Awareness é um conceito central em Gestalt-Terapia que se caracteriza pela consciência de si e a consciência perceptiva. É a tomada de consciência global no momento presente, a atenção ao conjunto da percepção pessoal, corporal e emocional, interior e ambiental. É a apreensão de todas as possibilidades de nossos sentidos, da ocorrência do mundo dos fenômenos dentro e fora de nós. Esta apreensão se dá no presente, no aqui e agora. Mesmo quando lembramos de algo do passado, esta memória vem do passado para o presente, para o aqui e agora. Embora o awareness seja sempre presente, o objeto dela pode pertencer a um outro tempo e espaço. É um conceito que pode ser usado como o Espírito, a entidade enérgica, criada por Deus simples e ignorante e que evolui adquirindo experiência, pelas inúmeras reencarnações que sofre pelos diversos reinos da natureza.
Posso dizer que awareness é o termo operacional para dizer que o espírito está agindo. Para que haja awareness é preciso haver algum contato, embora possa existir contato sem que haja awareness. É através do contato que a relação com o mundo pode ser nutritiva. Ele é responsável pelas mudanças que o Espírito provoca na pessoa pelo uso do livre arbítrio operando a vontade da pessoa e das experiências que ela tem do mundo.
O contato ocorre na fronteira de contato, que é o ponto no qual a pessoa experiência o “eu” em relação ao “não eu”. A relação particular entre a pessoa e o meio, entre o “eu” e o “não eu”.
Self é outro termo para o Espírito que posso usar para referir à totalidade da pessoa quando em interação saudável com o meio. A característica fundamental do self é a formação e destruição de paradigmas. É a nossa essência. É o processo de avaliar as possibilidades no campo, integrá-las e leva-las à completude em função das necessidades do organismo e do espírito. O self é o agente em contato com o presente, efetuando o ajustamento criativo, fazendo sentido. Constitui nossos processos, funcionando para a existência e crescimento do organismo, e principalmente, para a evolução do espírito.
Podemos imaginar o self como um sistema complexo de contatos necessários ao ajustamento ao campo da realidade material e transcendental. É o processo permanente de ajustamento criativo do homem ao seu meio interior e exterior, material e espiritual. É a fronteira de contatos em funcionamento, encontrando e dando sentido às teorias e às coisas nas quais vivemos.
A psicopatologia pode ser interpretada como resultado de um antigo diálogo abortado, que o espírito não conseguiu realizar e guardou a frustração na forma de ressentimentos que se manifesta emocional e comportalmente. Na tentativa intensa de relacionar-se com os outros, a pessoa não é ouvida ou atendida, sua voz voltou-se tragicamente para dentro. A patologia assim teria origem na ausência de uma relação esperada com o outro e que não foi devidamente explicada. Uma situação que nem o mundo, nem o amor alcança o indivíduo que fecha no círculo de suas racionalizações contaminadas pela sensação de que foi vítima de alguém. A cura se realiza através do encontro e a devida explicação dos fenômenos mal interpretados do passado. Nesse contexto, o trabalho terapêutico consiste em restaurar o contato através da relação dialógica que é o encontro do espírito de duas pessoas, no qual um se deixa impactar e responder a totalidade do outro, e onde o interesse fraterno e honesto de ambos é o que se precisa para reestruturação cognitiva e formulação de novos paradigmas.