O homem de coração pobre é inconstante em todos os seus caminhos, escreveu Tiago em 1:8. Será que isso é uma crítica se aplica diretamente a mim? Olho por um lado e vejo que tenho constância em muitas coisas que faço, uma prova é este diário que vai completar 10 anos. Por outro lado, tenho uma série de atividades e que algumas se perdem ao longo do caminho, que não consigo colocar todo o empenho devido. Uma delas é o projeto do MMN que reconheço como um caminho colocado à minha frente pelo Pai, uma forma de construir um protótipo da família universal e que planejo e não consigo ter constância necessária para efetivar o planejamento, mesmo considerando a possibilidade de trabalhar dentro dele duas horas diárias.
Podemos considerar três aspectos importantes em nossa cognição: pensamento, sentimento e comportamento. No pensamento vamos encontrar toda a racionalização necessária para o comportamento realizar aquilo que decidimos. Agora, o sentimento é a energia necessária para essa engenharia mental fazer o nosso corpo realizar o que decidimos. Podemos dizer que no sentimento é que reside o controle da vida, a energia de realização dentro dos múltiplos caminhos que escolhemos e que conduzem ao aperfeiçoamento.
Fartura e escassez, formosura e fealdade, alegria e sofrimento, liberdade e tolhimento, compreensão e ignorância, podem aliciar excelentes possibilidades de realização humana em direção à espiritualidade superior. Porque então, consigo ter a compreensão necessária para a implementação do projeto do MMN, mas parece que o sentimento não se inflamou dentro do meu coração para que eu realize o que já decidi.
Posso considerar que a moeda energética para caracterizar o coração como rico ou pobre é o sentimento. Com relação a este diário, o meu coração é rico; com relação ao MMN meu coração é pobre. Dessa forma meu coração é dúbio com relação a certas determinações feitas com o pensamento, com a base da inteligência. Em alguns caminhos sou rico, em outros sou pobre.
Nos caminhos por onde trilho com o coração pobre, sinto-me infiel às bênçãos que o Pai joga constantemente sobre mim, e isso termina se espalhando por todos os caminhos de luta construtiva. O que me salva é que os talentos da riqueza terrestre que recebi com a permissão do Pai, não entrego às alucinações da vaidade, aplico principalmente em ações fraternas. Não sou inconformado com os bens suntuosos que não consegui, não é o meu interesse principal. Não coloco meu corpo saudável dentro de excessos destruidores, mesmo que eu exagere com relação a alimentação. Mas se por um lado pareço um glutão, por outro pareço um asceta, ficando quatro dias de jejum, como aconteceu agora, nos primeiros dias da quaresma.
Essas características trazem conforto à minha alma, pois traz o sentimento que estou sintonizado com a vontade do Pai. No prazer, não sou incontido; na dor, não sou revoltado; sinto-me livre e não oprimo os meus irmãos ou escravizo-os; quando numa posição subalterna, não perturbo os meus semelhantes ou insinuo a indisciplina.
Este sentimento fraterno que trago dentro do coração, sintonizado com Deus o máximo que posso, é o meu santuário. Procuro desenvolver a luz dentro dele para que eu possa refletir a paz luminosa que flui do Pai.
Procuro oferecer ao Pai um coração firme e terno, capaz de realizar aquilo que determino, mesmo que envolva tantas dificuldades. Devo encontrar forças para implementar o trabalho do MMN, pois sei que é uma tarefa que o Pai colocou nas minhas mãos para testar o meu grau de resistência, resiliência e perseverança.
Conseguindo fazer isso, encontrarei em todos os caminhos o perfil necessário de cooperador da vontade do Pai.