Para entender uma pequena parte da grande crise que atinge a Igreja Católica, vou colocar e refletir sobre alguns argumentos colocados por Pedro Affonseca, o presidente do Centro Dom Bosco, na sua aula “Unidade e divisão na Santa Igreja Católica”, que estreou em 26-03-2021 no YouTube, e consta na data de 28-09-21 com 33.531 visualizações, com 3,8 sinais positivos e 71 negativos.
Apoiemo-nos na Sagrada Escritura e olhemos para a primeira traição que Nosso Senhor Jesus Cristo sofreu na sua Paixão que foi a traição de Judas. Ele era apóstolo, então poderíamos dizer, Judas era um bispo. Um bispo que traiu Nosso Senhor Jesus Cristo. Um Bispo que promoveu um erro. Um bispo que semeou a divisão no seio da Santa Igreja. Todos os Evangelhos falam dessa traição, mas escolhi o Evangelho de São João, a traição de Judas que está narrada no capítulo 13. Logo depois do lava-pés, São João narrará a traição de Judas da seguinte forma.
“Dito isso, Jesus ficou perturbado em seu espírito e declarou abertamente. Em verdade, em verdade vos digo, um de vós me há de trair. Os discípulos olhavam uns para os outros sem saber de quem falava. Um dos discípulos a quem Jesus amava, estava à mesa reclinado ao seu peito. Simão Pedro acenou para dizer-lhe. Diz-nos de quem é que ele fala. Reclinando-se esse mesmo discípulo sobre o peito de Jesus, interrogou: Senhor, quem é? Jesus respondeu. É aquele a quem eu der o pão embebido. Em seguida molhou o pão e deu a Judas, filho de Simão Iscariotes. Logo que ele o engoliu, Satanás entrou nele. Jesus disse. Então, o que queres fazer, faze-o depressa. Mas ninguém dos que estavam à mesa soube porque motivo ele dissera, pois como Judas tinha a bolsa, pensaram alguns que Jesus lhe falava: compra aquilo de que temos necessidade para a festa, ou dá alguma coisa aos pobres. Tendo Judas recebido o bocado de pão, apressou-se a sair, e era noite.”
Passagem belíssima. Esse “era noite” é muito significativo. Sinal das trevas as quais Judas tinha se entregado. Escolhi essa passagem de São João porque ele fala de forma muito clara que Satanás entrou em Judas. Ficou muito claro que naquele momento Judas servia ao diabo, servia a Satanás. Aqui a Sagrada Escritura nos mostra claramente, que a divisão é promovida por aqueles que defendem o erro. Aqueles que traem Nosso Senhor Jesus Cristo, independentemente de quem sejam. Aqui estamos diante de um apóstolo, um dos 12 que foram chamados. O primeiro que traiu Nosso Senhor. É tão significativo que aqui a gente consegue encontrar semelhanças com a Campanha da Fraternidade que é promovida por bispos, também. E aqui São João afirma noutra passagem, que Nosso Senhor está na casa de Lázaro e Maria irmã de Lázaro, derrama um perfume muito caro sobre Nosso Senhor, e tem aquela frase espetacular do Mestre, repreendendo os discípulos, principalmente Judas: “Pobres sempre, aquele tapa antecipado na Teologia da Libertação, pobres, sempre os tereis convosco, mas a mim nem sempre os tereis.”
Vejam que maravilha, e São João dirá naquela passagem que Judas era ladrão, e é o que vemos na Campanha da Fraternidade. Por um lado, como falamos aqui, erro doutrinal por outro roubo ou apropriação indébita de doações que são mal utilizadas, que são destinadas para fins anticatólicos. Isso é roubo! Falo aqui de forma meio imprópria, pois o roubo envolve violência ou grave ameaça, mas é roubo no sentido mais popular, é se apropriar do dízimo dos fiéis para destinações ilícitas. Vejam que Judas é um modelo de alguma forma, para estes bispos que querem destruir a Santa Igreja com erros doutrinais, traição a Nosso Senhor Jesus Cristo. E também roubo, má utilização dos recursos.
Coloquei aqui, traição de Judas, a divisão é causada pelo erro, pela traição contra Nosso Senhor Jesus Cristo. Judas trai Nosso Senhor e nega a sua vocação de apóstolo (“bispo”).
