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07/02/2021 00h26
O PAPA DO FIM DO MUNDO (4) – FORMANDO A PERSONALIDADE

Este é um assunto de grande importância para o mundo, principalmente os espiritualistas e aqueles que seguem o cristianismo: a eleição de um novo Papa, o atual Papa Francisco. Vejamos o documentário de 47m publicado no History Channel há um ano com o título: A Era de Francisco – O Papa do Fim do Mundo.

*Testemunhos de terceiros, dentro e fora do clero.

            O golpe militar encontra o padre Bergoglio e os sacerdotes trabalhando dentro dos bairros marginais. Há acusações de que a alta hierarquia eclesiástica está colaborando com o regime militar.

            *Porque houve um conflito com a Igreja Católica, com a sua hierarquia, porque uma parte da hierarquia foi cumplice.

            Nesse contexto não foi fácil para o padre Jorge Mario Bergoglio levar adiante seu trabalho pastoral. Sua alma se debate pelo seu dever como jesuíta e o próprio sentimento de ajudar os excluídos marginais e ao mesmo tempo deve manter seus sacerdotes, a sua ordem longe da politização para não colocá-los em perigo.

            Em operações rápidas os militares entravam nesses bairros, sequestravam todos aqueles que pareciam suspeitos.

            *Os militares não entendiam, se fosse branco, se fosse loiro, se estava em uma vila é porque diretamente eram terroristas e tinham que matá-los.

            São feitas listas com os nomes e sobrenomes. Nessas listas estão alguns sacerdotes jesuítas.

            *Jorge disse aos padres que também eram jesuítas que não ficassem ali porque era altamente perigoso.

            *Há diferentes maneiras de se viver sob um regime opressivo e ele tinha como líder religioso, uma responsabilidade por todos.

*Os rapazes não queriam saber de nada. Disseram que iam ficar, Jorge discutiu com eles, mas decidiram ficar. E um dia chegou uma tropa da Marinha e os levou.

Durante esses anos, Bergoglio teve que andar sobre uma linha muito estreita e arriscada.

*Jorge estava preocupado, fez uma quantidade de gestões para a liberdade deles. Eu me lembro que primeiro foi Videla que disse que tinham sido levados para uma cela.

Os sacerdotes jesuítas que tinham sido sequestrados foram liberados pelos militares e fogem do país. A personalidade do padre Bergoglio vai se formando. Aprende estratégias, faz alianças e usa sua inteligência para levar a palavra de Jesus sem que tudo isso seja considerado uma doutrinação ideológica por parte dos militares.

“São os filhos da herança que nos dizem chorem, chorem cidade distraída, cidade dispersa, cidade egoísta, deve chorar pois precisa ser purificada por suas lágrimas.” 

No ano de 1983 a democracia voltou à Argentina. O governo militar deixou uma enorme dívida externa que repercutiu em todos os níveis na vida dos argentinos. Foi um tempo de reconstrução, de esperanças, mas o país ficou devastado.

Bergoglio teve que lutar com a herança que restou à pobreza e todo o valor que ela trouxe.

“Nesta cidade se exploram trabalhadores em oficinas clandestinas”.

*Ele sempre foi assim. Teve essa dedicação especial por todos e em particular pelos mais frágeis. Trabalhou arduamente o tema ligado ao tráfico de pessoas, ao trabalho escravo, da emigração, das pessoas que moravam nas vilas; os acompanha, os aconselha, os cuida, os ensina serem livres, a serem autossuficientes, a pensar.

“E na vida temos que caminhar como caminhou Jesus, deixando pegadas que marquem a história, pegadas que deixem descendência.”

Ele enfrentou o poder político da época, não uma, mas muitas vezes.

“Se nós abandonarmos a fraqueza do humilde por acreditarmos ser o que não somos, viveremos o pesadelo de um país que abandona seu destino e será nossa culpa.”

Seu caráter ia se tornando cada vez mais forte e se tornando um grande estrategista. No ano de 1992, enquanto Bergoglio esta na cidade de Córdoba como diretor espiritual e confessor da Companhia de Jesus, ocorreu um fato que iria marcar o primeiro passo de sua carreira ascendente dentro da alta hierarquia da igreja argentina.

*Ele estava em uma igreja de Córdoba, nem era o vigário. O arcebispo de Buenos Aires o chamou. O cardeal Antônio, para que ele fosse um dos seus bispos auxiliares. Quer dizer, quem nomeia é o Papa, mas é o cardeal quem promove.

Em 20-05-1992, foi nomeado pelo próprio Papa Joao Paulo II, o bispo de Alca e o bispo auxiliar da diocese de Buenos Aires.

*Eu costumo dizer que ele era uma espécie de forasteiro dentro da igreja e a partir de 1992 iniciou uma carreira meteórica.

No ano de 1998, com a morte de seu superior, o cardeal Corradino, Bergoglio assume seu lugar e se torna o arcebispo de Buenos Aires. 

*Mas também por ser o bispo e particularmente o bispo de uma cidade tão rica, complexa e grande como Buenos Aires, e mais tarde presidente da conferência episcopal da Argentina, sua presença no contexto latino-americano foi uma presença no governo, mas também com contato cara-a-cara, principalmente com os mais pobres, com as pessoas que mais precisavam de atenção e ajuda. 

Passaram poucos anos para que Bergoglio chegue ao posto mais alto da hierarquia eclesiástica. Em 21-02-2001 Jorge Mario Bergoglio foi consagrado cardeal. Alguns meses depois, a Argentina viveria uma das maiores crises econômicas e sociais da sua história. O governo toma uma medida restringindo a extração dos depósitos bancários, as pessoas não podem mais retirar seu dinheiro dos bancos. O surto não demora a chegar. O povo sai para as ruas com o lema de que todos devem ir. A violência cresce até limites inesperados.

*Ele fala com veemência do fato que estas estratégias econômicas torna o trabalho quase superficial. Por consequência não tem escrúpulos para transformar em desocupados milhões de pessoas sem pensar nem um pouco em quanto sofrimento elas padecem.

A história do Papa Francisco é muito promissora quanto a luta pelo interesse dos pobres, marginalizados, desempregados. Muito boa a sua formação em defesa dos mais fracos. O importante também é saber quem são seus aliados. Movimentos socialistas, comunistas? 

Lembro que o Papa João Paulo II, polonês, lutou bravamente contra o movimento comunista, por ser uma ideologia materialista e ateia, destruidora da pessoa humana. Foi um fato impressionante a queda retumbante do comunismo no Leste Europeu em 1989, sem derramamento de sangue. Só podemos explicar se considerarmos a ação de Deus através do Papa João Paulo II. 

O Papa Francisco se aproximando desses movimentos comunistas/socialistas não estaria indo na contramão do trabalho evangélico que deveria ser seguido pelos sumos pontífices?   

Publicado por Sióstio de Lapa
em 07/02/2021 às 00h26