Interessante procurar saber como o mal pode se desenvolver e ameaçar todos os países do mundo. O que se passou na Alemanha Nazista sob o comando de Hitler e seus asseclas, abordado pela Netflix em uma série sob o título “Hitler’s circle of evil” serve como um bom campo para nossas reflexões.

XCVIII

            Pouco após a meia-noite de 29 de abril, acontece um dos casamentos mais deprimentes, surreais e bizarros da história, entre Hitler e sua amante de longa data, Eva Braun. Eles se casaram em uma sala de reunião no bunker. Ele pediu a Eva para partir. Ela se recusou, então ele se casou com ela, o que foi uma reviravolta interessante. Ela disse que não poderia viver sem ele, preferia morrer com ele.

            Ela veste um vestido preto que era uma cor tradicional para vestidos de noiva. Ela escolhe suas joias e arruma o cabelo. Eles arrumam alianças de ouro da prisão da Gestapo em Berlim, que foram tiradas das vítimas judias. Logo depois, eles vão comemorar, mas Hitler logo sai da festa. Eva Braun fica bebendo champanhe com as secretárias.

            Acima do solo e sem saber do drama subterrâneo no bunker, o povo de Berlim convive com os efeitos do regime corrupto. Há sofrimento em larga escala. A maioria está quase morrendo de fome e vivendo em constante perigo. Todos querem desesperadamente a paz. As pessoas destroem qualquer ligação com os nazistas. Fotografias de entes queridos com uniformes militares são rasgadas.

            Berlim está em ruínas. A defesa de Berlim depende agora da Juventude Hitlerista. Meninos de 15 anos tentando defender Berlim quase sem armas, e os russos se aproximam cada vez mais de todos os lados.

            O núcleo dos nazistas que sobraram está no bunker há três meses, e a disciplina está diminuindo. As últimas 24 horas no bunker são uma visão do inferno. Pessoas sentadas, bêbadas, meio bêbadas, planejando como vão se matar ou como vão escapar. É um buraco na terra, e eles estão vivendo vidas sombrias e irreais. A imagem que não consigo esquecer tem a ver com barulho e o cheiro do bunker. A ventilação funcionava a diesel, um sistema barulhento, e diz-se que lá tinha cheiro de urina, fedor corporal... e repolho.

            Os oficiais da SS que sobraram vivem bêbados, e junto com as mulheres do bunker, estão determinados a aproveitar suas últimas horas. O bunker está se tornando uma fossa sórdida, fedorenta, cheia de fumaça e álcool. Sem dúvida, a vida no bunker era muito claustrofóbica. Era uma área pequena, as pessoas ficavam aglomeradas... todas sabendo que seu destino estava por um fio.

            Os soviéticos estão a um quilômetro de distância. Para aqueles no bunker, o tempo está acabando. É o fim do Reich.

            Notícias de Milão chegam ao bunker. O colega fascista e antigo aliado de Hitler, Benito Mussolini, foi capturado pela Resistência Italiana. Hitler fica horrorizado ao saber do destino de Mussolini, que, além de ter sido executado, foi pendurado com sua companheira em uma praça de Milão. É uma humilhação que Hitler não quer passar, ele está determinado a não deixar os russos pegarem seu corpo.

            Hitler gostaria que seu ato final fosse liderando as tropas em batalha, uma morte nobre, mas, na verdade, é um fim miserável.

            Final da degeneração do circulo do mal. Resumido aos mais fanáticos e subservientes, que vivem num verdadeiro inferno, fedorento e cheio de libertinagem com álcool e sexo. É neste ambiente que Hitler resolve casar com sua amante, desfazendo mais uma mentira que guardava do povo alemão. Afinal, por que se mostrar solteiro para influenciar positivamente a nação, se essa não existe mais?