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14/10/2021 00h33
CIRCULO DO MAL DE HITLER (91) – DECRETO NERO

            Interessante procurar saber como o mal pode se desenvolver e ameaçar todos os países do mundo. O que se passou na Alemanha Nazista sob o comando de Hitler e seus asseclas, abordado pela Netflix em uma série sob o título “Hitler’s circle of evil” serve como um bom campo para nossas reflexões.



XCI



19 DE MARÇO DE 1945



            Ao saber da notícia, da perda da Alta Silésia e a sua capacidade de produzir armamentos, o frágil ego de Hitler se desintegra e ele desconta sua raiva no povo que declarou amar. Ele emite o chamado Decreto Nero, destruição total, não deveria sobrar nada para quando os Aliados chegassem. É igual a uma criança no fim de um dia na praia, destruindo seu castelo de areia para outros não brincarem. É a ordem mais infantil, maligna e moralmente falida que poderia ser dada por um homem contra seu povo.



            Speer recebe o Decreto Nero do Führer. Hitler declara que o povo alemão falhou na guerra e não merece a infraestrutura para sobreviver. Speer achou que era exagerado.



            É uma grande ironia a ordem de destruição do território de Hitler ter sido dada a Albert Speer. Esses dois homens se consideravam arquitetos, construtores, e Hitler agora dizia: “Quero tudo destruído, toda fábrica, toda locomotiva, toda ponte, toda estrada, toda ferrovia. Quero tudo destruído.”



            Essa noção suicida estilo Valhala de terminar em fogo não era aceitável para Speer. Ele não quer que o povo alemão acabe de forma suicida. Ele não quer fome em massa. Ele não quer o povo alemão morrendo aos milhares.



            Speer é chamado ao bunker para ouvir as ordens do Führer. Ele não consegue acreditar que seu amigo e mentor Adolf Hitler faria tal desumanidade contra o seu próprio povo.



            Albert Speer está cada vez mais decepcionado com seu amigo Hitler. Ele tinha dito: “Se Hitler já teve um amigo, fui eu.” Para Speer, tem a ver não só com patriotismo, mas ele também sente que é traição pessoal.



            Ao ir embora, Speer contempla seu próprio destino e um mundo sem Hitler. Depois ele alegaria que foi quando ele considerou um plano para tornar isso realidade.



            Quando Speer foi interrogado pelos Aliados após o fim da guerra, ele contou um plano para um suposto assassinato.



            Albert Speer tentou mesmo matar seu querido Hitler? Como muita gente, deve ter pensado: “Esse homem está louco, seria melhor se eu o matasse.” É completamente possível. Speer havia projetado o bunker, então o conhecia bem. Ele sabia que uma bomba de gás colocada em uma das ventilações mataria todo mundo dentro. Havia um duto de ventilação que deixava o ar entrar no prédio e ele pensou que a coisa mais fácil seria pegar um gás venenoso, tipo gás mostarda, que é um agente muito tóxico e mortal logo após ingeri-lo, e colocar na ventilação do bunker. O problema estaria resolvido.



            Mas de acordo com Speer, ele descobriu que as ventilações haviam sido removidas. Hitler mandou levantar as ventilações, caso os russos usassem gás para ataca-lo, porque o gás é mais pesado que o ar, ele cairia para ao nível do chão, então não passaria pelas ventilações.



            O suposto plano de Speer foi frustrado. Não há dúvida de que ele pensou nisso e deve ter falado com sua equipe. Mas é mais provável que ele usou essa história para convencer os Aliados de que não era um nazista tão malvado como os outros.



            Observamos duas condutas diferentes de aliados dentro de uma estrutura do mal. Hitler, o mentor e cooptador de mentes menos diligentes, ao se defrontar com a derrota de seus propósitos deseja acabar com tudo, até mesmo com as pessoas que ele dizia defender e usou da violência para que seu partido conseguisse ser majoritário dentro dos princípios da democracia. O outro, Speer, o arquiteto cooptado, não tinha dentro de si a mesma essência do mal de Hitler e seus asseclas. Mesmo dentro da estrutura burocrática de operação do mal, ele não recebia tais ordens maléficas sem gerar culpa na consciência.



            Isso é o que me deixa confuso quando vejo a maldade que se produziu no Brasil, o extremo da corrupção, com tanta gente boa dentro do esquema e que não percebiam o grau de malignidade no qual estavam envolvidos, e se percebiam, não gerava culpa em suas consciências por algum motivo, considerando que são pessoas boas e honestas, caso contrário fazem parte da mesma gangue.


Publicado por Sióstio de Lapa
em 14/10/2021 às 00h33