.500 estabelecimentos de judeus destruídos. E muitos bens valiosos foram saqueados. Isso pode ser muito prejudicial à economia.

            Himmler também está furioso por tudo ter saído de controle. Para ele, esse tipo de vandalismo nas ruas estava no passado do movimento nazista e não poderia acontecer com os nazistas no poder. Ele pressionou para Goebbels ser demitido. Foi um momento crítico para Goebbels. Himmler esperava influenciar Hitler para que ele desse um basta, dizer que já tinha ido longe demais.

            Para Goebbels, a Noite dos Cristais pode prejudica-lo. Isso deu a chance de todos os seus rivais no círculo rodearem como abutres. Hitler interrompe o furor e deixa bem claro o que pensa. No fim, Hitler toma o lado de Goebbels, em uma demonstração pública de apoio a seu ministro da Propaganda.

            Parece que Goebbels se safou dessa. Mas apesar do apoio de Hitler, está claro que os rivais de Goebbels o farão pagar caro. Göring reclama que os danos precisam ser pagos e que Goebbels cuidará disso.

            Göring quer que Goebbels resolva. “Como arrumaremos dinheiro para pagar pelos danos? De onde virá o dinheiro?” encurralado, Goebbels mostra sua esperteza. Ele oferece uma solução simples e poderosa. Apresenta a solução mais diabólica de todas. Ele diz que os judeus pagariam, já que tinham sido os responsáveis.

            Em um momento de perversa inspiração, Goebbels salva sua carreira política. Eles concordam em cobrar uma multa de um bilhão de reichsmarks dos judeus para cobrir os custos da destruição. Eles têm de pagar pelos danos causados a eles pelos Estado, o que é terrível para os judeus. É desgraça em cima de desgraça para eles.

            Goebbels já sobreviveu duas vezes a um possível fim de sua carreira, apesar dos esforços de seus rivais no círculo íntimo. Mas, o principal é que suas ações estabeleceram um precedente. Os horrores da Noite dos Cristais estabeleceram o tom para uma brutalidade crescente contra os judeus. Como nazista, agora não bastava odiá-los, era preciso destruí-los. Mas eles aprenderam a fazer isso discretamente.

            Eles queriam acelerar a eliminação dos judeus, tirando-os da Alemanha e pegando suas propriedades. Mas isso seria feito discretamente. As pessoas não veriam o que acontecia.

            De agora em diante, Himmler cuidará da questão dos judeus. Seu ataque aos judeus será mais discreto. Mas suas brutalidades serão mais chocantes, ao lançar o partido em atos de horror sem precedentes.

            Como o Estado que deveria defender seus cidadãos passa a coloca-los na categoria de criminosos ou vítimas indefesas? Tais atos arquitetados pela cúpula nazista deixa um fedor de podre na sociedade, que não é mais justa... é uma sociedade amedrontada, se fazendo de cegos para não se virem vítimas da perseguição dos malvados. No Brasil, não chega a ter essa dimensão macabra do que ocorria na Alemanha, mas também observamos a ação dos malvados com suas falsas narrativas destruindo reputações e salvando meliantes de suas merecidas punições. Felizmente aqui podemos colocar em confronto as narrativas mais próximas da verdade, e os bons que estão iludidos, podem a qualquer momento saírem da hipnose em que caíram.


Publicado por Sióstio de Lapa em 05/01/2021 às 00h04


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr