Interessante procurar saber como o mal pode se desenvolver e ameaçar todos os países do mundo. O que se passou na Alemanha Nazista sob o comando de Hitler e seus asseclas, abordado pela Netflix em uma série sob o título “Hitler’s circle of evil” serve como um bom campo para nossas reflexões.
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Bormann vê a relação de Speer com o Führer como ameaça a ser lidada, neutralizada. Mas há outro membro do círculo cujos laços pessoais com Hitler não há como interferir, está além do seu alcance. Essa pessoa é Eva Braun. Ela tem sido a amante de Hitler por pelo menos seis anos.
Eva tinha 17 anos quando foi apresentada ao líder de 40 anos do Partido Nazista, enquanto trabalhava como assistente do fotógrafo oficial dele. Ela era bem extrovertida. Ela gostava de se divertir, exercitar e fumar, e essas eram coisas das quais Hitler não gostava. Então, quando Eva Braun ficava sozinha no Berghof com algumas amigas íntimas, ela levava uma vida totalmente diferente de quando Hitler estava lá.
Quando Hitler estava lá, algo pelo qual ela esperava ansiosa, eles tinham momentos íntimos que ela apreciava, mas também se ressentia por não poder ser ela mesma e por Hitler escondê-la.
Eva é deixada fora de vista, um segredo guardado do povo alemão. Para a imagem de Hitler, era necessário que, assim como Elvis no seu começo, ele não tivesse uma namorada assumida, pois isso afastaria muitas fãs. E seria muitíssimo ruim para Hitler, como astro político da Alemanha, ser visto em um relacionamento amoroso, romântico ou sexual com outra mulher. Por isso Eva era mantida em segredo.
Eva Braun pode parecer uma típica garota divertida, inocente, em seus filmes caseiros, mas ela tinha uma influência singular sobre o Führer e os rivais competidores sabiam disso.
Não surpreende que Eva Braun e Martin Bormann pareciam se odiar, já que buscavam supremacia na corte hitleriana. E as esposas dos líderes nazistas também têm receio de Eva. Estão imersas em ciúmes e intrigas tanto quanto seus maridos. Mas para seus parceiros ficarem próximos de Hitler, elas devem agradar a jovem Eva, por mais torturante que seja.
Há muitas mulheres ficando em Berghof, mas a maioria despreza Eva Braun por ela não ser casada, por ser amante de Hitler e alguém que não deveria ter posição alguma.
Uma esposa que não é vista nas filmagens de Eva é Emmy Göring, a temida parceira de Hermann. Em público, a glamorosa Emmy gosta de ser considerada primeira dama do Reich, um exemplo para as mulheres alemãs. Ela despreza Eva e acha que ela não está à altura do Führer. Também deve haver a questão da inveja, pois, por meio de sua relação com Hitler, ela está bem perto da fonte do poder disputado por seus maridos.
Até os homens tomam cuidado com Eva e tentam lisonjeá-la, de acordo com os registros em seu diário: “Goebbels me mandou um lindo colar de pérolas e escreveu: ‘O mais lindo presente que posso dar à minha honrada e querida Führer é este pequeno símbolo de meu respeito por você’.”
Mas o gesto extravagante de Goebbels para agradar a Eva Braun não dá certo. Podemos imaginar o pensamento de Eva, que pode ter se tornado explícito com as pretensas amigas: “Goebbels pesar de sua inteligência, ainda comete absurdos. Ainda não sabe que Adolf odeia pérolas e que não posso usá-las na presença dele. Ele diz que dá azar.”
O clima de desavença, de ódio disfarçado e de constante luta interna pelo poder que os homens do círculo do mal apresentam, passam inevitavelmente para suas companheiras, que terminam por bajular aquela que mais odeiam, por estar mais próxima de Hitler: Eva Braun. Por esse motivo podemos perceber que neste ninho de víboras ocorre como um fogo de monturo, queimando pelas entranhas para entronar o mais forte e destruir o mais fraco. E a população da Alemanha? Simples massa de manobra, que a falsa publicidade não deixa aparecer a verdade. Semelhança com a publicidade no Brasil?...