Documentário feito em 2017 com 83 minutos, sobre o pensamento de Olavo de Carvalho. Personificado pela sua presença, rotina de trabalho e convívio familiar na Virgínia (EUA), onde mora atualmente. O filme parte dos temas do livro homônimo que ele publicou em 1995, tais como simbolismo dos jardins na tradição filosófica, liberdade individual e opressão do coletivo, o pensamento aristotélico. Exibido pela Amazon em 14-03-21, data que assisti e comecei a fazer estas reflexões.
Napoleão diz uma frase inesquecível. Ele diz: “A política é o destino concreto de nosso tempo”. Ou seja, a religião, o mundo espiritual não está mais no centro, quem está no centro é o Estado, portanto, a política. Então, o Estado vai ser o modelador de toda a cultura, de toda a discussão humana, e, portanto, ele também é a autoridade moral, autoridade espiritual, a única que existe. As igrejas todas – católica, protestante – vão gradativamente se adaptando a isso, e aceitando os termos com que a política está colocando a coisa. Então, no fim das contas, as igrejas é que acabam seguindo as correntes políticas. E personificando essas correntes, e falando em nome delas. Mas acontece que para correntes políticas não existe o mundo espiritual. Não existem anjos, demônios, Paraíso, Inferno. Não existe nem Deus, nem o Diabo. Existe só esse mundo aqui. Tudo se mundanizou, se fechou dentro do círculo terrestre, e só o que existe é isso. Como se diz, fechou a porta do Céu. Até do Inferno. É claro que tudo mediocrizou formidavelmente, porque você perde a medida real das coisas.
A navalha racional de Olavo é afiada. Consegue perceber minúcias do comportamento social a aponta para onde está indo. Desde que o Cristo chegou entre nós, ensinando sobre o Reino de Deus e a vontade do Pai que foi formada uma religião dentro da fé, mas com uma base racional. Existe o Deus, criador de tudo e não criado por nada, e por isso é nosso Pai, e por isso somos irmãos. Possuímos uma natureza animal, egoísta, competitiva e depredante onde se pode dizer que o homem é o lobo do homem. Com a inteligência que adquiriu, o homem pode acumular poder e ser capaz de destruir o próprio planeta. Seria um caminho deletério, de destruição aquilo que Deus criou, o que não se observa em nenhum reino da natureza. Deve se ter um caminho sintonizado com a vontade de Deus que é capaz de se aproximar dEle e não se afastar. Sozinho, o homem não aparentava capacidade de encontrar esse caminho, e, portanto, foi necessário que Deus enviasse um dos seus filhos mais evoluídos para nos ensinar, da mesma forma que precisamos de um professor para aprender o alfabeto, senão passaríamos nossa existência na ignorância.
Jesus foi enviado com a missão de nos ensinar sobre o amor, na condição de Cristo planetário. Reconhecemos a importância de suas lições e formamos uma religião compatível com o que Ele ensinava, o cristianismo. Essa religião tem como objetivo se espalhar pelo mundo e ensinar cada pessoa, capacitando individualmente pela transformação do coração, de animal egoísta em espiritual fraterno, entendo que a carne que forma o animal tem existência passageira e que o espírito é quem sustenta a vida eterna. Sendo capacitado desta maneira, a pessoa pode ser considerada um cidadão do Reino dos céus, do mundo espiritual capaz de se incluir numa família de características espirituais e não materiais, capaz de trazer o Reino de Deus do mundo espiritual para o mundo material.
As pessoas com essa responsabilidade eclesiástica devem saber evitar o canto de sereia do mundo material, ao invés de ser cooptado pelos interesses materiais, elas têm obrigação de converter o pensamento focado na matéria efêmera para a espiritualidade eterna. O que Olavo coloca é que os religiosos se renderam aos interesses mundanos e a humanidade volta a se integrar aos interesses seculares, sem consideração pelos princípios espirituais. Isso explica a apostasia que se verifica na Igreja Católica, a principal Instituição que conduzia esse processo espiritual e hoje capitula na formação de uma Nova Ordem Mundial.