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28/01/2021 00h20
CIRCULO DO MAL DE HITLER (57) – HERÓI DESCONHECIDO

            Interessante procurar saber como o mal pode se desenvolver e ameaçar todos os países do mundo. O que se passou na Alemanha Nazista sob o comando de Hitler e seus asseclas, abordado pela Netflix em uma série sob o título “Hitler’s circle of evil” serve como um bom campo para nossas reflexões.

            LVII

OITO DE NOVEMBRO DE 1939 – MUNIQUE

No outono de 1939, o círculo íntimo se reúne em Munique para comemorar o golpe fracassado de 1923. Como sempre, Hitler discursará na cervejaria Bürgerbräukeller, onde tudo começou. Ele pretende ir de avião a Berlim à noite. Mas por causa da neblina na capital da Baviera, seus planos são alterados. Seu piloto, Hans Bauer, diz que ele não pode voar. Então ele decide ir de trem, e seu discurso na cervejaria teria de ser mais curto. Hitler sairia mais cedo da cervejaria.

Um fotógrafo está presente quando Hitler adianta o seu discurso. O Führer sai do local assim que termina. Exatamente 13 minutos depois explode uma bomba que foi colocada bem atrás de onde Hitler estaria. Oito pessoas morrem e muitas ficam feridas.

A bomba destrói um pilar principal. Todo o teto desaba. O local fica destruído. Vira um caos. Se ele não tivesse saído 13 minutos antes do planejado, certamente teria morrido. A vida de Hitler foi salva em 1939 por causa do mau tempo. É um daqueles incríveis “e se”, e é assombroso que pouco se sabe disso hoje em dia.

Cada um dos capangas tenta se beneficiar com a tentativa fracassada de assassinato e a usa para obter favorecimento com o Führer. Hess realiza uma cerimônia elaborada para homenagear os “mártires de sangue” e, claro, para louvar o milagroso salvamento do Führer. É uma forma de ele dizer: “Veja, ainda estou aqui. Ainda amo o Führer. Quero voltar ao círculo íntimo.” É um momento meio sinistro de desespero.

Goebbels também usa o ataque em sua vantagem. Ele praticamente diz exatamente o que seus jornais devem escrever, que tinha sido obra dos britânicos. O culpado era o nefasto Serviço Secreto britânico, justificando a guerra contra britânicos e franceses. Mas como sempre, é mentira de Goebbels. A bomba não foi obra de agentes inimigos. Foi colocada por um alemão que agiu sozinho. 

Georg Elser queria deter a guerra, temendo que levaria a indescritível sofrimento humano. Ele é pego tentando atravessar a fronteira suíça e confessa. Ele acredita, completamente com razão, que Hitler estava levando o país de volta à guerra. E diferentemente de seus colegas que também duvidavam de Hitler, ele decidiu agir, e isso demonstra a coragem de Elser.

Para Heinrich Himmler, encarregado da segurança pessoal de Hitler, a tentativa de assassinato é má notícia. Himmler está muito furioso. Aconteceu sob sua supervisão. De acordo com o chefe local da Gestapo, Himmler não hesitou em descontar sua frustração no prisioneiro. Ele intervém em parte do interrogatório e bate muito no homem. Sentia-se humilhado e, talvez, tentasse mostrar seu valor, mostrar que era grande e durão como seus rivais. “Vou fazer esse cara sofrer. Quem mexe com o Führer, mexe comigo.

Interessante como este homem, Georg Elser, que fez um ato de heroísmo tentando destruir Hitler e sua caminhada em direção a guerra, não é bem conhecido. Hitler foi salvo pelo mal tempo que alterou o tempo de permanência no local do atentado. Fica aqui outra pergunta: existe um demônio da guarda para proteger os maus, da mesma forma que existe o anjo da guarda para proteger os bons? Fica a pergunta no ar. Não vamos entrar por essas considerações, senão perderemos o nosso foco. Georg Elser confessou o atentado e sua motivação. Livrar o planeta de uma guerra mundial, salvar o mundo de tanto sofrimento. Apesar do atentado à vida de qualquer ser humano não seja visto como um ato positivo, mas considerando tudo que aconteceu a partir da quebra de compromisso, do reajustamento das forças armadas, da invasão de países vizinhos, da perseguição de pessoas por motivos étnicos, que levava a morte milhares de pessoas inocentes, ficaria assim justificado esse ato como positivo e a sua realização um ato de heroísmo. Talvez não seja bem divulgado esse fato, porque os agentes de publicidade podem se ver como agentes diretos ou indiretos de tais iniquidades, e da mesma forma ser vítima de tal heroísmo.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 28/01/2021 às 00h20