O Papa Francisco escreveu a Carta Encíclica Fratelli Tutti (Todos Irmãos) que recebeu e ainda recebe severas críticas por membros bem situados no Vaticano e que se espalha pelas redes sociais, mais as críticas que a própria Carta.
Trarei aqui esse documento, fracionado devido a sua extensão, para que tenhamos oportunidade de fazer nossas reflexões sempre com o espírito livre em procura da Verdade, que é o nosso objetivo final.
7. Além disso, quando estava a redigir esta carta, irrompeu de forma inesperada a pandemia do Covid-19 que deixou a descoberto as nossas falsas seguranças. Por cima das várias respostas que deram os diferentes países, ficou evidente a incapacidade de agir em conjunto. Apesar de estarmos superconectados, verificou-se uma fragmentação que tornou mais difícil resolver os problemas que nos afetam a todos. Se alguém pensa que se tratava apenas de fazer funcionar melhor o que já fazíamos, ou que a única lição a tirar é que devemos melhorar os sistemas e regras já existentes, está a negar a realidade.
8. Desejo ardentemente que, neste tempo que nos cabe viver, reconhecendo a dignidade de cada pessoa humana, possamos fazer renascer, entre todos, um anseio mundial de fraternidade. Entre todos: «Aqui está um ótimo segredo para sonhar e tornar a nossa vida uma bela aventura. Ninguém pode enfrentar a vida isoladamente (…); precisamos duma comunidade que nos apoie, que nos auxilie e dentro da qual nos ajudemos mutuamente a olhar em frente. Como é importante sonhar juntos! (…) Sozinho, corres o risco de ter miragens, vendo aquilo que não existe; é junto que se constroem os sonhos». Sonhemos como uma única humanidade, como caminhantes da mesma carne humana, como filhos desta mesma terra que nos alberga a todos, cada qual com a riqueza da sua fé ou das suas convicções, cada qual com a própria voz, mas todos irmãos.
A Covid-19 veio nos mostrar o quanto o quanto temos dificuldade de solidariedade, de cooptar nossos pensamentos dentro da verdade, do melhor raciocínio e diagnóstico no sentido de implementar as ações necessárias para o bem-estar da comunidade. O que vemos é uma disputa política de grupos em busca do poder, que não se intimidam em deixar a população desprotegida, desinformada, enquanto milhares morrem a cada dia no mundo. As próprias instituições internacionais, criadas com o intuito de melhor lidar com os desafios da saúde, se mostram direcionadas por interesses alienígenas, que não levam segurança aos povos, e sim a grupos que se colocam estrategicamente em postos de decisão. A população planetária parece ser conduzida em uma direção obscura, contrária aos interesses da verdade e da justiça.
O sonho do Papa Francisco de uma fraternidade mundial, parece não contar com esses movimentos de restrição de liberdade, de mudança e enfraquecimento da base familiar. Os direitos humanos se mostram caolhos, e se voltam para a defesa dos criminosos, quer sejam aqueles que retiram a vida do próximo nos becos ou avenidas, quer sejam aqueles criminosos que matam milhões ao roubar o dinheiro público ou desviar para seus interesses escusos. No sonho do Papa merecia ter sido incluído os obstáculos que existem dentro das comunidades, daqueles irmãos que militam de forma equivocada, trazendo revoluções e derramamento de sangue, divisões entre grupos e classes, entre patrões e empregados, entre a fé e a razão.