Este é um tema que veio à minha reflexão depois que li sobre a concepção de “Sócio de Deus” que o bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus desenvolve e pratica.
Ele diz que as bases da sociedade que tem com Deus é que tudo que nos pertence (vida, força, dinheiro) passe a pertencer a Deus e o que é dEle (bênçãos, paz, felicidade, alegria e tudo de bom) passa a nos pertencer, ou seja, passamos a ser participantes de tudo que é de Deus. O bispo procurava praticar essa sociedade no dia-a-dia inclusive junto com os familiares. Incentivava-os a se desfazer dos seus bens e entrega-los a Jesus. Chegou a propor um negócio ao tio que adoeceu de câncer, que se doasse o sítio que possuía, prometia que ele seria curado. O tio ouviu a proposta, ficou de pensar, mas morreu antes de decidir e dizer a resposta ao sobrinho.
A ideia por trás desse contrato é que, se a pessoa doa algum valor ou objeto, ou paga o dízimo, Deus contrai uma obrigação com ela e repreende os espíritos devoradores que desgraçam a vida do ser humano nas doenças, acidentes, vícios, degradação social e em todos os setores que geram sofrimento. Ao dar a prova de fidelidade a Deus, ela assina dessa forma o contrato com a doação realizada e pode exigir a contrapartida divina, expressar o desejo de prosperidade, não como quem pede ou suplica, mas como quem reivindica um direito.
Essa é uma forma mais sofisticada da antiga venda de indulgências que fazia a igreja católica. Vendia às pessoas poderosas um título que lhe daria direito a situações privilegiadas no céu, no paraíso, de acordo com o valor pago. Foi principalmente contra essa prática que o monge Martinho Lutero se rebelou e terminou criando o movimento cismático que iniciou o protestantismo.
Acredito que esta prática da Igreja Universal do Reino de Deus não esteja bem afinada com o Evangelho. Apesar disso, pode trazer benefícios aos fiéis que acreditam que estejam assinando tal contrato com Deus, sacrificando os seus bens pessoais para essa realização. Conforme a fé da pessoa, suas boas intenções, a ignorância do verdadeiro pacto com Deus, termina atraindo a misericórdia do Pai e sendo ajudada naquilo que é mais necessário para ela.
Agora, a ideia de um contrato com Deus é interessante. Precisava apenas de ser encontrada uma forma mais sintonizada com a vontade do próprio Pai. Como seria isso?
Bem, a doação para a Igreja que viabiliza esse contrato, como uma espécie de cartório celestial, é importante que exista. Tem a função de ensinar sobre a importância de Deus em nossas vidas e que podemos fazer um contrato com Ele.
O primeiro ponto desse contrato é reconhecer a condição de filho do Criador, e dessa forma, automaticamente, tudo que pertence a Ele como Pai, também pertence ao filho como criatura.
O filho tem o dever de fazer a vontade do Pai, sem esperar nunca ter autonomia suficiente para se tornar superior a Ele, como acontece geralmente nas relações biológicas entre pai e filhos carnais.
Um dos principais deveres que o Pai espera do filho que ele cumpra, é ajudar ao próximo como se fosse a si mesmo se tivesse naquela situação de necessidade.
Fazendo esse dever com o Pai, a sociedade está mantida, o valor monetário doado à igreja que está monitorando e ajustando esse contrato, passa a ser um elemento importante para a sua manutenção, mas secundário quanto ao valor. Como Jesus ensinou, as vezes uma simples moeda doada tem mais valor que um cheque milionário.
Este será o tipo de contrato com Deus que a Escola Igreja Trabalho e Amor (EITA) procurará desenvolver quando começar a funcionar como instituição.