Em tudo existe uma simbologia, depende do nosso olhar e onde procuramos. Acontece com o nome próprio de cada pessoa.
Observando o meu nome próprio, como já fiz algumas vezes, agora vem uma nova intuição do seu significado.
Francisco eu já entendi desde cedo, que foi devido uma promessa que meus parentes fizeram na hora crítica do meu nascimento, onde eu estava com dificuldade de atravessar o canal do parto, que poderia morrer e levar comigo a minha mãe. Como o parto estava sendo realizado em nossa casa do interior, assistido por parteira, sem nenhum outro recurso mais elaborado que não fosse a tentativa de me puxar a força pela cabeça, até hoje tenho as marcas dos dedos da heroica parteira. Não havia outro recurso, a não ser apelar para Deus e como estamos acostumados, encontrar alguém mais próximo ao poder do que nós mesmos, para levar o nosso pedido. Como estávamos no mês de outubro, mês de importância para a cristandade pois se comemorava São Francisco de Assis, famoso por seus milagres, por ser bem próximo do Cristo, o emissário de Deus, foi a ele dirigido a promessa. Caso se operasse o milagre de eu nascer com vida e minha mãe sobrevivesse, então o meu nome seria Francisco. O milagre aconteceu e a promessa foi cumprida.
Rodrigues, foi o sobrenome dado, como é costume, seguir o sobrenome do pai.
Agora, das Chagas, deve ter tido outro motivo e muito provável que seja intuitivo. Pois seria mais provável ter sido colocado Francisco de Assis, que é o nome mais conhecido do santo, do que por suas chagas. Mas, talvez o Espírito Santo que estava vendo toda a movimentação, decidira que o pagamento por aquele milagre não poderia ser somente o registro no cartório de um nome. Algo mais severo devia ser cumprido, e talvez não por meus familiares, que afinal estavam querendo me ajudar. O principal beneficiário de tudo que acontecia era eu. Eu teria a minha vida salva e a vida da minha mãe, para me dar toda a acolhida que eu necessitaria. Portanto, eu deveria pagar o preço mais alto. Assim, ele intuiu a quem foi ao cartório para colocar o nome do meio, ligando o nome do milagre ao nome da família. Deveria seu um nome que lembrasse o que eu deveria pagar, um sofrimento relacionado com a divindade.
Assim surgiu o “das Chagas”. Indicava que eu devia sofrer como São Francisco sofreu, ao se identificar com Jesus e eleger a pobreza como seu caminho. Lentamente eu fui me identificando com a vontade de Deus que ia tomando vulto em minha consciência e elegi o amor incondicional como o meu caminho. Daí começaram a surgir os sofrimentos e as chagas. São Francisco teve mais dificuldades de ocultar suas chagas, pois elas apareciam em seu corpo físico. No meu caso, não tenho essa dificuldade, pois as chagas surgem na minha alma. A cada sofrimento que causo a outras pessoas que amo, devido o caminho que trilho, abre uma chaga que ninguém ver e que meu sorriso disfarça. Somente o meu olhar melancólico e as lágrimas fáceis de caírem pela empatia com o próximo, causam suspeitas em algumas pessoas que algo não vai bem comigo, que alguma ferida existe.
Assim como São Francisco não podia evitar que suas chagas físicas existissem e lhe provocassem dor por se identificar tanto com o Cristo, também não posso evitar que minhas chagas emocionais existam e me façam sofrer, por eu me identificar tanto com o amor incondicional que o Cristo me ensinou, para me aproximar do Pai.