Lucas registrou em seu Evangelho (11:35) uma advertência feita pelo Mestre Jesus: “Vê, pois, que a luz que há em ti não sejam trevas”.
Há ciência e há sabedoria, inteligência e conhecimento, intelectualidade e luz espiritual. Sei de tudo isso, mas posso não saber onde estou situado, dentro da verdade ou da ilusão. Geralmente tenho uma inteligência lenta, mas consigo raciocinar as demandas ao meu redor, sou capaz de discernir entre o certo e o errado desde que me deem as informações corretas.
Posso ser interpretado à conta de pessoa sábia, comparado a maioria dos meus irmãos, que ainda passam por dificuldade de alfabetização. Porém, hoje percebo o quanto trabalhei como militante político engando pelas bandeiras de partidos de esquerda. Quando percebi o comportamento desses líderes no governo, patrocinando uma série de iniquidades e se defendendo com mentiras, entendi que aquele não era meu lugar, que eu deveria me afastar o mais rápido possível.
Depois que mudei minha percepção política, verifico que ainda não possuo qualidades para registrar a verdadeira luz, pois posso ser ludibriado por falsas narrativas. Tenho que ficar bem atento ao que querem passar para mim. Daí a necessidade de prudência e vigilância.
As pessoas que estão ao meu redor em todos os lugares, podem ser trabalhadores e entendidos, conhecedores e psicólogos, porém, muitas vezes não passam de oportunistas prontos para o golpe do interesse inferior.
Quantos escrevem livros abomináveis, espalhando veneno nos corações? Quantos se aproveitam do rótulo da própria caridade visando extrair vantagens com ambição? Podem acenar para nossos desejos mais carnais ou para as virtudes mais espiritualizadas, mas por trás com intenções camufladas.
Para escapar dessas armadilhas, não bastam o engenho e a habilidade científica, não satisfaz a simples visão psicológica. É preciso que tenhamos a luz divina. O que pudermos contribuir, que seja com o sentido da fraternidade, da caridade, pois mesmo que sejamos aparentemente iludidos, no fundo estamos sintonizados com Deus, e estamos fazendo a vontade dEle. Depois, as pessoas que agem de má fé, mesmo que não sejam descobertos aqui no mundo material, com certeza prestarão contas no mundo espiritual.
Há pessoas que, num instante, apreendem toda extensão de um campo, conhece a terra, identifica-lhe o valor. Não tenho ainda essa capacidade de percepção tão ampla, mas procuro estudar. Quero saber muito mais sobre as mazelas que atingem o meu próximo para que eu possa melhor auxilia-lo, suar por ele, amando-o antes de explorar seus talentos em seu próprio benefício, compreendendo suas dificuldades antes de exigir eficiência.
Nem sempre a luz reside onde a opinião comum pretende observa-la. Sagacidade não chega a ser elevação e o poder expressivo, apenas é respeitável e sagrado, quando se torna ação construtiva com a luz divina.
Devo raciocinar sobre a minha própria vida, ver com clareza, mesmo se a pretensa claridade que imagino está em minha aura, não é uma sombra de cegueira espiritual.