Interessante procurar saber como o mal pode se desenvolver e ameaçar todos os países do mundo. O que se passou na Alemanha Nazista sob o comando de Hitler e seus asseclas, abordado pela Netflix em uma série sob o título “Hitler’s circle of evil” serve como um bom campo para nossas reflexões.
LIX
Quase três semanas após a rendição da França, a Luftwaffe de Göring lança um ataque sobre a Inglaterra, um prelúdio da invasão.
A batalha da Grã-Bretanha está próxima, mas ela causará uma virada no rumo da guerra. A batalha é travada acima das nuvens, mas é assim que termina.
Contrariando as expectativas, a Força Aérea Real resiste. E a Blitz, o bombardeio intensivo de cidades e indústrias em todo o país, não enfraquece a determinação britânica. Pela primeira vez, a máquina de guerra nazista não parece tão invencível. E isso revela uma grande falha de Göring, pois embora seja herói de guerra, ele nunca fez Escola de Comando e não sabe o que está fazendo militarmente como comandante da Luftwaffe.
O fracasso de Göring em derrotar a Inglaterra pelo ar força uma pausa na invasão planejada. A reputação do comandante da Luftwaffe está bem manchada. A estrela dele pode estar se apagando.
Mas enquanto isso, Hess encontra nova determinação. Ele começa a bolar um plano secreto, uma chance de se redimir, com a ajuda de uma habilidade que aprendeu há muitos anos. Ele é um piloto experiente. Ele voou biplanos na Primeira Guerra Mundial. Agora, ele se familiariza com o protótipo do mais recente Messerschmitt, voando nele com o pretexto de testar a sua capacidade.
O 110 é geralmente ocupado por dois pilotos, mas Hess o modificou para voar sozinho. E colocou tanques extras de combustível para aumentar o alcance. Hess sabe que Hitler está se preparando para invadir a Rússia. E reconhece que a Alemanha não pode lutar uma guerra longa em duas frentes. Seu plano bizarro é agir pelas costas do Führer, voar até a Grã-Bretanha e se encontrar com um contato influente, que ele espera que o apresente a Winston Churchill. Seu objetivo era persuadir os britânicos a pedirem paz. Ele sabia que se conseguisse fazer a paz com a Inglaterra, isso agradaria a Hitler. “Pronto, Führer, consegui a paz com a Grã-Bretanha.” Pensava ele, e que isso significaria que ele imediatamente voltaria ao círculo íntimo.
AGOSTO DE 1936 – BERLIM
O intermediário que Hess espera ter é alguém que ele conheceu cinco anos antes durante os jogos olímpicos na Alemanha. Nos bastidores, os líderes nazistas davam festas extravagantes a dignatários estrangeiros, e foi quando Hess provavelmente foi apresentado a um conhecido aristocrata escocês.
Parece que foi um desses banquetes que ele conheceu o duque de Hamilton, e eles criaram uma conexão que Hess viria a usar no futuro. Como Hess, o duque de Hamilton era um ótimo piloto. Na verdade, tornou-se um herói no mundo da aviação após ser a primeira pessoa a voar um biplano sobre o Monte Everest. Para Hess, esse arrojado aventureiro com título elegante deveria estar no centro do sistema britânico. Era alguém bem conectado, provavelmente relacionado à realeza, e que poderia ter ligação direta com a liderança britânica. Agora, cinco anos depois, Hess planeja reavivar essa conexão. Ele voará até o duque de Hamilton, na Escócia, e lhe pedirá para ser apresentado a Churchill.
Então, encorajado por essas ideias de destino, Nostradamus e astrologia, Hess decide que tem uma última jogada a fazer, e se a fizer certo, terá a gratidão eterna não só de seu querido Führer, mas também do povo alemão.
No começo de maio, Hess visita o Führer na Chancelaria do Reich. Foi a última reunião deles. Hess nunca contou o que foi falado naquele dia, dando origem a uma teoria da conspiração de que Hitler talvez soubesse do plano. Mas isso seria verdade? Não há provas de que Hitler sabia do plano de Hess. Todas as provas existentes são de que Hitler ficou surpreso com tudo, então, está claro que Hitler não sabia que Hess planejava voar até a Escócia para tentar negociar a paz com a Inglaterra.
Seis dias após essa reunião, dá-se início ao episódio mais bizarro da Segunda Guerra Mundial. Rudolf Hess explica suas intenções a Hitler em uma carta. Ele sai de casa e diz a esposa Ilse que voltará em alguns dias.
Em 10 de maio, Hess faz sua última jogada. É o lance de um homem desesperado. Hess dirige até o aeródromo. Ele pede a seu secretário para entregar a carta nas mãos de Hitler no dia seguinte. Agora não tem mais volta.
A mente de Hess procura uma saída. Ele sabe que está dentro de um ninho de víboras e ele não tem tanta peçonha assim. Elaborou um plano baseado em perspectivas do passado