Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
29/04/2021 00h28
PERDÃO: VINGANÇA E RESSENTIMENTO

            Posso dizer que a prática do perdão é uma das lições mas difíceis que o Mestre Jesus nos ensinou. A ofensa recebida fica registrada na mente e não pode ser apagada. O efeito da dor que foi gerada, no físico ou no psiquismo, é que deve ser anulada, pois não posso sentir a dor novamente ao relembrar o que aconteceu. Isso é chamado de ressentimento.

            A ideia de vingança, de fazer o outro sentir o mesmo que senti, é mais fácil de ser evitada. Basta não colocar minha mente para elaborar o que posso fazer para que o outro sinta a mesma dor, ou maior, que a dor que ele provocou em mim.

            Esse aspecto da vingança eu consigo administrar melhor, pois depende de uma ação da minha mente que deve trabalhar para conquistar esse objetivo. Já estou adaptado, nenhuma injúria que recebo faz o meu cérebro processar estratégias de vingança. A minha intenção de aplicar as lições do Cristo faz com que minha vontade não seja direcionada para a vingança em nenhum momento. Mesmo assim eu oro para que o Pai não permita que eu seja testado com força suficiente e assim volte a arquitetar projetos de vingança.

            Por outro lado, o ressentimento devido a memória do que aconteceu, é bem mais difícil de controlar ou evitar. Não atingi ainda a condição daquele que não perdoa ninguém, pois não se sente ofendido para perdoar a ofensa. Ninguém consegue o atingir ou ferir, que gere dor capaz da memória do fato causar o ressentimento.

            Fico a imaginar: como isso será possível? Não sentir dor por uma injúria que é feita a mim, a um parente, a um amigo? Imagino a picada de uma agulha... não é certo que todos sentem dor por causa disso? Somente com a hipnose eu consigo evitar. Eu sugiro à pessoa que se submete à hipnose que vou colocar nela uma luva que a deixa protegida de agressões. Então eu posso ir com uma agulha, espetar sua mão e ela não sentir nada. Pode nem lembrar do que aconteceu.

            Talvez seja esse o caminho de prevenção do ressentimento. Eu faço a auto hipnose de que qualquer injúria que eu receba, de qualquer pessoa, não irá me causar dor. Dessa forma eu não teria motivos para perdoar ninguém, pois ninguém conseguiria me ferir.

            Mas, foi isso que Jesus quis ensinar? Acredito que não. Quando quiseram lhe apedrejar em Nazaré, quando Pedro o negou por três vezes, quando Judas o traiu com um beijo, imagino que Ele deve ter sentido dor em todas essas ocasiões e ao lembrar delas ter sofrido o ressentimento. Apenas Ele não deixava que esse ressentimento tivesse qualquer força para gerar vingança ou sofrimento pessoal significativo. Deve funcionar como as marcas de cicatrizes no corpo. Não posso apagar, elas estão ali, atrapalhando a estética, as vezes a função do órgão, mas estou adaptado com elas e sigo em frente sem dar importância a elas. É como a faca que me feriu. Por causa do corte que provocou, não vou deixar de usa-la como instrumento, pois permanece com suas muitas utilidades. Apenas terei mais cuidado ao maneja-la, evitar que ela me corte novamente, principalmente quando estiver sendo manejada por outras pessoas.

            Talvez num futuro distante, quando meu espírito já estiver mais puro, perto da condição de anjo, eu consiga essa capacidade de não desenvolver cicatrizes.   

Publicado por Sióstio de Lapa
em 29/04/2021 às 00h28