Homília de um padre (não há identificação) falando sobre a Campanha da Fraternidade 2021, publicada no Youtube no dia 16-02-2021, com 124.692 visualizações, há 13 horas, com 25 mil posturas positivas e 483 negativas. Vejamos o que se trata.
Eu sou padre há 25 anos e como padre faço parte da Campanha da Fraternidade. São três os exercícios da Quaresma: oração, penitencia e caridade. Aqui se encaixa, neste terceiro tópico, um aspecto da Campanha da Fraternidade. O que cada ano, se você ler, principalmente a partir da década 70 para cá, quem escreve esses documentos da Campanha da Fraternidade, claramente, são pessoas ligadas à Teologia da Libertação. E o que a Teologia da Libertação prega? Não é a Igreja, não é a teologia da Igreja, é um tipo de teologia que prevaleceu no Brasil e quer se impor como a única leitura espiritual, a única leitura bíblica possível, teológica. O que diz a Teologia da Libertação? Que o nosso problema é estrutural, e se nós vencermos as estruturas, que se nós conseguirmos transformar as estruturas políticas, econômicas, sociais e religiosas, aí o mundo será o paraíso. Aí nós teremos o Reino de Deus aqui na Terra. E isso é falso, isso é mentira, e não sou eu que digo que é falso, não sou eu que digo que é mentira, é o Evangelhos que você acabou de ouvir.
Segundo, o documento da congregação para a Doutrina da Fé, libertar anúncios, na época que o Cardeal Ratzinger era o prefeito da congregação, de tantos desmandos que se espalharam pelo continente latino-americano, vindos dos frutos nefastos da Teologia da Libertação, que afastou o povo da Igreja, que afastou o povo da vida espiritual, que fez da Igreja muitas vezes, e comunidades muitas vezes, um espaço de militância política orientada.
Esta crítica justifica a distonia que existe entre os ensinamentos cristãos, verdadeiros, com o comportamento da ala eclesiástica dentro da Teologia da Libertação. Fui muito tempo militante em partido de Esquerda, o PDT. Cheguei a ser dirigente partidário e candidato diversas vezes, em diversos cargos, sempre com o lema da “Dignidade Humana”. Queria assim mostrar minha atitude política de não comprar voto de nenhum eleitor, por nenhuma forma de moeda, seja por qualquer benefício. Até que eu beneficiava os eleitores e seus familiares com consultas e amostras grátis, mas jamais condicionei esses benefícios ou quaisquer outros com o voto do beneficiado. Dizia para ele usar sua consciência e votasse no candidato que ele acreditasse ser o mais indicado para o representar. Claro, eu era criticado pelos meus amigos que queriam me ver eleito, diziam que era uma atitude inocente, utópica, que não me levaria ao cargo que eu desejava. Acontece que eu estava também sintonizado com Deus e minha consciência advertia que se eu partisse para a compra de votos, estaria humilhando o meu próximo que não tinha recursos para ser autônomo. Nunca fui eleito para nada, mas nunca me afastei de Deus.
Tive oportunidade de trabalhar eleitoralmente com o pessoal da Teologia da Libertação, mas não sentia que suas atitudes não sintonizavam com minhas convicções cristãs. Eu não agredia aos pecadores que exploravam os pobres. Defendia os pobres sim, o meu foco era na retirada deles de uma situação de indignidade humana. Mas não tinha o foco de destruir seus adversários, com armas nas mãos, como via acontecer nos campos e nas cidades. A minha arma sempre foi o amor que o Cristo me ensinou. A Teologia da Libertação usava outras armas que eu não queria empunhar.
Hoje, vendo as críticas que surgem de dentro da própria igreja, me sinto reconfortado, pois vejo que não sou apenas eu que tenho essas restrições ao movimento da Teologia da Libertação e que são bem explicados os motivos.
Continuarei praticando os três conselhos da Campanha da Fraternidade, mas sem as cores da Teologia da Libertação: oração a Deus por todos nós que estamos aqui na Terra sujeitos a tantas ameaças como a pandemia que está presente; penitência para ajustar meu comportamento à vontade divina, reduzindo os pecados e potencializando as virtudes; e caridade para com todos, explorados que merecem a compaixão divina, assim como os pecadores arrependidos, deixando para o Arcanjo Miguel o ajuste de contas com quem esteja cristalizado no mal.