Este é um assunto de grande importância para o mundo, principalmente os espiritualistas e aqueles que seguem o cristianismo: a eleição de um novo Papa, o atual Papa Francisco. Vejamos o documentário de 47m publicado no History Channel há um ano com o título: A Era de Francisco – O Papa do Fim do Mundo.
*Testemunhos de terceiros, dentro e fora do clero.
Memórias de Mário Jorge Bergoglio.
“Era 21 de setembro, porque sempre me lembro disso. Saí para passear com os companheiros e passei pela igreja de Flores. Entrei e senti que tinha que entrar, essas coisas que sentimos e nós não sabemos explicar. E vi um padre andando, não conhecia, não era da Igreja, então não sei o que aconteceu. Senti como se alguém me agarrasse por dentro e aí senti que tinha de ser padre e não tive dúvidas. Não tive. Jesus não espera para que procurem por ele, ele vai ao nosso encontro”.
Depois de receber seu diploma como técnico químico e seguindo aquele chamado místico, aos 21 anos ingressa no Seminário da Companhia de Jesus para se tornar um padre jesuíta.
“Temos de estar à serviço dos outros, nos ajudarmos”.
Como jesuíta teve uma brilhante formação intelectual. Foi docente em literatura e psicologia e também estudou ciências humanas e teologia. Durante a década de 60 Bergoglio estava ideologicamente ligado ao peronismo, um partido liderado por Joan Domingo Peron, que desde 1955 estava banido na Argentina. Porém, apesar do banimento, na década de 60, Bergoglio foi diretor espiritual de um grupo de jovens católicos chamados “A Guarda de Ferro”, um grupo formado por quatro políticos peronistas com regras muito similares às dos jesuítas, quase militar.
*É alguém que vinha falando da unção dos pobres há muitos anos e que tomou posições muito firmes.
“E não tenham medo dos mercadores da morte que aqui bem perto estão pensando como fazer para que a morte chegue de uma maneira razoável”.
No início da década de 70 acabou o banimento e o peronismo volta ao poder. Durante esses anos, o padre Bergoglio é nomeado provincial da ordem jesuíta. Com esse vento a favor, realiza um grande trabalho social indo as zonas mais pobres de Buenos Aires para ajudar os mais necessitados.
*As pessoas da vila veem ele como alguém próprio do lugar. Trabalhou arduamente o tema do tráfico de pessoas no trabalho escravo.
“Na escola nos ensinam que a assembleia de 1813 aboliu a escravidão. Isso tudo é mentira. Existem outras escravidões”.
*Uma vez quando fui dar uma palestra na Vila, ele em um Ônibus e subiram muitos trabalhadores da própria Vila e o reconheceram. E quando ele deu uma palestra, um levantou e disse: o senhor ficou no ônibus. Isso é um sinal para nós. Realmente o consideramos um irmão.
“São submetidos e depois não cabem no sistema e são material descartável”.
*Eu conheci Jorge Bergoglio na década de 70. Naquela época eu era uma advogadazinha, ele um padrezinho. Eu estava no escritório, chegou um amigo meu com um padrezinho, porque vieram fazer uma consulta. Era um homem jovem e muito comovido pela dor dos outros. Esse era o Jorge. Vivíamos em um país em revolução.
Em 1976 ocorre um fato que mudaria drasticamente o rumo da Argentina. No dia 24 de março um golpe militar termina com um governo democrático e começa uma das ditaduras mais sangrentas da história do país.
*Foi providencial dos jesuítas desde os 73, era jovem, e era um momento muito difícil na história da Argentina. Havia uma junta militar no poder e aconteceram coisas terríveis e há muitas discussões sobre seu papel nisso.
Muito bom o comportamento do padre Bergoglio junto as comunidades. Acredito que eu teria agido da mesma forma. Agora, com o conhecimento que adquiri desde os dias de minha militância politica em partidos de esquerda, acredito que teria mais cuidado no ataque ao capitalismo, aos patrões que escravizavam os povos e favoreciam suas mortes precoces. Eu saberia que assumindo o socialismo, derrotando o capitalismo, as mortes poderiam ser bem maiores e mais rápidas e escancaradas como aconteceu em vários países que alcançaram esse nível.
Com o meu conhecimento atual, eu não iria ser filiado e militante de partidos de esquerda. Poderia trabalhar em partidos conservadores, mas com o foco em destruir a selvageria que tenta monopolizar o capitalismo. Este é o principal adversário que possuímos, o egoísmo que penetra na relação de trabalho, colocando uns como escravos de outros. É essa sistemática inerente ao capitalismo que é o nosso adversário, e não o sistema capitalista em si, que se mostra muito mais saudável do que o socialismo ou comunismo. A história confirma.