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07/06/2021 00h06
CIRCULO DO MAL DE HITLER (69) – SINTONIA

            Interessante procurar saber como o mal pode se desenvolver e ameaçar todos os países do mundo. O que se passou na Alemanha Nazista sob o comando de Hitler e seus asseclas, abordado pela Netflix em uma série sob o título “Hitler’s circle of evil” serve como um bom campo para nossas reflexões.

LXVIII

NUREMBERG, ALEMANHA – 1933

            Albert Speer conheceu Hitler quase uma década antes quando, como um arquiteto quase inexperiente, apresentou projetos para o Comício de Nuremberg. Ele criou maravilhosas Catedrais de Luz com holofotes de defesa antiaérea acesos no ar. Elas impressionaram muito o público dos comícios. Mas também impressionaram o próprio Hitler.

            Para surpresa e empolgação do jovem arquiteto, o Führer o convidou para almoços habituais para discutir seus sonhos arquitetônicos para a Nova Alemanha.

            Speer e Hitler se conectaram de imediato porque ambos tinham sensibilidade artística e passavam horas analisando modelos ou planos arquitetônicos ou projetando. Havia muita intimidade entre eles. Eram amigos. 

            Speer logo mostraria que poderia assumir grandes projetos, como a Chancelaria do Reich, que foi construída em um ano. Ele pode não ter experiência com produção de armamento, mas até agora, aos olhos do Führer, ele nunca pisou na bola. 

            O Führer o considera alguém que não errou em nada que aconteceu antes. Não teve a ver com os fracassos na União Soviética. Ele não é Göring. É alguém novo. Era alguém em quem Hitler confiava e valia a aposta.

            Mas a nomeação de Speer é um grande risco. Com a entrada dos Estados Unidos na guerra, o futuro da Alemanha Nazista depende agora de derrotar a União Soviética antes que seja tarde demais.

            Eles têm mais uma chance. Na campanha de verão de 1942. Eles têm uma última chance para derrotar a União Soviética. Mas mais tanques e equipamentos saem das fábricas soviéticas, e agora a Grã-Bretanha e os Estados Unidos a abastecem por comboios do Ártico com mais material. Está acirrado. É um desafio assustador, mas o primeiro obstáculo de Speer é lidar com o homem que queria seu emprego. 

            A viagem de Speer para encontrar Göring, logo após sua nomeação, era para ter algum tipo de confronto. Agora Speer se encontra na toca dos leões do círculo de Hitler, cercado por homens perigosos que querem manter o poder que têm. E Göring está louco para pôr o jovem arrivista em seu devido lugar.

            Speer sabe que está aquém da posição. Sim, ele era do círculo íntimo, mas sempre foi um cara que construía prédios. Ele nunca esteve envolvido no dia a dia das maquinações políticas do Terceiro Reich, então é nadar ou morrer com os tubarões, e o maior é Göring.

            Interessante, como a sintonia em alguma virtude pode obscurecer por momentos a vilania. Todo projeto político de Hitler estava envolto no ressentimento, no ódio que desenvolveu a estados e grupos étnicos. Speer não estava envolvido com esses sentimentos negativos, mas desempenhava o amor à arte e que também esse amor estava presente em Hitler. Esta sintonia faz com que Hitler se envolva na beleza arquitetônica e Speer que não veja as ações malignas que envolvem os seus belos projetos. Tanto é verdade, que Speer assume posição de destaque no círculo íntimo, com tão pouco tempo de convívio e com poucas relações com os demais membros do Círculo.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 07/06/2021 às 00h06