Não importa se o erro é promovido por um bispo, o erro tem que ser combatido, exposto e combatido. Veremos logo mais como esse combate deve ser feito de forma pública, mas não importa se é um bispo, não importa se é uma autoridade até superior. Não importa! O erro deve ser combatido. E se aquele que promove o erro fica obstinado na promoção do erro, se revela um inimigo da fé. Não somente o erro deve ser combatido, mas aquele que o promove também. Também deve ser combatido. E também deve ser destruído assim como o erro. Deve sair da Santa Igreja. Ou se converte ou sai da Igreja, não tem uma terceira opção. Isso deve estar muito claro para nós.
Eu coloquei aqui uma passagem para mostrar para todos nós quem é Judas, ou quem era Judas. É o momento da eleição dos 12 pelo Evangelho de São Lucas. Faço questão de colocar aqui para que vejam as palavras fortes que São Lucas coloca na eleição dos 12, inclusive Judas.
São Lucas, capítulo 6, versículos 12 a 16.
“Naqueles dias, Jesus retirou-se a uma montanha para rezar e passou aí toda a noite orando a Deus. Ao amanhecer, chamou os seus discípulos e escolheu 12 dentre eles, que chamou de apóstolos. São Marcos dirá, e escolheu os que ele, Jesus, quis. Simão a quem deu o nome de Pedro, André seu irmão, Tiago, João, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago filho de Alfeu, Simão chamado zelador, Judas irmão de Tiago e Judas Iscariotes, aquele que foi o traidor”.
Todos os evangelistas colocam esta observação: aquele que foi o traidor. Então vejam, um bispo que levou a primeira crise que assolou a Santa Igreja, gravíssima, foi promovida por um bispo. E agora percebemos que não foi somente ele que traiu Nosso Senhor Jesus Cristo. A traição de Judas é mais grave, é a primeira. Mas veremos que Pedro traiu Nosso Senhor Jesus Cristo. Nós veremos que todos os apóstolos em alguma medida, em algum momento, traíram Nosso Senhor.
Esta reflexão sobre a traição de Judas, sobre o erro que ele cometeu ao entregar Jesus aos seus algozes, pode ser comparado àquele erro cometido por Pedro, antes deste erro de Judas, quando Jesus falou que iria para Jerusalém e seria morto, pois esta era a vontade do Pai, e Pedro tentou dissuadi-lo dessa intenção. O Cristo foi muito severo na sua admoestação naquela ocasião, chegando a dizer “Afasta-te de mim, Satanás!”. Entendendo o comportamento de Jesus ao repreender com tanta dureza a Pedro, ao seu primeiro apóstolo escolhido por Ele mesmo, entendendo a vontade do Pai e não o desejo dos homens, posso ter outra compreensão sobre Judas. Ao falar que um dos presentes à Santa Ceia iria traí-lo, e que falou reservadamente a João que seria aquele a quem desse o pão embebido, e em seguida deu a Judas, e disse para ele fazer o precisava ser feito, era porque Judas estava cumprindo o roteiro que o Pai havia determinado para o Cristo.
Cristo estava usando a linguagem dos homens ao dizer que Judas iria traí-lo, pois sabia que Judas iria fazer a vontade do Pai, ao entrega-lo aos algozes para a morte por crucificação, como estava previsto pelos diversos profetas.
Imagino que o Cristo tenha assumido nessa ocasião a linguagem dos homens para deixar o registro de seu ato final bem próximo das profecias. Certamente seria mais difícil ensinar para todos os discípulos ali presentes que Judas iria cumprir a vontade do Pai nesse ato de trazer a polícia do templo para o leva-lo ao suplício. Talvez, até o próprio Judas se negasse a seguir em frente, de fazer o que pretendia, com outros propósitos. Talvez com o propósito de despertar em Jesus a força que ele possuía, para assumir frente ao conflito que iria ser instalado, a condição de rei dos judeus. Desbancaria os sacerdotes, o rei Herodes e o governador romano e conduziria o povo judeu em brados de revolta, sob a força das armas e dos milagres, para o Reino de Deus. Ficando calado quanto esse propósito equivocado de Judas, Jesus deixou que o projeto de Deus fosse desenvolvido com essa ajuda equivocada. Depois o Mestre iria onde Judas estivesse para o resgatar.
Por isso devemos ficar confiantes com as atuais barbaridades e iniquidades que acontecem em nosso meio. Está escrito que o anticristo irá reinar com a eclipse da Santa Igreja Católica, mas que depois voltará a reinar para conduzir a humanidade em direção ao Seu Reino. Portanto, fiquemos tranquilos, pois os traidores do Cristo de hoje podem estar cumprindo o mesmo papel de Judas no passado, mas tudo de acordo com a vontade do Pai.
Lembro daquela lição: o mal é necessário, mas ai de quem o traga.